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11/10/2009 - 08h43

Adultos colecionam brinquedos como objeto de decoração ou memória de infância

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JAMES CIMINO
MARIANA BARROS
da Folha de S.Paulo

Quem olhar a vitrine da Limited Edition, nos Jardins (zona oeste de São Paulo), imediatamente vê que se trata de uma loja de brinquedos. Seria natural, portanto, que o local fosse cheio de crianças maravilhadas com as réplicas de personagens em quadrinhos como "X-Men", naves espaciais do filme "Star Wars" ou os carros que viram robôs do filme "Transformers", principalmente às vésperas do Dia da Criança. No entanto, o público predominante do local é de adultos, todos em busca desses brinquedos, mas para presentear a si mesmos.

Inaugurada em abril deste ano, a Limited Edition faz parte de uma tendência de consumo cada vez mais comum em São Paulo: brinquedos para adultos, que os utilizam como objeto de decoração ou simplesmente como memória de infância. E mesmo lojas com foco no consumo infantil, como a Toy Toys, no shopping Frei Caneca, tem duas paredes inteiras só de brinquedos para adultos.

Especializada em estátuas de personagens, "action figures" (bonecos com movimentos articulados e recursos eletrônicos) e réplicas em escala de veículos como o "tumbler" do Batman, a Limited Edition é iniciativa de três colecionadores de brinquedos: Rodolfo Balestero Pranaitis, 24, formado em educação física, Stevin Parreira Zung, 35, psiquiatra, e Daniel Altavista, 34, publicitário.

"Sempre sentimos carência disso no mercado brasileiro, então resolvemos criar uma loja de colecionadores para colecionadores, inclusive nossos vendedores são colecionadores", diz Pranaitis. Segundo ele, 70% do faturamento vem da faixa etária entre 20 e 45 anos, é do sexo masculino, apreciador da cultura pop e "resolvidas financeiramente".

Os preços dos objetos corroboram a tese do colecionador. Um busto com o rosto do senador Palpatine, de "Star Wars", é uma das peças mais caras da loja: R$ 3.000.

Pretexto

"Cheguei a comprar o boneco do Hulk para o meu sobrinho, mas ele tinha três anos e se assustou. Aí aproveitei o pretexto e fiquei com o boneco", diz o apresentador Marco Luque do "CQC", que tem uma coleção de quase 30 bonecos.

Sua última aquisição foi um boneco do Homem de Ferro, que emite sons de voo e luzes das mãos. O apresentador admite que de vez em quando "dá uns rolês" com o Homem de Ferro por aí. Quando a reportagem pergunta sua idade, Luque, 35, responde com sua famosa irreverência: "Mental? Porque eu de vez em quando sonho que sou um super-herói que voa e que atravessa paredes", afirma.

Na maioria dos casos, ser um "kidult", mistura de kid (criança) e adult (adulto), é apenas maneira de extravasar. Para o psicoterapeuta da PUC-SP Ari Rehfeld, brincar costuma ser uma coisa boa.

"Se uma pessoa colecionar selos, tudo bem. Mas se for colecionar sucata e a vida dos familiares dela virar um inferno por isso, aí é problema". Rehfeld considera que colecionar, torcer para times de futebol e até manter uma relação amorosa são formas de brincar. "Uma relação sexual, no sentido amplo, tem um lado lúdico."

 

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