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20/05/2003 - 03h16

Álcool aparece em 52% das agressões, revela pesquisa

AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

Em 52% dos casos de violência ocorridos dentro de casa, o agressor estava alcoolizado -em 6% dos episódios, ele estava também sob o efeito de drogas. Quatro por cento dos autores da violência se encontravam intoxicados por outras substâncias. E 44% não tinham bebido nem usado drogas.

A constatação de que o álcool está presente na maioria dos casos de violência doméstica aparece em pesquisa divulgada ontem pelo Cebrid, Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Embora os resultados obtidos na atual pesquisa sejam semelhantes aos colhidos em estudos internacionais, a elevada presença do álcool "chama a atenção", diz a psicóloga Ana Regina Noto, principal pesquisadora do estudo.

A pesquisa, primeira desse tipo no país, ouviu moradores de 2.372 domicílios de 27 municípios do Estado de São Paulo com mais de 200 mil habitantes. Em cada casa, foi sorteado um morador entre 12 e 65 anos, ouvido sem a presença dos outros familiares. Em 749 das casas -ou 31,6% do total-, as pessoas relataram situações de violência, apenas "a ponta do iceberg", acredita a pesquisadora, pois muitos procuram esconder tais fatos.

Os resultados permitem várias conclusões importantes para a conduta de políticas públicas de saúde, observa a autora. Por exemplo, a relação entre o álcool e a violência precisa ser vista num contexto de história familiar e dentro do quadro vivido pela pessoa e pela família. Em 60% das casas onde o entrevistado relatou a entrada de uma pessoa alcoolizada, não houve registro de violência. Essa porcentagem também vale para outras drogas.

"É certo que o álcool e as drogas alteram o comportamento da pessoa, aumentam a impulsividade e diminuem a capacidade de autoproteção da vítima", diz Ana Noto. "Álcool e drogas aumentam as chances de a violência ocorrer, mas nem sempre são a causa." Esse resultado desmonta a tese de que a droga é a única responsável pelos casos de assassinatos em família registrados nos últimos tempos. "Essa é uma visão simplista, que leva a pensar que todo usuário de drogas vai matar o pai e a mãe", diz Ana Noto.

A relação entre álcool, drogas e violência é tema frequente na área da Justiça e da segurança pública, mas pouco presente ainda na saúde. "Quando um dependente de álcool chega a um serviço de saúde, perguntar a ele sobre a família pode ser uma forma de prevenir uma situação de violência."

Entre os casos de violência citados na pesquisa estão discussões, agressões físicas ou ameaças, como jogar objetos e até o uso de armas. Em 13 casos envolvendo armas, 7 agressores estavam alcoolizados, 1 tinha usado cocaína e 5 não tinha usado nada.
 

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