Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/08/2000 - 06h01

Maquinista diz que trem deveria ter sido removido antes do choque que matou 9

Publicidade

FABIANE LEITE
da Folha Online

O maquinista Osvaldo Pierucci, que era responsável pelo trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que colidiu com outra composição, matando 9 pessoas e ferindo 105, prestou depoimento à comissão de sindicância da companhia e disse que o seu veículo deveria ter sido removido imediatamente ao parar por falta de energia.

O depoimento à comissão, obtido pela Folha Online, é mais completo e contundente do que o apresentado à polícia pelo maquinista. Os trabalhos da comissão estão sendo mantidos em sigilo. À polícia, segundo íntegra de depoimento também obtida pela reportagem, Pierucci não fala que o veículo deveria ser removido imediatamente.

O acidente ocorreu no dia 28, na estação de Perus, região noroeste de São Paulo.

No depoimento à comissão de sindicância, o maquinista informa que por duas vezes uma locomotiva a diesel, de número 3159, passou pelo seu trem, que estava parado por falta de energia.

Mesmo assim, o trem com problemas não foi removido, apesar de o maquinista já ter recebido comunicação do CCO (Centro de Controle Operacional) da CPTM de que a locomotiva seria enviada para retirar a composição.

Pierucci informa que a locomotiva passou primeiro para remover quatro passageiros que ainda estavam em seu trem. Eles não tinham conseguido subir em outra composição que foi ao local para remover as pessoas que estavam no veículo paralisado.

Na segunda ocasião, a locomotiva passou puxando um trem de eletrificação, que seria utilizado para verificar os problemas no sistema elétrico.

Segundo as declarações de Pierucci à comissão, como o trem estava parado em um trecho em declive, a locomotiva deveria ser engatada imediatamente na composição após ele ter comunicado que seu veículo estava paralisado ao CCO

Os integrantes da comissão perguntaram o motivo de o maquinista não ter solicitado a locomotiva para engatar no trem. O maquinista respondeu que presumia que o CCO tomaria a providência de enviar a locomotiva.

Pierucci havia acionado o freio emergência do trem. Ele também colocou dois pedaços de madeira como calço no trem, por não haver calço manual dentro da composição. O veículo ficou parado por uma 1h40, quando voltou a se mover. Pierucci então desceu da composição para procurar um novo calço. Foi quando o veículo perdeu o controle e saiu desgovernado.

A assessoria de imprensa da CPTM informou que a comissão de sindicância, composta pelo superintendente de manutenção José Luiz Lavorente, pelo superintendente de Operação Nilton Roberto Herculin, pelo advogado Saint' Clair Mora Júnior e pelo superintendente de Engenharia Arnaldo Pinto Coelho não falará sobre o acidente até que as investigações estejam concluídas.

O secretário de Transportes, Cláudio de Senna Frederico, afirmou em entrevista na quinta-feira (3) que o problema da remoção do trem não era importante. Segundo ele, a falta de calço para o trem é a principal causa do acidente. Para Frederico, é necessário que o trem possa ficar parado sem necessitar de remoção imediata.

Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página