Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/10/2002 - 20h30

Líder do PCC planeja ataques da cadeia; Bovespa seria alvo, diz Deic

LÍVIA MARRA
da Folha Online

Isolado no presídio de Presidente Bernardes (a 589 km a oeste de São Paulo), José Márcio Felício, o Geleião, um dos fundadores do PCC, passou a usar sua mulher para articular ações criminosas e atentados. A afirmação é da Polícia Civil, após grampos telefônicos revelarem que o preso planejava, entre outros, um ataque ao prédio da Bolsa de Valores de São Paulo.

Os ataques seriam uma uma demonstração de força e uma represália contra o rígido regime disciplinar da cadeia. O presídio onde está Geleião é de segurança máxima e conta com bloqueador de celular.

Segundo o promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), integrantes da facção queriam "uma festa por dia". "Festa" era a palavra usada no lugar de atentado.

A mulher de Geleião, Petronilha Maria de Carvalho Felício, 51, foi presa neste domingo, depois de visitar o marido. Na manhã desta segunda-feira, um carro roubado que transportava detonadores e 12 bisnagas com emulsão explosiva, pesando cerca de 30 quilos, foi abandonado na via Anhanguera, região de Campinas (95 km a noroeste de São Paulo). A equipe Antibomba da Polícia Civil foi acionada. Segundo a polícia, os explosivos estavam desarmados.

Conforme o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic (Departamento de Investigação Contra o Crime Organizado), o material tinha potencial para matar em um raio de 20 metros.

Ele disse ainda que a polícia tinha "informações de que o PCC (Primeiro Comando da Capital) começaria voltar a agir". O grampo telefônico foi solicitado.

Os principais líderes do PCC foram transferidos para Presidente Bernardes em maio, depois de uma megaoperação que reuniu Polícia Civil e Ministério Público.

Sem contato com outros líderes ou criminosos, Geleião usava a mulher para transmitir "recados" para Nilson Paula Alcântara dos Reis, conhecido como Faísca, preso em Iaras (282 km a noroeste de São Paulo), que "contratava" pessoas fora da cadeia para as ações.

Ao menos três ações atribuídas à facção foram registradas este mês no Estado. Uma delas, ocorrida em Campinas, resultou na morte de um policial militar.

Além dos atentados, a polícia descobriu que Geleião ameaçava de morte duas mulheres envolvidas com integrantes da facção e dois rivais. Os novos atentados estariam dividindo os líderes do PCC.

Os homens, presos no 43º Distrito Policial (Cidade Ademar) e no presídio de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, foram transferidos por medida de segurança.

Explosivos e Bovespa
O carro que transportava os explosivos foi abandonado às margens da via Anhanguera, altura do km 91. A rodovia foi interditada nos dois sentidos para os trabalhos da polícia.

Conforme o delegado Ruy Ferraz Fontes, da Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, "a Petronilha disse que os explosivos seriam utilizados na Bovespa". A polícia ainda não sabe, no entanto, o que levou os criminosos a escolherem o prédio da Bolsa, localizado no centro de São Paulo.

Ainda segundo o Deic, a prisão de Petronilha fez com que o grupo desistisse da ação e abandonasse o veículo.

"Queriam se livrar do explosivo", disse Fontes.

O Deic afirma também que o carro que transportava os explosivos era roubado e um sistema de segurança bloqueou o veículo na Anhanguera. Uma ligação anônima informou o Deic sobre a localização do carro. Conforme Fontes, o aviso pode ter sido dado pelos próprios criminosos.

Para ele, os criminosos, abandonando o veículo, queriam evitar que a polícia chegasse até uma favela, na região, onde estariam os explosivos.

O atentado contra a Bovespa ocorreria até sexta-feira, conforme o Deic. Na semana passada, responsáveis pela Bolsa foram avisados sobre uma possível ação criminosa.

Fontes acredita que os explosivos tenham sido roubados de alguma pedreira, onde, geralmente, são utilizados.

Atentados em SP e Rio
A Polícia Civil de São Paulo nega que a série de ações planejadas pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tenha relação com os atentados ocorridos na semana passada no Rio.

"O que aconteceu no Rio de Janeiro é no Rio de Janeiro", disse o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic.

Na ocasião, após uma tentativa de resgate e rebelião em Bangu 3, criminosos atiraram contra o Palácio Guanabara -sede do governo-, uma delegacia, promoveram um tiroteio no túnel Santa Bárbara e atiraram uma granada na porta de um shopping. A onda de ataques ocorreu durante a madrugada.

Investigações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio indicam que o PCC atua em conjunto com o CV (Comando Vermelho) em, pelo menos, sete favelas do Estado, como o complexo do Alemão, suposta base da parceria.

Para a polícia, as facções fazem intercâmbio de armas e drogas e planejam ações em presídios.

A mulher de Geleião
Petronilha Maria de Carvalho Felício, mulher de José Márcio Felício, o Geleião, foi presa na tarde deste domingo, após visitar o marido na cadeia.

Ela já responde a processo por formação de quadrilha e o mandado de prisão foi emitido na sexta-feira, pela 7ª Vara Criminal, com base nas gravações.

Conforme a polícia, ela deverá responder também co-autoria em homicídios e tentativa de homicídios que foram planejados por Geleião.

Leia mais:

  • Deic nega relação de ataques criminosos em São Paulo e no Rio

  • Promotor diz que PCC planejava um ataque por dia em SP

  • Líder do PCC planejou atentado à Bolsa de SP, diz Deic

  • Explosivo tinha potencial para matar em raio de 20 metros

  • Alckmin não comenta episódio de suposto carro-bomba em SP

  • Bovespa diz que polícia avisou sobre atentado na semana passada

  • Via Anhanguera é interditada por causa de carro com explosivos

  • Autor de suposto atentado só quis aparecer, diz ex-presidente da Bovespa
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página