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29/03/2003 - 09h24

Assassinos do juiz de Presidente Prudente teriam festejado o crime

ALESSANDRO SILVA
da Folha de S.Paulo

Os traficantes envolvidos no assassinato do juiz-corregedor de Presidente Prudente (SP), Antonio José Machado Dias, ocorrido no último dia 14, comemoraram o êxito do atentado fumando maconha em um barraco na periferia de São Paulo, na madrugada seguinte, enquanto assistiam pela televisão às primeiras informações sobre o crime.

Era o desfecho da ação realizada por volta das 18h30, perto do fórum da cidade. Dois homens em um Uno fecharam o carro do magistrado e o mataram com três tiros. Um terceiro envolvido dava cobertura com outro veículo, usado por eles para voltar à capital.

Detalhes da ação, que envolve traficantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), começam a ser conhecidos agora, com a prisão de um dos acusados, o traficante João Carlos Rangel Luisi, o Jonny.

Segundo depoimento de Jonny ao DHPP (departamento de homicídios), ele, o traficante Adilson Daghia, 34, o Di, um terceiro homem, conhecido como Funchal, e outro, o Chocolate, viajaram para Presidente Prudente (565 km da capital) no dia do assassinato.

Jonny afirmou ter ficado em Itu (103 km de SP) enquanto os outros seguiram viagem e cometeram o crime. Os detalhes da preparação da emboscada e o motivo ainda estão sendo investigados.

Naquela dia, uma sexta-feira, o magistrado havia liberado os policiais que o escoltavam. Como juiz-corregedor, ele era responsável por sete presídios da região, incluindo o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, onde estão confinados líderes do PCC.

"Tudo indica que a ordem partiu do PCC", afirmou ontem o delegado Domingos Paulo Neto, diretor do DHPP, ao divulgar a foto de Daghia, que está foragido, e de Jairo César da Silva, procurado pela Justiça, acusado de ter arrumado as placas de Presidente Prudente colocadas no Uno.

Anteontem, a polícia prendeu Liliane Dias Nunes, namorada de Funchal. Segundo o DHPP, ela recebeu duas ligações no dia do crime, antes e depois da ação, do celular dela que estava com o namorado em Presidente Prudente e seria a pessoa responsável por guardar as armas usadas pelo grupo.

O assaltante de banco Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, preso na Penitenciária 1 de Avaré, é o principal suspeito de ser o mandante e é tido pela polícia como principal líder do PCC. Por meio de sua advogada, na semana passada, ele negou envolvimento com o atentado e disse que não fazia parte do PCC.

Em outra frente de investigação, o Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) investiga se Marcola ou outros integrantes da facção criminosa participaram do plano. Uma mulher que atuaria como mensageira está presa. Ela teria enviado um bilhete a Marcola, por meio de outro detento, avisando da morte do magistrado.

Para a polícia, as decisões do juiz, consideradas rígidas pela facção, podem tê-lo transformado em alvo. Integrantes do PCC não gostaram de medida do corregedor, que decidiu arquivar uma sindicância que investigava a morte de dois presos no CRP de Bernardes. Para a perícia, eles morreram em suicídios. A facção diz que eles eram torturados.

A polícia tenta agora prender os três homens da emboscada. Um deles, Daghia, está no organograma da quadrilha do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, feito pela polícia do Rio. A participação do traficante carioca no crime, porém, é descartada por policiais e pelo Ministério Público.

Daghia foi preso em São Bernardo do Campo (ABC), em fevereiro de 2000, com 43 kg de crack, 2 kg de cocaína, uma pistola e uma identidade de policial civil falsa. Ficou na prisão até março de 2001, quando escapou de forma misteriosa, pela segunda vez: sumiu do hospital penitenciário da capital. Na ficha criminal dele constam três condenações por homicídio e três por roubo.
 

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