01/08/2000 - 21h53

Passageiros dos trens de Perus viajam com medo

da Folha de S.Paulo

Os passageiros que utilizam a linha oeste da CPTM tiveram medo e fizeram várias reclamações nesta terça-feira (01), no primeiro dia de funcionamento normalizado.

A empregada doméstica Marlene da Silva Breu, 38, que estava no acidente em Perus, pegou o trem na segunda-feira para trabalhar com muito medo. "Viajei de Francisco Morato à Luz tremendo. Só se preocupam depois que morre alguém", disse Marlene, que escapou ilesa da colisão.

Apesar da reportagem ter enfrentado trens da CPTM lotados, a maioria dos passageiros afirmava que o movimento na manhã de ontem não estava tão intenso.

"Isso aqui é um inferno, a gente anda até com dor nas costas. Muita gente deve estar com medo ou não sabe que os trens estão funcionando normalmente", disse Maria Margarida Jesus, que ia de Franciso Morato à
estação da Luz.

"Tem vezes que, só nesse trecho, o trem chega a parar cinco vezes. Fica até uma hora no mesmo lugar", disse Dilmar Rodrigues de Jesus, 31.

A costureira Gilma Aguiar Silva Rodrigues, 33, pega diariamente o trem em Pirituba e desce no Brás.

"Tenho medo. Na quinta-feira passada estava no vagão quando a luz apagou, deu um estouro e o trem parou, pouco antes de chegar na Luz.
Disseram que aguardavam a sinalização. Isso acontece umas três vezes por semana."

José Antonio Martins, 24, auxiliar de serviços gerais, reclamou. "Nem sempre dá para entrar. É comum demorar até dez minutos para sair de uma estação e nem sempre eles informam o motivo".

O impermeabilizador Natanael Joaquim dos Reis, 31, que tinha um colega no trem que se acidentou, disse que não teme o transporte. "Já perdi o medo, é normal, a gente sai e não sabe se chega".

Rosângela da Silva, 31, empregada doméstica, já viu diversos incidentes. "Vi um senhor cair no buraco da estação, ao lado do trem, empurrado pela multidão".

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