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09/08/2000
-
18h41
FABIANE LEITE
da Folha Online
O maquinista Osvaldo Pierucci, responsável pela composição da CPTM (Companhia Paulista de trens Metropolitanos) que colidiu no dia 28 de julho matando nove pessoas e ferindo outras 104, disse que o secretário dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico, foi irresponsável ao culpá-lo pelo acidente.
Pierucci concedeu sua primeira entrevista após o acidente nesta tarde.
O secretário descartou ontem falha técnica no acidente e sugeriu que Pierucci foi culpado pela colisão. Segundo Frederico, o maquinista não teria calçado o trem, o que poderia ter causado o acidente. Ele disse que é de responsabilidade do maquinista calçar a composição. Frederico afirmou que Pierucci poderia ter mentido ao dizer que tentou calçar o trem.
"Eu acho que ele foi muito infeliz e um pouco irresponsável uma vez que os trabalhos da comissão não estão terminados", disse Pierucci sobre as afirmações do secretário. A CPTM formou uma comissão de sindicância para apurar o acidente. O relatório da comissão deve ser divulgado no próximo sábado.
Pierucci afirmou que considera estranho o secretário ter dito que a colocação do calço é de responsabilidade do maquinista. E afirmou que nenhuma composição tem calço. "Nenhum trem tinha calço. Então nenhum trem deveria estar correndo na ferrovia", afirmou.
Segundo Pierucci, o trem foi calçado com dois pedaços de madeira, provavelmente partes de dormentes da ferrovia. Ele informou que não há norma técnica que determine a colocação dos calços. Segundo ele, os maquinistas são apenas orientados a calçar os trens "por desencargo", como medida extra de segurança.
"É difícil precisar se o calço seguraria ou não", disse Pierucci.
Frederico, que está em Brasília (DF), disse por meio de sua assessoria de imprensa que em nenhum momento fez uma acusação direta a Pierucci. Segundo a assessoria, Frederico apenas descartou a possibilidade der falha mecânica, e disse que provavelmente houve falha humana.
Locomotiva
O trem, de prefixo 127, parou por problemas na rede elétrica em um trecho de declive. Pierucci reafirmou que acionou os dois freios da composição, pneumático e de estacionamento, e desceu do trem junto com o ajudante Selmo Quintal para colocar calços no trem.
Pierucci avisou o CCO (Centro de Controle Operacional) da CPTM sobre a paralisação do trem. Ele reafirmou que recebeu resposta de que seria enviada uma locomotiva, movido a diesel, para "segurar" o trem. A locomotiva foi utilizada antes para remover passageiros e rebocar um carro de manutenção da rede elétrica.
O maquinista e o ajudante esperaram 1h e 40 min pelo socorro e o trem voltou a se mover. Pierucci desceu para procurar um novo calço. Mas a composição perdeu o controle e colidiu com outra, de prefixo 145, que estava parada na estação de Perus, região noroeste de São Paulo.
Pierucci reafirmou que é um procedimento de rotina ser enviada uma locomotiva para socorrer o trem quando há paralisação. "Na minha opinião a locomotiva deveria ser engata o mais rapidamente." Ele disse que locomotiva passou duas vezes pela composição 127.
Segundo Pierucci, na sua opinião, a ordem para que a locomotiva engatasse no trem deveria ter partido do CCO. Ele reafirma que não pediu a locomotiva, mas que foi informado pelo CCO de que esta seria enviada.
A assessoria de imprensa da CPTM já foi contatada e prometeu verificar se as declarações de Pierucci serão comentadas.
Clique aqui para ler mais notícias sobre o acidente em Perus na Folha Online.
Leia o artigo de Eleonora de Lucenasobre o assunto na Pensata
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Maquinista diz que secretário foi irresponsável ao culpá-lo por acidente
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O maquinista Osvaldo Pierucci, responsável pela composição da CPTM (Companhia Paulista de trens Metropolitanos) que colidiu no dia 28 de julho matando nove pessoas e ferindo outras 104, disse que o secretário dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico, foi irresponsável ao culpá-lo pelo acidente.
Pierucci concedeu sua primeira entrevista após o acidente nesta tarde.
O secretário descartou ontem falha técnica no acidente e sugeriu que Pierucci foi culpado pela colisão. Segundo Frederico, o maquinista não teria calçado o trem, o que poderia ter causado o acidente. Ele disse que é de responsabilidade do maquinista calçar a composição. Frederico afirmou que Pierucci poderia ter mentido ao dizer que tentou calçar o trem.
"Eu acho que ele foi muito infeliz e um pouco irresponsável uma vez que os trabalhos da comissão não estão terminados", disse Pierucci sobre as afirmações do secretário. A CPTM formou uma comissão de sindicância para apurar o acidente. O relatório da comissão deve ser divulgado no próximo sábado.
Pierucci afirmou que considera estranho o secretário ter dito que a colocação do calço é de responsabilidade do maquinista. E afirmou que nenhuma composição tem calço. "Nenhum trem tinha calço. Então nenhum trem deveria estar correndo na ferrovia", afirmou.
Segundo Pierucci, o trem foi calçado com dois pedaços de madeira, provavelmente partes de dormentes da ferrovia. Ele informou que não há norma técnica que determine a colocação dos calços. Segundo ele, os maquinistas são apenas orientados a calçar os trens "por desencargo", como medida extra de segurança.
"É difícil precisar se o calço seguraria ou não", disse Pierucci.
Frederico, que está em Brasília (DF), disse por meio de sua assessoria de imprensa que em nenhum momento fez uma acusação direta a Pierucci. Segundo a assessoria, Frederico apenas descartou a possibilidade der falha mecânica, e disse que provavelmente houve falha humana.
Locomotiva
O trem, de prefixo 127, parou por problemas na rede elétrica em um trecho de declive. Pierucci reafirmou que acionou os dois freios da composição, pneumático e de estacionamento, e desceu do trem junto com o ajudante Selmo Quintal para colocar calços no trem.
Pierucci avisou o CCO (Centro de Controle Operacional) da CPTM sobre a paralisação do trem. Ele reafirmou que recebeu resposta de que seria enviada uma locomotiva, movido a diesel, para "segurar" o trem. A locomotiva foi utilizada antes para remover passageiros e rebocar um carro de manutenção da rede elétrica.
O maquinista e o ajudante esperaram 1h e 40 min pelo socorro e o trem voltou a se mover. Pierucci desceu para procurar um novo calço. Mas a composição perdeu o controle e colidiu com outra, de prefixo 145, que estava parada na estação de Perus, região noroeste de São Paulo.
Pierucci reafirmou que é um procedimento de rotina ser enviada uma locomotiva para socorrer o trem quando há paralisação. "Na minha opinião a locomotiva deveria ser engata o mais rapidamente." Ele disse que locomotiva passou duas vezes pela composição 127.
Segundo Pierucci, na sua opinião, a ordem para que a locomotiva engatasse no trem deveria ter partido do CCO. Ele reafirma que não pediu a locomotiva, mas que foi informado pelo CCO de que esta seria enviada.
A assessoria de imprensa da CPTM já foi contatada e prometeu verificar se as declarações de Pierucci serão comentadas.
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