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21/11/2002 - 18h05

Neta do pai adotivo de Pedrinho denunciou Vilma ao SOS Criança

FABIANO MAISONNAVE
da Agência Folha, em Goiânia

A orelha dobrada de Pedrinho e uma conversa com sua mãe adotiva, Vilma Martins Costa, foram os motivos que levaram Gabriela Azeredo Borges, de 19 anos, a ligar ao SOS Criança, no final de outubro, e dizer que havia encontrado o bebê sequestrado há quase 17 anos de dentro de uma maternidade de Brasília.

Amiga de Pedrinho, Gabriela é neta de Osvaldo Borges, morto em 19 de outubro passado. Seu pai, Jorge Borges, 43, é filho do primeiro casamento de Osvaldo. A família mora em um apartamento de classe média na região central de Goiânia.

A estudante universitária conta que, em uma conversa com Vilma, teve a primeira suspeita de que Pedrinho, registrado como Osvaldo Borges Jr., não era filho legítimo do casal. O encontro da duas foi no hospital onde Osvaldo estava internado com câncer, em Goiânia. Ele morreria dois dias mais tarde.

"A Vilma soltou que ela já tinha feito a cirurgia [de laqueadura] há uns 20 anos. A minha família já desconfiava de que ele não era filho do meu avô pelas aparências. Aí eu resolvi procurar saber melhor dessa história."

Dois dias depois da morte do avô, Gabriela conta que fez a ligação entre a desconfiança de Vilma e o sequestro de Pedrinho. Fazendo buscas na internet em sites de crianças desaparecidas, ela se deparou com a foto do pai biológico, Jayro Tapajós Braule Pinto.

"O que me chamou a atenção foi aquela orelha meio dobrada, parecida com a do pai dele", diz a estudante. Outro indício foi o mês de aniversário de Pedrinho, em janeiro.

No dia seguinte, ela ligou para o SOS Criança de Brasília, que a orientou a pegar um fio de cabelo de Pedrinho para fazer um exame de DNA. O plano não deu certo: "A gente ia se encontrar numa festa de 15 anos, mas ele não foi".

Desde então, Gabriela só conversou uma vez com Pedrinho, por telefone. Foi em 9 de novembro, um dia depois do resultado do DNA. "Liguei para dar uma força, para ele se aproximar da outra família. Ele disse que não sabia o que ia fazer".

A atitude de Gabriela e a morte de Osvaldo devem piorar ainda mais a relação entre as duas famílias. Seu pai, Jorge, afirma que Vilma simulou a gravidez para convencer Osvaldo a ficar com ela. Ele teria morrido sem saber que Pedrinho não era seu filho.

"Com o tempo ele vai ver que não fiz isso por vingança pela Vilma ter tirado o meu avô de casa. Fiz isso porque ele tinha uma família que tinha o direito de saber onde ele estava", diz Gabriela.

Entenda o caso
Pedrinho, 16, foi sequestrado no dia 21 de janeiro de 1986, apenas 12 horas após o nascimento. O garoto foi registrado como Osvaldo Borges Jr., e criado em Goiânia por Osvaldo Borges, morto no mês passado, e Vilma Martins da Costa.

A mãe de criação Vilma, 47, é a principal suspeita de ter sequestrado Pedrinho. Inquérito policial concluiu que ela sequestrou o garoto do hospital Santa Lúcia, em Brasília. Ela nega e diz que o bebê foi entregue a Osvaldo Borges por um gari.

Em depoimento à polícia, a mãe biológica Maria Auxiliadora Braule Pinto (Lia) disse que reconheceu Vilma como a sequestradora desde a primeira vez que a viu. Ela e Jayro, pai biológico, estiveram com Pedrinho apenas uma vez após a descoberta. O casal ameaça pedir a guarda do filho.

Gabriela Azeredo Borges, 19, filha de Jorge Borges, primogênito do primeiro casamento de Osvaldo, foi a responsável pela denúncia contra Wilma. Ela ligou para o SOS Criança no final de outubro, dias após a morte do avô. Ela disse que viu semelhanças entre Pedrinho e um foto de Jayro, divulgada num site de crianças desaparecidas.

Em depoimento à polícia, o irmão de Vilma, Sinfrônio Martins Costa, 45, disse que a levou a Brasília "na época do sequestro" e que ela voltou para Goiânia com um recém-nascido no colo. Vilma não comentou essa versão.

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