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14/09/2002
-
23h17
da Folha Online
Nos meios acadêmicos, a desativação do Carandiru está sendo comemorada, mas com restrições. Para o sociólogo Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, a medida é positiva, mas não encerra os problemas.
"Sobre a desativação, sou inteiramente a favor. É impensável que o Estado consiga manter o controle sobre uma unidade prisional que abriga mais de 7 mil presos. O modelo do Carandiru é falido", diz Adorno.
Segundo ele, as recomendações atuais da ONU (Organização das Nações unidas), indicam que a capacidade máxima de uma penitenciária deve variar entre 500 e 600 vagas, para possibilitar a vigilância e a recuperação.
"Quanto maior é a população carcerária concentrada, maior será o acumulo de problemas, de tráfico de armas e drogas, de aumento da corrupção e da contaminação criminosa", diz ele.
O sociólogo afirma que o Carandiru, pelo seu porte, se tornou como uma espécie de referência para o desenvolvimento de facções criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Com unidades menores e mais espalhadas, Adorno acredita que a centralização do poder nessas facções ficará comprometido. "O fim da Detenção vai dificultar a organização do PCC, mas seria ingenuidade supor que isso irá acabar com o problema".
Segundo o pesquisador, a medida do governo estadual provocará uma rearticulação na estrutura das organizações criminosas que atuam dentro dos presídios. "Vai haver situações de conflitos, de rearranjos internos."
A expectativa de Adorno é que membros do PCC lutem entre si por poder. "Isso pode provocar situações extremas, e eu espero que o governo estadual esteja se preparando para administrar eventuais crises".
Para ele, o fim dos problemas no sistema carcerário só será alcançado com mudanças na legislação penal. "Temos que investir nas penas alternativas e no regime semi-aberto. Só devem ficar confinados os presos de alta periculosidade.
A medida proposta pelo pesquisador terá, segundo ele, duas vantagens: reduzir o custo do Estado para manter os presídios e ajudará na ressocialização dos acusados de crimes leves, que não perderiam o vínculo com a família e com a sociedade.
Leia mais notícias sobre o Carandiru
"Fim do Carandiru não encerra problemas", diz sociólogo da USP
FÁBIO PORTELAda Folha Online
Nos meios acadêmicos, a desativação do Carandiru está sendo comemorada, mas com restrições. Para o sociólogo Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, a medida é positiva, mas não encerra os problemas.
"Sobre a desativação, sou inteiramente a favor. É impensável que o Estado consiga manter o controle sobre uma unidade prisional que abriga mais de 7 mil presos. O modelo do Carandiru é falido", diz Adorno.
Segundo ele, as recomendações atuais da ONU (Organização das Nações unidas), indicam que a capacidade máxima de uma penitenciária deve variar entre 500 e 600 vagas, para possibilitar a vigilância e a recuperação.
"Quanto maior é a população carcerária concentrada, maior será o acumulo de problemas, de tráfico de armas e drogas, de aumento da corrupção e da contaminação criminosa", diz ele.
O sociólogo afirma que o Carandiru, pelo seu porte, se tornou como uma espécie de referência para o desenvolvimento de facções criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Com unidades menores e mais espalhadas, Adorno acredita que a centralização do poder nessas facções ficará comprometido. "O fim da Detenção vai dificultar a organização do PCC, mas seria ingenuidade supor que isso irá acabar com o problema".
Segundo o pesquisador, a medida do governo estadual provocará uma rearticulação na estrutura das organizações criminosas que atuam dentro dos presídios. "Vai haver situações de conflitos, de rearranjos internos."
A expectativa de Adorno é que membros do PCC lutem entre si por poder. "Isso pode provocar situações extremas, e eu espero que o governo estadual esteja se preparando para administrar eventuais crises".
Para ele, o fim dos problemas no sistema carcerário só será alcançado com mudanças na legislação penal. "Temos que investir nas penas alternativas e no regime semi-aberto. Só devem ficar confinados os presos de alta periculosidade.
A medida proposta pelo pesquisador terá, segundo ele, duas vantagens: reduzir o custo do Estado para manter os presídios e ajudará na ressocialização dos acusados de crimes leves, que não perderiam o vínculo com a família e com a sociedade.
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