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07/11/2002 - 23h04

Moto comprada com dólar levou polícia a suspeitos de matar casal

LÍVIA MARRA
da Folha Online

A compra de uma moto Suzuki 1.100 cilindradas no mesmo dia da morte do casal Richthofen, ocorrida em 31 de outubro no Brooklin, zona sul de São Paulo, levantou suspeitas da polícia em relação ao namorado da filha do casal, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, de seu irmão Cristian, 26, e de um amigo dos dois.

Manfred Albert Von Richthofen, 49, diretor de engenharia da Dersa, e sua mulher, a psiquiatra Marisia Von Richthofen, 50, foram assassinados com pancadas na região da cabeça. Após o crime, Suzane, 19, filha do casal, informou aos policiais do 27º Distrito Policial (Campo Belo) o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.

Policiais do 27º DP teriam visto a moto na casa dos irmãos, também no Brooklin, e resolvido fazer um levantamento pela placa. Chegaram até uma loja e descobriram que ela havia sido comprada por um rapaz na manhão do dia 31.

O comprador ofereceu US$ 3.600 _em notas de 100 dólares_ e uma moto usada _no valor total aproximado de R$ 12.400_ em troca da Suzuki. Pela descrição, policiais acharam que o comprador poderia ser Daniel. No entanto, teriam levado fotos dos irmãos e descoberto que Cristian negociou a compra, acompanhado de outro rapaz, que adquiriu a moto para ele, uma espécie de "laranja".

A polícia suspeita que o dinheiro usado faz parte do que foi roubado na casa do casal, no dia do assassinato.

Nesta quinta-feira, os dois irmãos, o pai deles, Astrogildo, Suzane e o irmão, Andreas, 15, e um delegado do 27º DP, foram levados para depoimento no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), que investiga o crime.

Aproximadamente 25 pessoas já foram ouvidas, mas a polícia não divulga o teor dos depoimentos. As informações são divulgadas com cautela pela polícia "para não atrapalhar as investigações".

A Folha Online apurou que, apesar de serem tratados como suspeitos, a polícia deverá pedir a prisão temporária de Daniel e Cristian.

O crime
Os corpos do casal Richthofen foram encontrados na madrugada de 31 de outubro. Eles foram mortos na mansão onde viviam, na rua Zacarias de Góes, Brooklin.

O casal foi assassinado com pancadas na região da cabeça. Manfred e Marisia teriam sido atingidos quando estavam de joelhos, próximos a uma parede. No entanto, os corpos estavam cama. Richthofen tinha uma toalha branca no rosto. Marísia estava com um saco plástico na cabeça.

Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.

Comportamento agressivo
A Folha Online apurou que, pela forma agressiva como o casal foi assassinado, a polícia investiga a hipótese de reação do criminoso à descoberta de um furto. A morte a pancadas e os rostos das vítimas cobertos são indicativos do comportamento do criminoso.

Para o médico Antonio de Pádua Serafim, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica da USP, as pancadas podem ter servido para que o assassino evitasse o esparrame de sangue. A toalha sobre o rosto de Richthofen abafaria o som das pancadas e dos gritos.

"Dá sinais de crime premeditado", disse o especialista.

O tipo de comportamento dos criminosos aponta que os agressores não tiveram dificuldades para entrar na casa.

"Ou a pessoa conhecia bem a casa ou alguém passou todas as informações, como a forma mais fácil de entrar", disse Serafim.

Criminosos "organizados" podem se preocupar em mudar a cena do crime. Conforme o médico, é comum, em casos de latrocínio [roubo seguido de morte], que o criminoso mude a posição dos corpos e expresse muita agressividade. "A cena do crime gera muitas hipóteses", disse.


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