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05/05/2003 - 04h16

Motorista nega irregularidade e faz ameaça

da Folha de S.Paulo

O sindicalista Edvaldo Gomes de Oliveira, conhecido por Dentinho, disse ter construído seu patrimônio trabalhando de motorista na viação Santo Expedido.

Afirmou que fazia "carro direto" [hora extra, com dois turnos], trabalhava 15 horas por dia e que teve a ajuda do pai, que é pedreiro, do irmão, que é pintor, e "dos camaradas" da garagem, que se deslocariam de São Paulo a Itu para ajudar a erguer a casa com piscina, churrasqueira, lareira e sala para sauna (que está sendo vendida por R$ 380 mil).

"Um dia um vai lá, enche a laje, não cobra nada, toma um guaraná. No outro dia vai outro e ajuda. É assim que a gente trabalha", afirmou Dentinho, que alegou não ter feito a declaração do Imposto de Renda por não ganhar nem R$ 12 mil por ano.

O sindicalista disse ainda que está com uma série de dívidas e que não tem dinheiro nem para pagar IPTU e condomínio. Afirmou também ter vendido um apartamento da CDHU e carros para investir na casa. Hoje ele tem um Gol 2001 -cujas prestações, segundo ele, estão atrasadas.

"Eu mereço também ter as coisas. Minha casa foi trabalho", afirmou Dentinho, que deixou de receber no mês passado seu salário de motorista na viação de ônibus, que foi uma das nove fechadas pela prefeitura. "Já perdi meu emprego, minha empresa fechou. Tem que prender meu patrão, que ficou me devendo R$ 18 mil."

Em entrevista por telefone, Dentinho demonstrou agressividade e não permitiu que fossem feitas todas as perguntas. "Eu tenho que provar é para a Justiça, não é para você", disse ele, após afirmar que a reportagem estava ganhando dinheiro da CUT (Central Única dos Trabalhadores), rival da Força Sindical, e das empresas de ônibus para prejudicá-lo. "O meu problema é que eu não tenho dinheiro para pagar você. Se eu tivesse, te chamava num acordo e você me esquecia."

Dentinho fez ameaças pelo fato de a reportagem ter telefonado duas vezes para sua casa. "Você fica ligando para minha casa, conversando com a minha mulher, perturbando a minha família. Me perturbe, mas não perturbe minha família. Senão vou aí zoar essa redação sua. Posso ser preso, pode ser aquilo que for. Se você começar a perturbar minha família, eu vou começar a ficar atrás de você", afirmou o sindicalista.

O sindicalista também disse conhecer o repórter. "Eu já tenho tudo de você. Já sei tudo de você. Assim como passam informação sobre mim para você, passam também de você para mim. Só isso é que eu te falo." E completou: "Faça seu serviço, não me prejudique, que é bem melhor para mim e para você".

Ajuda

O secretário de Formação e Cultura do Sindicato dos Motoristas, Francisco Xavier da Silva Filho, chamado de Chiquinho, confirmou que tem um Audi A3 1.8, mas disse que, para adquiri-lo, vendeu "uma série de carros". Além disso, afirmou que sua mulher também o ajuda financeiramente, uma vez que é trabalhadora autônoma. Ele não disse qual é a renda da família.

"Minha esposa trabalha e [para adquirir o Audi] comprei fiado e vendi uma série de carros que tinha." Para ele, ter um Audi A3 "é uma coisa normal". "Respondo com a maior clareza do mundo."

Sobre a casa para onde ele se mudou há dois anos, com cerca de 250 m2 de área construída, negou ser proprietário, mas não informou se ela é alugada. "A casa não é minha. Para ser minha tem de estar [registrada] em meu nome. Se é alugada ou não, vou responder só judicialmente."

Três sindicalistas da viação Cidade Tiradentes investigados sob a acusação de terem recebido R$ 3.000 do patrão em agosto de 2002 disseram que não se manifestariam. José Domingos da Silva, Antonio Ferreira Mendes e José Otaviano de Albuquerque, conhecido por Xerife, alegaram que só prestarão informações à Justiça. Já Severino Henrique da Silva não foi localizado na garagem. O telefone dele, informado no sindicato, está desatualizado.


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