Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/10/2002 - 19h01

Delegado-geral e secretário da Segurança são investigados no PR

da Agência Folha

O corregedor da Polícia Civil do Paraná, Adauto de Oliveira, disse hoje que o delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, será alvo de um inquérito disciplinar. Ribeiro e o secretário da Segurança Pública, José Tavares, são apontados de prática de tráfico de influência em favor de um suposto chefe de quadrilha de roubo de cargas.

A investigação vem sendo conduzida pelo Ministério Público do Paraná. Os nomes de Tavares e Ribeiro aparecem em conversas telefônicas _grampeadas por ordem judicial_, trocadas pelos acusados de integrar a quadrilha.

A investigação corre na Comarca de Rio Negro _a 106 km de Curitiba_ e já resultou na prisão preventiva de 12 de 21 pessoas denunciadas à Justiça. Entre os presos está o delegado-chefe da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, Armando Marques Garcia.

Ele e dois integrantes da equipe são suspeitos de extorquir dinheiro da quadrilha para liberar cargas interceptadas.

Segundo Oliveira, o secretário Tavares não será alcançado pela investigação. "Ele está acima, hierarquicamente, do corregedor", afirmou.
Por intermédio de sua assessoria, o governador Jaime Lerner (PFL) disse ontem que a confiança no seu secretário está mantida. "As informações que Tavares deu à imprensa são as mesmas que passou ao governador, e Lerner ficou satisfeito com elas", disse o secretário da Comunicação Social, Deonilson Roldo.

O secretário Tavares se disse "tomado de surpresa e indignação" com o envolvimento do seu nome na investigação do Ministério Público.
Numa das conversas interceptadas, o suposto chefe da quadrilha, Mário do Amaral Fogassa _que está foragido_ , diz a um comparsa, segundo a denúncia da promotora Marla Banchet, que Tavares o recebeu em seu apartamento para tratar do caso.

"Minha casa é um sacrossanto lar, eu não transijo com a família", disse Tavares. O secretário admitiu, no entanto, que falou sobre o caso por três vezes com com o deputado estadual Carlos Simões (PTB). O deputado, que é candidato à reeleição, também teria intermediado em favor da quadrilha, segundo o Ministério Público.

"Simões me ligou para perguntar que investigação havia sobre esse Fogassa. Liguei para o Leonyl (Ribeiro, o delegado-geral da Polícia Civil) e depois retornei ao deputado, informando que era acusado de roubo de carga e sugeri que se afastasse do cidadão", disse Tavares.
Segundo o secretário, o deputado voltou a tocar no assunto num encontro pessoal, no gabinete.

O advogado de Simões, Elias Mattar Assad, divulgou nota em que diz que as ilações sobre seu cliente "não têm fundamento". Afirma ainda ver "cunho político" na ação, e que o juiz de Rio Negro e a promotoria da comarca "não têm competência legal para investigar deputados".

A defesa do delegado Garcia entrou ontem com habeas corpus no Tribunal de Justiça. Segundo o advogado Antonio Figueiredo Basto, a prisão do delegado "é a maior violência" que ele já teve oportunidade de ver.
Basto disse ter tido acesso às degravações de fitas dos grampos telefônicos _resguardadas por segredo de Justiça_ e que não há nada nelas contra seu cliente.

Segundo o advogado, há transcrições de conversas entre o delegado-geral e Fogassa, e entre Fogassa e Simões.

As degravações teriam reunido quatro volumes. Parte foi anexada por Basto ao habeas corpus que impetrou no TJ.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página