Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/08/2002 - 19h09

Teleférico quebrado deixou pessoas penduradas por até 7 horas

FAUSTO SIQUEIRA
da Folha de S. Paulo, em São Vicente

Vinte e três pessoas ficaram penduradas hoje por até sete horas no teleférico turístico de São Vicente (74 km de SP).

O equipamento começou a operar no início do mês, após três anos de obras e um gasto de R$ 2,5 milhões. Com capacidade para 120 passageiros, ele chega a 180 metros de altura, seguindo do morro do Voturuá à praia do Itararé, passando sobre a avenida da orla.

A pane aconteceu às 9h45, e a operação de resgate dos bombeiros acabou às 16h30. Nesse período, os passageiros _inclusive idosos e crianças_ ficaram sob sol forte (a Baixada Santista teve 30 graus ontem), sem água nem comida. Mas não houve feridos.

O engenheiro Ronaldo Paiva e Silva, responsável pela obra e sócio-proprietário da empresa Itararé, que explora o empreendimento, disse que a pane decorreu do rompimento do eixo motriz _peça que garante o movimento do teleférico e que, segundo ele, "é quase impossível" de se quebrar.

Ele afirmou que a empresa vai apurar a "real razão" pela qual o eixo se partiu, mas disse suspeitar de que "a execução da peça é que não foi feita de maneira correta".

O secretário municipal de Projetos Especiais de São Vicente, Márcio Papa, afirmou, após o acidente, que o teleférico ficará interditado até a empresa apresentar um laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que ateste as condições de segurança.

Ele classificou o episódio como "uma fatalidade". Na ocasião do ato de lançamento do teleférico, no último dia 27, os proprietários da empresa destacaram a segurança como o principal diferencial do equipamento. No ano passado, pelo menos 13 pessoas ficaram feridas em quedas de teleféricos em Salvador e no Rio.

O tenente Fábio Betini, dos bombeiros, disse que a demora do trabalho de resgate _com 18 homens_ foi decorrência do estado emocional de alguns passageiros e da necessidade de planejar a operação de modo a garantir segurança máxima. "Foi uma ocorrência inédita", afirmou.

Os primeiros a serem socorridos foram os passageiros que estavam mais perto do embarque e do desembarque. Depois, com uma escada Magirus, os bombeiros retiraram os que estavam nas proximidades da avenida da orla.

A etapa mais difícil foi a de resgatar os que estavam no trecho intermediário, entre a vegetação da encosta do morro do Voturuá. Nesses casos, os bombeiros usaram técnicas de rapel para chegar às cadeiras, amarrar os passageiros e fazê-los descer até uma trilha, de onde saíram a pé.

"Foi terrível, um desespero geral. Fiquei cantando músicas da escola para distrair meu filho e ligando do celular para minha mãe e para minha avó, para que elas rezassem. Meu medo era que escurecesse", disse a psicóloga Maria Lúcia Viguetti, que estava acompanhada do filho Pietro, 9.

"É muito difícil ficar seis horas sentado lá em cima. Foi uma experiência para nunca mais repetir. Ainda bem que não trouxe minha família", afirmou o passageiro Osmar Alves da Cruz.

Veja também:
  • Cerca de 20 pessoas ficam presas em teleférico em São Vicente (SP)
  • Bombeiros trabalham no resgate de pessoas presas em teleférico
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade