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21/10/2002
-
17h32
da Folha Online
A Polícia Civil de São Paulo negou nesta segunda-feira que a série de ações planejadas pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tenha relação com os atentados ocorridos na semana passada no Rio.
Na ocasião, após uma tentativa de resgate e rebelião em Bangu 3, criminosos atiraram contra o Palácio Guanabara -sede do governo-, uma delegacia, promoveram um tiroteio no túnel Santa Bárbara e atiraram uma granada na porta de um shopping. A onda de ataques ocorreu durante a madrugada.
"O que aconteceu no Rio de Janeiro é no Rio de Janeiro", disse o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Ele afirma que a situação no Rio é "pior" porque em São Paulo não há criminoso "famoso" solto.
Investigações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio indicam que o PCC atua em conjunto com o CV (Comando Vermelho) em, pelo menos, sete favelas do Estado, como o complexo do Alemão, suposta base da parceria.
Para a polícia, as facções fazem intercâmbio de armas e drogas e planejam ações em presídios.
Conforme as investigações, o PCC é autorizado pelo CV para praticar crimes como assaltos e sequestros. Em troca, facilita a chegada de drogas para o CV, já que as principais rotas do tráfico passam por São Paulo.
Há um mês, a polícia apreendeu no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste) um estatuto do CV que cita a aliança com a facção paulista. A parceria surgiu quando um dos líderes do PCC, José Márcio Felício, o Geleião, para o presídio de Bangu 1. Atualmente, Felício está preso no CDP de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), que conta com bloqueador de celular.
Atentados
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça revelam que Geleião planejava atentados em São Paulo. Seria uma uma demonstração de força e uma represália contra o regime disciplinar do presídio.
A Bolsa de Valores de São Paulo seria um dos alvos. O ataque poderia ocorrer até sexta-feira, conforme o Deic.
A mulher de Geleião, Petronilha Maria de Carvalho Felício, foi presa ontem, depois de visitar o marido. Na manhã desta segunda-feira, um carro roubado foi abandonado na via Anhanguera, região de Campinas (95 km a noroeste de São Paulo). Ele transportava detonadores e 12 bisnagas com emulsão explosiva, pesando cerca de 30 quilos. Os explosivos estavam em uma mala.
Conforme Bittencourt, a mulher de Geleião era a responsável por transmitir "recados" do marido para o Nilson Paula Alcântara dos Reis, conhecido como Faísca, preso em Iaras (282 km a noroeste de São Paulo), que "contratava" criminosos fora da cadeia para as ações.
Ainda segundo ele, a polícia tinha informações de que o PCC voltaria a agir. Ao menos três ações atribuídas à facção foram registradas este mês no Estado. Uma delas, ocorrida em Campinas, resultou na morte de um policial militar.
A prisão de Petronilha fez com que os criminosos "abandonassem a idéia de explosão", segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, da Delegacia de Roubo a Bancos do Deic.
"Queriam se livrar do explosivo", disse. Para ele, os criminosos preferiram abandonar o material para evitar que a polícia fosse até uma favela da região onde estariam armazenados os explosivos.
Ainda conforme a polícia, o carro que transportava os explosivos era roubado e um sistema de segurança bloqueou o veículo na Anhanguera. Uma ligação anônima informou o Deic sobre a localização do carro. Conforme Fontes, o aviso pode ter sido dado pelos próprios criminosos.
A mulher de Geleião já responde a processo por formação de quadrilha e o mandado de prisão foi emitido na sexta-feira, pela 7ª Vara Criminal, com base nas gravações.
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Deic nega relação de ataques criminosos em São Paulo e no Rio
LÍVIA MARRAda Folha Online
A Polícia Civil de São Paulo negou nesta segunda-feira que a série de ações planejadas pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tenha relação com os atentados ocorridos na semana passada no Rio.
Na ocasião, após uma tentativa de resgate e rebelião em Bangu 3, criminosos atiraram contra o Palácio Guanabara -sede do governo-, uma delegacia, promoveram um tiroteio no túnel Santa Bárbara e atiraram uma granada na porta de um shopping. A onda de ataques ocorreu durante a madrugada.
"O que aconteceu no Rio de Janeiro é no Rio de Janeiro", disse o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Ele afirma que a situação no Rio é "pior" porque em São Paulo não há criminoso "famoso" solto.
Investigações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio indicam que o PCC atua em conjunto com o CV (Comando Vermelho) em, pelo menos, sete favelas do Estado, como o complexo do Alemão, suposta base da parceria.
Para a polícia, as facções fazem intercâmbio de armas e drogas e planejam ações em presídios.
Conforme as investigações, o PCC é autorizado pelo CV para praticar crimes como assaltos e sequestros. Em troca, facilita a chegada de drogas para o CV, já que as principais rotas do tráfico passam por São Paulo.
Há um mês, a polícia apreendeu no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste) um estatuto do CV que cita a aliança com a facção paulista. A parceria surgiu quando um dos líderes do PCC, José Márcio Felício, o Geleião, para o presídio de Bangu 1. Atualmente, Felício está preso no CDP de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), que conta com bloqueador de celular.
Atentados
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça revelam que Geleião planejava atentados em São Paulo. Seria uma uma demonstração de força e uma represália contra o regime disciplinar do presídio.
A Bolsa de Valores de São Paulo seria um dos alvos. O ataque poderia ocorrer até sexta-feira, conforme o Deic.
A mulher de Geleião, Petronilha Maria de Carvalho Felício, foi presa ontem, depois de visitar o marido. Na manhã desta segunda-feira, um carro roubado foi abandonado na via Anhanguera, região de Campinas (95 km a noroeste de São Paulo). Ele transportava detonadores e 12 bisnagas com emulsão explosiva, pesando cerca de 30 quilos. Os explosivos estavam em uma mala.
Conforme Bittencourt, a mulher de Geleião era a responsável por transmitir "recados" do marido para o Nilson Paula Alcântara dos Reis, conhecido como Faísca, preso em Iaras (282 km a noroeste de São Paulo), que "contratava" criminosos fora da cadeia para as ações.
Ainda segundo ele, a polícia tinha informações de que o PCC voltaria a agir. Ao menos três ações atribuídas à facção foram registradas este mês no Estado. Uma delas, ocorrida em Campinas, resultou na morte de um policial militar.
A prisão de Petronilha fez com que os criminosos "abandonassem a idéia de explosão", segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, da Delegacia de Roubo a Bancos do Deic.
"Queriam se livrar do explosivo", disse. Para ele, os criminosos preferiram abandonar o material para evitar que a polícia fosse até uma favela da região onde estariam armazenados os explosivos.
Ainda conforme a polícia, o carro que transportava os explosivos era roubado e um sistema de segurança bloqueou o veículo na Anhanguera. Uma ligação anônima informou o Deic sobre a localização do carro. Conforme Fontes, o aviso pode ter sido dado pelos próprios criminosos.
A mulher de Geleião já responde a processo por formação de quadrilha e o mandado de prisão foi emitido na sexta-feira, pela 7ª Vara Criminal, com base nas gravações.
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