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02/08/2000 - 18h10

'Falha maior foi nos freios', diz delegado sobre acidente da CPTM

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FABIANE LEITE
da Folha Online

O delegado titular do 46º Distrito Policial, Edvaldo Faria, que investiga o acidente com trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que matou nove pessoas e feriu outras 115 em São Paulo, apontou problemas nos freios de uma das composições como principal motivo da colisão.

"A falha maior foi nos freios. Se eles estivessem seguros, o trem não teria descido", afirmou o delegado, após ouvir o depoimento de quatro funcionários da companhia: os maquinistas Oswaldo José Pierucci e José Fernando de Souza Pereira, o encarregado da estação de Perus, na região noroeste de São Paulo, onde ocorreu o acidente, Eliseu Fernandes da Silva, e a encarregada da estação Lapa, que acabou auxiliando Silva no dia da colisão, Cristiane Aparecida Felipe.

Os depoimentos, iniciados por volta de 11h, só foram concluídos às 15h.

Os funcionários apresentaram versões um pouco diferentes e mais detalhadas do que a divulgada pela CPTM. Pierucci, que comandava o trem que vinha do Jaguaré em direção a Perus e que acabou perdendo o controle, disse que os cabos da composição apresentaram problemas e acabaram danificando a via elétrica. Segundo o delegado, Pierucci, após a paralisação do trem, acionou os freios da composição e colocou calços.

Eram 19h40 e o centro de controle e operações da CPTM, avisado por Pierucci, prometeu enviar veículo para remover a composição daquela linha. Mas após 1h40 a máquina voltou a se movimentar. Pierucci desceu do trem, junto com o ajudante Selmo, para buscar mais calços para a o veículo, mas a composição começou a sair do lugar e perdeu o controle. Pierucci voltou a telefonar para o centro de operações, que repassou a mensagem sobre a possível colisão com o outro trem que estava na mesma linha na estação Perus.

Selmo havia voltado para o veículo e acabou morrendo no acidente.

"O trem é projetado com freio para segurá-lo. Um pedaço de pau não vai segurar uma locomotiva", disse o delegado. "No carro, ninguém anda com calço, porque sabe que o freio vai funcionar", afirmou.

Mensagem 'picotada'

Na outra ponta, e na mesma linha, estava o maquinista José Fernando de Souza Pereira, que parou a sua composição lotada de passageiros na Estação Perus por falta de energia _ o outro trem já havia afetado o sistema elétrico.

Pereira disse que não entendeu o comunicado, via rádio, de que ele deveria remover sua composição para outra linha. A mensagem chegava "picotada", o que, segundo o delegado, é comum ocorrer nos rádios dos trens. Mas o maquinista também não escutou o mesmo aviso que era dado pelos alto-falantes da estação Perus.

José Fernando teve de ser comunicado pessoalmente pelo chefe da estação, Eliseu Fernandes da Silva, para começara a evacuar os trens. Isto a 2 minutos da colisão.

Os avisos nos alto-falantes eram dados por Cristiane Felipe, encarregada da estação Lapa da CPTM mas que passava pela estação Perus para ir para casa. Por uma coincidência, ela acabou "participando" da tentativa de evacuar o trem parado na estação.

Cristiane ouviu pelo sistema de alto-falantes, quando já estava na Estação de Perus, um comunicado de que havia esquecido o celular na estação Lapa. Ela foi até a administração da estação em que estava e acabou sendo chamada para ajudar o encarregado Eliseu Fernandes da Silva. Ela disse ao delegado que fez um apelo "desesperado" para que os passageiros deixassem o trem.

O delegado promete ouvir na segunda-feira dois funcionários do Centro Controle e Operações da CPTM, identificados apenas como Vanderlei e Serafim. Faria aguarda ainda o resultado de perícia que está sendo feita nos trens para esclarecer melhor o acidente. O inquérito policial deverá ser concluído em 30 dias.

A assessoria de imprensa da CPTM informou que os depoimentos não serão comentados. Segundo informações da assessoria, hoje foram atendidas 9 pessoas no posto para assistência à vítimas do acidente na estação Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Elas foram cadastradas para receber indenização. Outras 19 vítimas ligaram para a companhia e realizaram cadastro.

A CPTM está oferecendo ambulâncias para as vítimas que estão com dificuldades para se locomover até hospitais.

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