Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/08/2000 - 20h10

Para sindicato, falhas de manutenção nos freios causaram acidente em Perus

Publicidade

FABIANE LEITE
da Folha Online

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo sustenta que falhas de manutenção nos dois sistemas de freios do trem 127 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que colidiu no dia 28 de julho em Perus, zona noroeste de São Paulo, matando nove pessoas e ferindo outras 104, podem ser as causas do acidente.

O presidente do sindicato, José Mendes Botelho, recebeu no fim-de-semana de uma pessoa que não quer se identificar fita de vídeo em que é mostrada suposta falha no freio de estacionamento de um trem do mesmo modelo da composição 127.

No vídeo, o trem está em movimento quando o maquinista avisa que anulará o sistema de freios pneumáticos, movidos a ar, e utilizados para as paradas normais das composições.

Na fita, após o desligamento dos freios pneumáticos, que são abastecidos de ar por meio de sistema elétrico, é acionado o freio de estacionamento, mas mesmo assim o trem continua a se movimentar, ganhando rapidamente velocidade.

Em seguida, a câmera mostra que um dos cabos eletromecânicos que acionam o freio de estacionamento estava rompido. Segundo informações do sindicato, o trem mostrado na fita já passou por reforma, ao contrário do trem 127, que ainda não teria sido revisado.

Segundo informações do sindicato, o "teste" mostrado na fita foi feito em área de declive, semelhante àquela em que o trem 127 ficou parado no dia 28 de julho após queda de energia. Naquela ocasião, após 1h 40min parado, o trem voltou a se movimentar, perdeu o controle e bateu em outra composição que estava parada na estação de Perus.

O sindicato destaca que a própria CPTM, em relatório de sindicância interna, admitiu que os freios de segurança não funcionavam.

Calços

O vídeo ainda mostra calços fabricados pela CPTM após o acidente para serem usados nos trens quando estes pararem.

Estes calços têm travas laterais que permitem que fiquem seguros nos trilhos.

Em relatório de sindicância sobre o acidente, foi concluído que o maquinista do trem, Osvaldo Pierucci, seria o responsável pelo acidente por não calçar o trem 127. Segundo a CPTM, essa medida seria suficiente para impedir que a composição se locomovesse. Foi recomendado o afastamento do maquinista e avaliação para que se decida se ele pode continuar exercendo esta atividade.

O maquinista garantiu que calçou o trem com pedaços de madeira encontrados no local onde a composição parou.

"Esta história da falta de calço foi usada para esconder falha na manutenção", disse o diretor do Departamento Jurídico do sindicato, Ademir Natal Rodrigues. "Se tiver trem para vender que tiver que calçar, eu não compro. A CPTM pode até comprar, ela desconhece o sistema", afirmou Rodrigues.

Segundo Rodrigues, não havia nenhuma norma que determinasse o calçamento do trem. Também, antes do acidente, não havia calços dentro das composições. Para o sindicato, o fato da CPTM ter fabricado calços especiais, com travas, indica que um calço improvisado poderia não funcionar.

O sindicato aponta ainda que o próprio secretário dos Transportes, Cláudio de Senna Frederico, admitiu que o ar dos freios pneumáticos deveria durar 5h, o que não ocorreu na data do acidente. Para o sindicato, isto também apontaria falha na manutenção do trem 127.

O sindicato dará assistência jurídica a Pierucci. Ele ainda não decidiu se processará a CPTM por culpá-lo pelo acidente. Pierucci afirma que considera injusto a companhia atribuir responsabilidades antes do fim das investigações policiais sobre o acidente

A CPTM não quis comentar a fita de vídeo ou as declarações prestadas por membros do sindicato e pelo maquinista.

Clique aqui para ler mais notícias sobre o acidente em Perus na Folha Online.

Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página