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06/08/2000 - 09h49

Troca de trens: "Aqui está todo mundo tranquilo"

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CAMILA TOSELLO, da Folha de S.Paulo

A bancária Isabel Cristina Bogajo Duarte, 33, que pega todos os dias o trem em Caieiras e desce na estação da Luz, disse que o trajeto costuma ser feito em 35 minutos, "se tudo correr bem".

"Mas há atrasos pelo menos uma vez por semana. Eu nunca tenho certeza de que vou chegar ao trabalho no horário."

Ela, que costuma sair da estação Caieiras às 7h45, até conhecer a linha Sul, achava que não enfrentava muita lotação nos trens da linha Noroeste.

"Eu já passei por situações complicadas como ter que pular de um trem no meio da linha, descer de uma composição quebrada em estações em que não cabe todo mundo (como a da Vila Clarice) ou ser assediada", diz.

"Uma vez, demorei quatro horas para chegar em casa e cheguei chorando, depois de descer de um vagão em chamas. O trem quebrou três vezes no mesmo dia, e a população revoltada o destruiu."

Ao chegar à estação de Osasco, Isabel não se conteve e desabafou: "A estação é completamente diferente. A estação de Caieiras deve ter uns 100 anos."

Ela observou que a tarifa da linha Sul custa mais e que as roletas e a estação se parecem com as do metrô. "Imagino que deve ser melhor, e que o trem não vá encher mais do que isso."

"Os trens de Caieiras são velhos", afirmou ao embarcar no vagão parcialmente cheio com destino a Jurubatuba.

"É bem silencioso, dá até a impressão de que é lerdo. Esse trajeto na minha linha, entre 14 estações, leva uma hora. Está muito tranquilo. Neste horário, o meu trem estaria lotado."

"Mas precisou ter muito "quebra-quebra" aqui nessa linha para ela ficar desse jeito...", disse.

Ao observar que o trem havia se esvaziado bastante em Pinheiros, quatro estações depois de Osasco, ela já lamentava. "No meu trem, as pessoas ficam cansadas e feias, de sofrimento mesmo."

"São cansativas aquelas condições a que estamos submetidos todos os dias. Já cansei de brigar e de ver brigas. Acho que as pessoas têm mais é que quebrar e tacar fogo mesmo. Imagina ter de aguentar todo dia aquele trem que quebra diversas vezes. Aqui está todo mundo tranquilo", continuou a bancária sem se conformar com a diferença do conforto nas linha Sul e Noroeste.

Depois de algum tempo, após perceber que o trem esvaziava gradualmente após a estação Pinheiros, Isabel comparou: "Aqui é o contrário. Ele saí mais ou menos cheio em Osasco. Enche um pouquinho mais nas duas estações seguintes e agora ele só vai esvaziar."

"Lá o trem já saí cheio em Francisco Morato, lota em Franco da Rocha e lota ainda mais em Caieiras. Em Jaraguá eu morro de dó de quem tem que entrar. As pessoas se transformam em cavalos. Entram empurrando!"

Ela completou: "Depois o trem esvazia um pouco na Barra Funda e na estação da Luz. Aqui está super sossegado. As estações são limpas, não há comparação..."

Alguns minutos antes de chegar à estação Jurubatuba, Isabel já havia se conformado de que se trata de mundos distintos.

"Tem música, ar condicionado e lugar para sentar, mas tem alguns vidros quebrados. A vista é legal, né? Às vezes eu já saio de casa com o pensamento positivo: "hoje eu vou sentar". De vez em quando dá certo.

Este horário lá não seria assim nunca, isso aqui é maravilhoso. Quem usa essa linha pode se sentir feliz. Olha a largura da plataforma. A nossa linha precisa de muita coisa para ficar assim", concluiu.

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