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29/09/2002 - 13h23

Reabertura da catedral da Sé reúne 10 mil, estima Arquidiocese

LÍVIA MARRA
da Folha Online

A catedral da Sé, no centro de São Paulo, reabriu as portas neste domingo após três anos em obras que consumiram R$ 19,5 milhões. A missa que marcou a "reinauguração" foi celebrada pelo cardeal-arcebispo dom Cláudio Hummes. Um concerto de sinos, sob comando do carrilhador holandês Gerard Waarad, foi a atração especial. Cerca de 10 mil pessoas estiveram no local, conforme estimativas da Arquidiocese e da Polícia Militar.

A celebração contou também com as presenças dos cardeais dom Paulo Evaristo Arns e dom Geraldo Majella (de Salvador), além de dom Alfio Rapisarda, que é núncio apostólico no Brasil (representante do papa João Paulo 2º).

O padre Eduardo Coelho, coordenador do Vicariato da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, estima que 10 mil pessoas estiveram no local, 5.000 somente no interior da catedral. A estimativa é a mesma feita por policiais militares.

"A capacidade [de pessoas sentadas] é para mil pessoas, mas todos os espaços estavam tomados", disse o padre.

Do lado externo, dois telões foram instalados para que a população pudesse acompanhar a celebração. Conforme o padre, outras 5.000 pessoas se concentraram na praça.

O governador do Estado, Geraldo Alckmin, e a prefeita Marta Suplicy estiveram na reabertura da igreja.

Reforma
O prédio passou por completa restauração: do piso às torres, passando pelas portas, pelo mobiliário e pelos 61 sinos. O prédio havia sido interditado em julho de 1999, quando um tijolo caiu do teto próximo ao altar. Passou por obras emergenciais, foi parcialmente reaberta em outubro de 1999 e novamente fechada em maio de 2000, com a aprovação do projeto de recuperação.

Restaurada, a catedral ganhou 14 torreões, previstos no projeto original, elaborado em 1912 pelo arquiteto Maximiliano Hehl. Apesar das torres existentes, os torreões não haviam sido concluídos, apesar da inauguração da catedral, em 1954.

As obras de recuperação proporcionaram resultados "surpreendentes", na opinião do cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes.

A catedral ficou mais clara, mais iluminada, ganhou novo sistema de som e está mais segura para os frequentadores.

Durante os trabalhos, "descobertas" foram feitas dentro da catedral, surpreendendo engenheiros, arquitetos e operários. Um dos "achados" são as pranchas originais do projeto foram encontradas sob a arquibancada do coro, proporcionando subsídios para que a restauração fosse "a mais fiel possível", na avaliação do engenheiro Ronaldo Ritti, diretor da Divisão de Restauro de Patrimônio Histórico da Concrejato -empresa responsável pelas obras.

A reabertura, além de devolver o templo aos católicos, é o primeiro passo para a concretização de um projeto museológico. A meta é conjugar a catedral a um museu, como já existe em templos religiosos ao redor do mundo. A idéia é possibilitar ao visitante acesso a um acervo histórico, arquitetônico e cultural da catedral, além de uma visão da cidade, com roteiros internos e externos, pelas torres.

Recuperação
Localizada no "Marco Zero" da cidade, a catedral da Sé virou ponto de concentração para manifestações púbicas -como as Diretas Já, na década de 80- e enfrentou a degradação do tempo e da região.

Segundo o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, as obras são resultado "de anos e anos de acomodação dentro de uma cidade que foi crescendo e se desenvolvendo".

Além da poluição e do tráfego pesado, moradores de rua usavam as laterais da catedral como dormitório, cozinha e até banheiro. Portas de jacarandá foram danificadas e vitrais, quebrados.

"Esta entrada era dormitório de mendigo. Também tinha fogão e as pessoas faziam suas necessidades nas portas. Não se enxergava nada de madeira. Era só sujeira", disse o engenheiro Ronaldo Ritti, apontando para uma porta lateral.

O interior da catedral também sofreu a ação do tempo. Infiltrações deixaram as paredes escuras, úmidas. Água corria pelos pilares e provocava alagamentos. Eram 4.000 metros de rachaduras.

Os serviços emergenciais começaram a ser feitas ainda em 1999. As obras de restauração tiveram início a partir de maio de 2000, quando foi aprovado o projeto.

A restauração contou com reparos nos vitrais, revitalização dos sinos, manutenção das redes hidráulica e elétrica, resolução de problemas que ameaçavam a estrutura -como rachaduras e infiltrações-, e lavagem e pintura do prédio.

Parte do dinheiro para a restauração veio de leis de incentivo à cultura. O restante -cerca de R$ 3,5 milhões- ainda está sendo arrecadado em doações, principalmente de empresários.

"Não esperava que [a catedral] ficasse tão bonita. E fosse tão bonita. Parece uma catedral nova", afirmou dom Cláudio Hummes.

Patrimônio
A catedral da Sé está em processo de tombamento pelo Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo.

"A catedral está em meio a uma lista de imóveis antigos do centro que está em processo de tombamento", afirmou Fernando José Martinelli, chefe da Divisão Técnica de Crítica e Tombamento.

Segundo ele, o processo é recente, "entre dois e três meses", e ainda não tem data para ser concluído.


Leia mais:

  • Especial Catedral da Sé - Folha Online

    E veja também:

  • Site de Religiões da Folha Online

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