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01/05/2003 - 20h04

Assassino de dono de jornal atravessou 5 portões para fugir da prisão

HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

Acusado de ter assassinado em setembro passado o dono do jornal "Folha do Estado" de Cuiabá (MT), o cabo da Polícia Militar Hércules de Araújo Agostinho, 33, fugiu na madrugada de hoje pelo portão dos fundos do presídio Pascoal Ramos, na capital mato-grossense. Ele passou por cinco portões antes de sair da prisão.

A Justiça Federal decretou nesta tarde a prisão de 18 funcionários do presídio, incluindo o diretor Cláudio Miranda, suspeito de ter facilitado a fuga.

Preso desde outubro de 2002, o cabo Hércules é acusado de ter matado com sete tiros de pistola o empresário Sávio Brandão de Lima Júnior, 39, em 30 de setembro passado, em Cuiabá. Testes de balísticas apontaram o autor do crime. Falta ainda descobrir o mandante. Na "Folha do Estado", Sávio Brandão publicava reportagens contra o crime organizado em MT.

A Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública está oferecendo uma recompensa de R$ 100 mil para quem der pistas que levem à prisão de Hércules.

"Eu tenho certeza que houve conivência [dos agentes penitenciários]. Ou abriram a porta para ele ou ele tinha a chave", disse o secretário estadual da Segurança Pública, Célio Wilson de Oliveira.

Na versão dos agentes penitenciários, Hércules usou uma "arma falsa feita com papelão, simulando ter uma pistola" para render os funcionários e fugir. Os funcionários do presídio ainda prestam depoimento na Polícia Federal.

Em novembro do ano passado, foi descoberta uma tentativa de fuga. Hércules estava com cópias das chaves do presídio em sua cela. Dois agentes penitenciários foram demitidos. O presídio Pascoal Ramos tem, segundo o secretário, "estrutura física concebida para ser de segurança máxima" e abriga pelo menos 340 presos.

Perfil

O delegado da Polícia Civil Luciano Inácio da Silva, 40, disse que o cabo Hércules é o principal pistoleiro do crime organizado que seria liderado pelo "comendador" João Arcanjo Ribeiro, 51, preso no Uruguai. Silva afirmou que testemunhas do processo contra Hércules estão ameaçadas após a fuga que "desestimula novas denúncias" contra organizações criminosas.

Na briga entre facções do crime organizado, o cabo Hércules foi contratado e matou, segundo o delegado, o sargento PM José Jesus de Freitas e dois seguranças em 27 de abril de 2002.

O radialista Rivelino Jacques Brunini e seu amigo Fause Rachid Jaudy foram mortos em julho dentro do carro numa oficina mecânica em Cuiabá. Brunini explorava máquinas caça-níqueis e, segundo a denúncia do procurador da República Pedro Taques, desafiava Arcanjo.

O pedreiro Gisleno Fernandes que estava no banco traseiro do carro levou um tiro no tórax e sobreviveu. Ele reconheceu o cabo Hércules como autor dos sete disparos de pistola contra Brunini. Arcanjo foi denunciado como mandante do crime.

O superintendente substituto da Polícia Federal em Mato Grosso, André Luiz Diniz, disse que o cabo Hércules pode ter fugido para a Bolívia, país que faz fronteira com o Estado. Na avaliação da Polícia Civil, porém, ele ainda pode estar em Cuiabá.

O advogado Benedito Jacob Santana Sabino, responsável pela defesa do cabo Hércules, disse que seu cliente tentava uma transferência para o presídio militar de Cuiabá, mas teve o pedido negado. Sabino afirmou que visitou Hércules pela última vez na semana passada. Segundo o advogado, existe um álibi no caso do assassinato do sargento Jesus. Hércules estaria de serviço no quartel no dia do crime.

No caso da morte de Sávio Brandão, no momento do assassinato, o cabo almoçava, segundo o advogado, com a sogra na cidade vizinha de Várzea Grande.
 

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