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06/08/2000 - 09h08

Trem que causou tragédia em Perus já havia falhado dias antes de acidente

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FABIANE LEITE
repórter da Folha Online

O trem 127 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que colidiu com outra composição no dia 28 de julho matando nove pessoas e ferindo outras 105, já havia falhado alguns dias antes, no dia 15 de julho.

Estas informações constam do depoimento do operador do CCO (Centro de Controle Operacional) da CPTM, Wanderlei José Alves, à comissão de sindicância da companhia que investiga o acidente. O depoimento foi obtido pela Folha Online. Os trabalhos da comissão são mantidos em sigilo pela CPTM.

O operador deve prestar depoimento à polícia amanhã (7).

No dia 28, houve problemas nos pantógrafos do trem (cabos que ligam o veículo à rede elétrica), que fizeram com que a composição parasse, após causar dano à rede elétrica. Os freios foram acionados, mas, após 1h40, o trem perdeu o controle e saiu desgovernado, colidindo com outro que estava na estação de Perus, na região noroeste de São Paulo, onde ocorreu a tragédia.

De acordo com Alves, no dia 15 de julho, houve uma ocorrência, às 20h, com o trem de prefixo 127. Ele diz que o problema também foi nos pantógrafos, que estavam danificados. O trem ficou parado por 5h em local que, segundo maquinistas que operam na linha onde ocorreu o acidente, é próximo do ponto em que o veículo 127 estagnou no dia 28.

De acordo com depoimento à polícia de Osvaldo Pierucci, maquinista responsável pelo trem na data da colisão, o trem 127 parou a cerca de 500 metros da estação de Jaraguá, anterior a estação Perus no sentido Francisco Morato.

Em entrevista no dia 2, o presidente da CPTM, Oliver Salles de Lima, afirmou que 20% dos 350 trens da companhia (70 veículos) estão com atrasos na manutenção.

Locomotiva

Alves falou sobre o problema do trem na quinzena anterior à colisão quando questionado sobre o envio de locomotiva a diesel para remover o trem na data do acidente.

No depoimento de Pierucci na sindicância, também obtido pela reportagem, o maquinista aponta que era necessária remoção imediata do trem, porque, na data do acidente, ele estava em um trecho em declive. Ele informou que a locomotiva à diesel passou duas vezes pelo seu trem, para remover passageiros que restavam na composição e depois rebocando um veículo que faria a manutenção elétrica. Mesmo assim, o trem não foi removido.

Alves disse em seu depoimento à comissão que usou a locomotiva primeiro para consertar a rede elétrica porque achava que o serviço seria rápido. Pierucci acabou esperando 1h40 pela remoção, com freios acionados e um calço de pedaços de madeira que achou fora do trem e colocou para segurar as rodas. Mas não houve mais tempo. O trem saiu desgovernado e colidiu com outro em Perus.

A CPTM já admitiu que não cumpre norma técnica que prevê a existência de calço dentro do trem.

A assessoria de imprensa da CPTM informou que os integrantes da comissão de sindicância não darão declarações até o fim dos trabalhos do grupo, previsto para o dia 11.

O secretário dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico, diz que provavelmente o acidente foi causado pela falta de calço, e não por falta de manutenção ou demora na remoção do trem.

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