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24/02/2003 - 17h39

Às vesperas do Carnaval, tráfico espalha pânico nas ruas do Rio

da Folha Online

O Rio de Janeiro foi hoje alvo de diversas ações criminosas que espalharam pânico em 22 bairros, além de Niterói, na região metropolitana, São Gonçalo e Duque de Caxias (Baixada Fluminense).

Segundo o Corpo de Bombeiros, 23 ônibus, oito carros e um caminhão foram queimados. Oito ônibus foram depredados e quatro metralhados.

Pelo menos 13 pessoas ficaram feridas após um ônibus ser atingido por dois coquetéis molotov (bombas incendiárias) em Botafogo, zona sul. Seis feridos estão internados com queimaduras no hospital Souza Aguiar.

Além dos ônibus incendiados, granadas e bombas caseiras explodiram nas zonas norte e sul, motoristas foram assaltados e policiais entraram em confronto com criminosos. O comércio ficou parcialmente fechado e alunos deixaram de ir às escolas. Não há registro do número total de feridos.

Apesar de todo o efetivo da polícia Civil e Militar nas ruas, cerca de sete ônibus foram queimados nesta tarde.

O comércio do Rio deixou de faturar pelo menos R$ 50 milhões, segundo a Fecomércio-RJ (Federação de Comércio do Rio).

O chefe da Polícia Civil, Álvaro Dias, disse que a ordem para iniciar a onda de violência partiu de dentro de Bangu 1 (zona oeste) e o mandante é o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, integrante da facção criminosa Comando Vermelho.

Beira-Mar está preso em uma cela solitária no presídio Bangu 1, na zona oeste. Hoje a secretaria da Administração Penitenciária suspendeu as visitas na penitenciária.

Para Dias, o traficante estaria insatisfeito com as constantes revistas em Bangu e com a perda de regalias. O secretário da Segurança Pública, Josias Quintal, disse nesta manhã que as ações visam desestabilizar o governo Rosinha Garotinho.

Segundo a polícia, 22 pessoas foram autuadas por associação ao tráfico de entorpecentes, crime inafiançável, mas estavam ameaçando comerciantes, saqueando lojas e caminhões ou ajudando a incendiar os veículos. Outras 30 foram detidas para averiguação.

Pelo menos seis pessoas foram presas acusadas de distribuir panfletos com ordem de fechamento do comércio, com assinatura do Comando Vermelho.

Seis bombas de fabricação caseira foram apreendidas. Duas foram arremessadas por volta das 5h contra prédios de classe alta na avenida Vieira Souto, em Ipanema, zona sul. Ninguém se feriu, mas vidros de apartamentos ficaram estilhaçados. Uma granada foi encontrada em um prédio, mas não explodiu.

Uma bomba de efeito moral foi lançada contra um supermercado da Tijuca, zona norte, e outra jogada contra o Batalhão da PM em Olaria, também zona norte.

Reação

O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), pediu a transferência de Beira-Mar. Nenhum documento chegou ao Ministério da Justiça. No entanto, de acordo com o ministério, o traficante pode ser levado para a Unidade de Recuperação Social Antônio Amaro Alves (AC), para o presídio de Presidente Bernardes (SP) ou para o Presídio da Papuda (Brasília).

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que já colocou à disposição da governadora do Rio, Rosinha Garotinho, todo o efetivo da Polícia Federal no Estado.

Rosinha disse que soube das articulações de criminosos por volta da 0h de hoje e, por isso, colocou a polícia nas ruas. "Se não tivéssemos agido, o Estado estaria com todas as suas portas fechadas, conforme aconteceu em outros tempos", disse.

A Polícia Militar ocupa oito favelas em diversas regiões do Rio de Janeiro.

Tráfico

Esta não foi a primeira vez que ações criminosas ocorreram em diversas regiões do Rio. Em 30 de setembro do ano passado, o comércio, temendo ameaças supostamente atribuídas a traficantes, fechou as portas no Rio, Niterói e São Gonçalo (cidades na região metropolitana). Escolas fecharam e ônibus deixaram de circular.

Uma gravação obtida pelo Ministério Público Estadual revelou conversa de dois traficantes, um deles preso em Bangu, combinando parar o comércio, especialmente nos bairros da zona sul, em represália ao isolamento dos líderes do Comando Vermelho no Batalhão de Choque da PM.

Dias depois foi descoberto um plano dos traficantes para realizar uma fuga em massa dos presídios de Bangu e tumultuar as eleições do primeiro turno das eleições.

O episódio fez com que a governadora Benedita da Silva (PT) pedisse o apoio das Forças Armadas nas eleições no Estado, em 6 de outubro.

Segundo a polícia, ligações de ameaças também teriam partido de telefones residenciais das zonas norte e sul da cidade.

Entre a noite de 16 de outubro do ano passado e a manhã do dia seguinte, traficantes armados com granadas e fuzis atacaram o Palácio Guanabara, sede do governo, o shopping Rio Sul (Botafogo, zona sul), uma delegacia, no centro, e dois carros de polícia.

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