Publicidade
Publicidade
02/03/2003
-
20h27
da Agência Folha, em Bezerros
Uma festa diferente, feita por foliões mascarados que cobrem seus corpos e mãos com luvas e lençóis em pleno verão nordestino, foi a principal atração deste domingo no Carnaval de Pernambuco.
A folia dos papangus, como são chamados os mascarados, acontece há quase cem anos em Bezerros, cidade que, apesar da seca, ganhou a fama de ser a "Veneza do Agreste" em virtude da semelhança entre as festas, baseadas no anonimato de quem participa.
Em Bezerros, as máscaras só são retiradas à noite, quando a brincadeira é substituída pelos shows gratuitos que animam os foliões até a madrugada.
O ponto alto da folia é o desfile que antecede o concurso dos mascarados. Animados por orquestras de frevo, cerca de 5.000 papangus, segundo os organizadores, percorrem cerca de três quilômetros de ruas até a apoteose.
No desfile, blocos como "As bestas do apocalipse", formado por anônimos fantasiados de Saddam Hussein (ditador do Iraque), George W. Bush (presidente dos EUA) e Tony Blair (primeiro-ministro britânico), jogam vôlei com uma réplica do globo terrestre e ironizam as crises políticas com bom humor.
Outros preferem manter a tradição e utilizam as fantasias que fizeram a fama dos papangus: máscaras ovais, brancas, com perucas cacheadas, panos coloridos cobrindo o corpo, luvas brancas e castanholas nas mãos.
Segundo o mais antigo artesão da cidade, Amaro Arnaldo do Nascimento, 58, o Lula Vassoureiro, a tradição dos papangus em Bezerros surgiu em 1905.
Naquela época, disse, os foliões usavam capuzes feitos com pernas de calças cortadas. Os mascarados desfilavam nas ruas e ganhavam ovos, frutas e aves como presentes da população.
A partir de 1950, as máscaras passaram a ser confeccionadas com papel. E os foliões começaram a ser recebidos nas casas dos amigos com um prato de angu (polenta mole) com carne.
Sem ser reconhecidos, os mascarados aproveitavam o anonimato para comer o angu várias vezes no mesmo lugar. Esse costume batizou os papangus.
A tradição continua até hoje, mas as máscaras ganharam novas características e passaram a representar uma importante fonte de renda para os moradores.
A Prefeitura de Bezerros estima que 10% da população _cerca de 6.000 pessoas_ se envolva na fabricação artesanal das máscaras para a venda durante o Carnaval.
Uma peça de rosto inteiro, confeccionada com papel e cola e pintada com várias cores, era vendida neste domingo na festa por R$ 7.
Especial
Enquete: Quem fez o melhor desfile em SP?
Especial
Fique por dentro do Carnaval 2003
Tradicional folia dos papangus anima Carnaval de Pernambuco
FÁBIO GUIBUda Agência Folha, em Bezerros
Uma festa diferente, feita por foliões mascarados que cobrem seus corpos e mãos com luvas e lençóis em pleno verão nordestino, foi a principal atração deste domingo no Carnaval de Pernambuco.
A folia dos papangus, como são chamados os mascarados, acontece há quase cem anos em Bezerros, cidade que, apesar da seca, ganhou a fama de ser a "Veneza do Agreste" em virtude da semelhança entre as festas, baseadas no anonimato de quem participa.
Em Bezerros, as máscaras só são retiradas à noite, quando a brincadeira é substituída pelos shows gratuitos que animam os foliões até a madrugada.
O ponto alto da folia é o desfile que antecede o concurso dos mascarados. Animados por orquestras de frevo, cerca de 5.000 papangus, segundo os organizadores, percorrem cerca de três quilômetros de ruas até a apoteose.
No desfile, blocos como "As bestas do apocalipse", formado por anônimos fantasiados de Saddam Hussein (ditador do Iraque), George W. Bush (presidente dos EUA) e Tony Blair (primeiro-ministro britânico), jogam vôlei com uma réplica do globo terrestre e ironizam as crises políticas com bom humor.
Outros preferem manter a tradição e utilizam as fantasias que fizeram a fama dos papangus: máscaras ovais, brancas, com perucas cacheadas, panos coloridos cobrindo o corpo, luvas brancas e castanholas nas mãos.
Segundo o mais antigo artesão da cidade, Amaro Arnaldo do Nascimento, 58, o Lula Vassoureiro, a tradição dos papangus em Bezerros surgiu em 1905.
Naquela época, disse, os foliões usavam capuzes feitos com pernas de calças cortadas. Os mascarados desfilavam nas ruas e ganhavam ovos, frutas e aves como presentes da população.
A partir de 1950, as máscaras passaram a ser confeccionadas com papel. E os foliões começaram a ser recebidos nas casas dos amigos com um prato de angu (polenta mole) com carne.
Sem ser reconhecidos, os mascarados aproveitavam o anonimato para comer o angu várias vezes no mesmo lugar. Esse costume batizou os papangus.
A tradição continua até hoje, mas as máscaras ganharam novas características e passaram a representar uma importante fonte de renda para os moradores.
A Prefeitura de Bezerros estima que 10% da população _cerca de 6.000 pessoas_ se envolva na fabricação artesanal das máscaras para a venda durante o Carnaval.
Uma peça de rosto inteiro, confeccionada com papel e cola e pintada com várias cores, era vendida neste domingo na festa por R$ 7.
Especial
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice