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13/04/2003 - 04h22

Após expulsar fumante, NY quer prendê-lo

ROBERTO DIAS
da Folha de S.Paulo, em Nova York

A cidade de Nova York proibiu o cigarro em bares e restaurantes, empurrou os fumantes para as calçadas e criou um problema de barulho para os vizinhos. Agora, em reação à gritaria dos moradores, quer multar duramente e até prender as pessoas que ficarem bebendo na rua, uma maneira de tentar diminuir as reclamações.

A proposta é do prefeito Michael Bloomberg, que mandou na última semana à Câmara Municipal um pedido de alteração na punição em vigor para pessoas que bebem na rua -diferentemente do Brasil, tal comportamento é ilegal em Nova York.

Hoje, quem é flagrado tem no máximo que pagar US$ 25 (R$ 80), e a idéia é que isso seja significativamente mudado: US$ 150 (R$ 400) ou cinco dias de cadeia.

A proposta de Bloomberg é reação direta à mais evidente consequência da lei antitabagista que entrou em vigor na cidade há duas semanas.

Proibidos de acender seu cigarro em bares e restaurantes, os fumantes passaram a sair em peso para as ruas, enchendo as calçadas de cinzas -outra reclamação feita por quem mora ao lado dos estabelecimentos.

Nem mesmo as punições anti-sujeira já previstas na legislação nova-iorquina, com uma multa de US$ 200, têm evitado a atitude dos fumantes e os protestos dos moradores, mas Bloomberg tenta mais do mesmo remédio para atacar o problema do barulho criado pela nova determinação.

A lei antitabagista nova-iorquina é semelhante à existente em outras cidades do mundo, e pelo menos dois países, Irlanda e Noruega, já anunciaram que vão adotá-la para todo seu território.

Em Nova York, muita gente tem dito que será estranho se acostumar com a nova ordem. Em resposta, Bloomberg lembra que anos atrás era possível fumar em cinemas e estádios. "Paramos com aquilo porque ninguém queria ir ver um evento com um ambiente enfumaçado. Houve as mesmas discussões nos jornais, uma semana depois as histórias foram embora da mesma forma
que a fumaça", diz ele.

O prefeito embasou sua argumentação para defendê-la na saúde dos funcionários de bares e restaurantes, sujeitos a largos períodos como fumantes passivos.

Mas, além da óbvia oposição de fumantes, teve que enfrentar as críticas de donos de bares e restaurantes, que vêem na lei mais um golpe em seu faturamento.

Não que isso pareça comover alguém. Na cidade, a situação dos fumantes é tão ruim que nem a oposição política os ajuda. Por exemplo: além de Bloomberg, que já se declarou candidato a um segundo mandato, há outros sete nomes considerados pré-candidatos à prefeitura de Nova York, e só dois deles acham que a lei deve ser revista. Pior ainda, o Estado de Nova York acaba de aprovar lei ainda mais dura, que entrará em vigor nos próximos meses.

Dias atrás, Bloomberg foi a um cinema, parte de sua campanha para mostrar à população que acredita que a cidade está segura em relação ao terrorismo. À sua maneira, não perde a pose e nem a oportunidade, aproveitando para apontar: "Ninguém fica do lado de fora e fuma. Vai ser a mesma coisa. As pessoas vão olhar para trás e dizer: "Então eles permitiam que se fumasse naquela época? Que arcaico'".
 

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