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17/04/2003 - 02h51

Grupo concentra 65% da dívida das viações de SP com INSS

ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

O grupo de ônibus controlado pela família do empresário José Ruas Vaz é líder, disparado, do ranking do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) sobre as empresas de ônibus de São Paulo que mais devem à Previdência Social.

Ruas mantém 30% dos ônibus da capital paulista, mas concentra 65% dos débitos entre as viações que operavam até março deste ano. A dívida dele, segundo a Superintendência do INSS em São Paulo, beira R$ 759,2 milhões -dinheiro suficiente para a compra de 5.000 ônibus novos, ou seja, metade da frota paulistana.

O empresário, que já atende o maior número de passageiros do transporte coletivo paulistano, pode até ampliar seu domínio no setor depois da licitação lançada pela gestão Marta Suplicy (PT) para selecionar os futuros operadores por até 15 anos.

Suas empresas de ônibus entraram em quatro dos oito lotes em que São Paulo foi dividida. Os resultados finais ainda não foram divulgados, mas existe apenas um consórcio habilitado em cada.

Os quatro lotes em que a família Ruas participa representam mais da metade do sistema de ônibus na capital. O grupo participa sozinho em dois. Nos demais, divide a operação com viações pequenas.

Ruas também foi um dos quatro empresários envolvidos na transferência de viações ao Uruguai, conhecido paraíso fiscal, conforme revelou a Folha na última semana. A operação poderá proteger os sócios de um arresto de bens por conta de dívidas e ações judicias no Brasil -já que, pela lei uruguaia, os nomes dos donos podem ser mantidos sob sigilo.

"Portugueses" e "mineiros"

O levantamento das dívidas dos últimos dez anos das empresas de ônibus foi apresentado anteontem pelo superintendente do INSS em São Paulo, Carlos Eduardo Gabas, ao secretário dos Transportes, Jilmar Tatto.

Considerando as 82 viações que prestaram serviços na capital paulista desde então, ele atinge R$ 2,445 bilhões. Entre as que atuavam no mês passado, os valores alcançam R$ 1,177 bilhão.

A relação apresentada por Gabas é dividida pelos quatro principais grupos do transporte paulistano nos últimos anos: dois ligados aos "portugueses" (José Ruas Vaz e Belarmino Marta) e dois aos "mineiros" (Constantino e Romero Niquini, sucessor de Baltazar José de Souza). Esses apelidos se referem às origens deles.

No ranking do INSS, as viações "independentes" e que ainda prestam serviços têm só 5,1% dos débitos -R$ 59,8 milhões.

Na gestão Marta Suplicy, os "mineiros" perderam poder e estarão, ao menos oficialmente, fora da licitação do novo sistema de transporte que a prefeitura quer implantar até julho. Já os "portugueses" ganharam espaço.

As empresas de Constantino ou de sucessores dele que ainda operam aparecem na segunda posição entre os devedores da Previdência Social, com débitos de R$ 224 milhões -19% do total. A família Constantino também é dona da companhia aérea Gol. Nos últimos dois anos, a maioria das empresas que ela controlava foi repassada a executivos do grupo. Em 2003, ao menos três delas (Cidade Tiradentes, Santo Amaro e Parque Ibirapuera) viraram alvo de investigação policial por terem "quebrado" e, em seguida, sido vendidas a "laranjas" -incluindo um eletricista que já havia morrido e um estelionatário.

Belarmino Marta, dono de 10% da frota paulistana, está na terceira posição do ranking, com dívidas de R$ 100 milhões -8,5% do total. Já Romero Niquini, que tinha perto de 20% dos ônibus, mas cujos contratos foram rompidos pela prefeitura há seis meses, aparece com R$ 34,6 milhões -2,9%.

A Folha tentou contato com os empresários na tarde de ontem, mas não obteve resposta. O grupo Ruas recebeu as questões por e-mail, que não foi respondido.
 

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