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08/11/2002 - 14h31

Acusada de planejar assassinato dos pais estudava direito

LÍVIA MARRA
da Folha Online

Suzane von Richthofen, 19, acusada de planejar o assassinato dos pais estudava direito na PUC de São Paulo. Ela estava no primeiro ano do curso matutino.

Suzane, o namorado, Daniel Cravilhos de Paula e Silva, 21, e o irmão dele, Cristian, 26, foram presos sobre acusação de planejar e executar o assassinato de Manfred von Richthofen, 49, diretor de engenharia da Dersa, e sua mulher, a psiquiatra Marísia, 50. Os corpos foram encontrados na madrugada de 31 de outubro.

A motivação teria sido a proibição do namoro de Suzane e Daniel e a consequente herança deixada pelo casal, conforme a polícia e com base nos depoimentos dos acusados.

Hoje os alunos do curso não assistiram as aulas. Eles se reuniram no centro acadêmico para acompanhar pela televisão uma coletiva de imprensa sobre o esclarecimento do crime. Muitos expressavam surpresa.

A assessoria de imprensa da PUC (Pontifícia Universidade Católica), informou que a reitoria da faculdade não vai comentar as acusações ou a prisão da garota. O centro acadêmico também não quis comentar o caso.

Por não ter curso superior completo, Suzane não terá direito a cela especial. Ela ficará detida em uma delegacia da zona oeste, onde há carceragem feminina. Os irmãos Daniel e Cristian ficarão detidos em uma delegacia na região central da cidade.

Manfred e Marísia foram assassinados com pancadas na região de cabeça. O material usado, conforme a polícia, foram bastões de ferro revestidos de madeira. Após o crime, os bastões foram abandonados na região do Ibirapuera, zona sul de São Paulo, conforme depoimentos dos acusados.

Suzane, Daniel e Cristian foram ouvidos entre ontem e a madrugada desta sexta-feira. O irmão de Suzane, Andreas, 15, também prestou depoimento, mas foi liberado. Conforme a polícia, ele não teve envolvimento no crime.

Segundo o diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), os três confessaram envolvimento no crime e descreveram o assassinato com certa "frieza".

A polícia afirma que Daniel e Cristian assassinaram o casal. Suzane também estava na casa no momento do crime e teria demonstrado arrependimento enquanto os irmãos matavam seus pais.

Investigação
Para desvendar o crime, a polícia investigou as pessoas próximas ao casal Von Richthofen e utilizou grampos telefônicos.

Uma das suspeitas que levou à prisão dos acusados foi levantada por policiais do 27º Distrito Policial (Campo Belo). Eles avistaram uma moto Suzuki na casa de Astrogildo Cravilhos de Paula e Silva, pai de Daniel e Cristian, fizeram um "levantamento" da placa e chegaram até a loja onde o veículo havia sido comprado.

Os policiais descobriram que Cristian, que trabalha como mecânico, comprou a moto cerca de dez horas depois do crime. A compra teria sido feita por um "laranja".

Para o pagamento da moto, foram dados US$ 3.600 _usando 36 notas de US$ 100_ e uma moto usada. As suspeitas eram de que os dólares teriam sido retirados da residência do casal assassinado.

Além disso, Cristian também caiu em contradição quando prestava depoimento: disse que na noite das mortes estava acompanhado de uma garota, mas a moça negou a versão à polícia.

O rapaz acabou confessando todo o caso durante a madrugada desta sexta-feira. O depoimento levou às prisões de Daniel e Suzane, que também acabaram admitindo participação no crime.

Segundo a polícia, o crime foi planejado por aproximadamente dois meses. Os três acusados, conforme o DHPP, são usuários de maconha.

Crime
Os corpos do casal Richthofen foram encontrados na madrugada de 31 de outubro. Eles foram mortos na mansão onde viviam, na rua Zacarias de Góis, Brooklin.

O casal foi assassinado com pancadas na região da cabeça. Os corpos do engenheiro Manfred, naturalizado brasileiro e diretor da Dersa, e da mulher, a psiquiatra Marísia, foram encontrados na cama.

O engenheiro tinha uma toalha branca no rosto. Marísia estava com um saco plástico na cabeça. Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.

A casa não tinha sinais de arrombamento e o alarme e sistema interno de televisão estavam desligados, o que levou a polícia a investigar a hipótese de o crime ter sido cometido por pessoas próximas às vítimas. A biblioteca estava revirada.

Suzane disse à polícia, no dia do crime, que havia saído com o namorado e com o irmão na noite de 30 de outubro. Deixaram Andreas em um cibercafé e foram a um motel. Na volta, disse que encontrou as portas abertas e as luzes acesas.

Na ocasião, informou aos policiais do 27º Distrito Policial o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.

Durante novos depoimentos feitos ao DHPP, os policiais perceberam contradições entre as falas de Suzane, do irmão e do namorado.

A cena do crime foi montada. Os corpos estavam na cama e um revólver do engenheiro estava no chão, mas, segundo a polícia não foi usado.

Os acusados disseram à polícia que entraram na casa por volta da meia-noite, quando o casal dormia. Suzane acendeu a luz do corredor para facilitar o acesso dos irmãos, que surpreenderam Manfred e Marísia. Eles tentaram se defender, mas logo foram assassinados.

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