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09/06/2003 - 21h44

Chuva causa seis mortes e aumenta poluição em praia do Rio

TALITA FIGUEIREDO
MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

As chuvas que atingiram o Rio na madrugada de hoje causaram seis mortes em Niterói, na região metropolitana, e agravaram a poluição na praia de São Conrado, na zona sul.

Uma língua negra atingiram as areias da praia. Formada de esgotos e lixo, ela desce da favela da Rocinha, no bairro. Há anos, a praia de São Conrado é considerada imprópria para o banho devido ao despejo de esgoto no mar.

Em Niterói, as mortes, entre elas três crianças, ocorreram no morro do Pires, após o deslizamento de três pedras, que juntas pesam cerca de 150 toneladas, segundo a Defesa Civil do município. As pedras deslizaram cerca de 25 metros até atingir três casas da travessa F da rua Capitão Alfredo Cruz.

Vítimas

Hamilton Zâmbia dos Santos, 38, sua mulher, Marlete Couto dos Santos, 35, e os filhos Kevin, 9, e Fabrício, 12, estavam em uma das casas e morreram.

Também morreram Vitória Brenda Moura da Silva, 4, e o bisavô Alcenir Vicente de Souza, 67. Os pais da menina, Roseli Ananias da Lima, 25, e Rogério Moura da Silva, 24, conseguiram escapar, mas ficaram muito abalados com as mortes dos parentes.

Desesperado depois de receber a notícia da morte da neta, o pai de Rogério da Silva, Carlos Alberto Silva teve que ser imobilizado pelos bombeiros antes de ser medicado.

Dono da terceira casa, atingida apenas parcialmente, o motorista Hélio Grimaldo, 56, acompanhou as buscas dos corpos dos vizinhos.

"Eu e minha mulher não conseguimos dormir porque chovia muito e ficamos preocupados. Ouvi um barulho grande e vi que a parede do banheiro caiu e parte da varanda foi destruída. Foi tudo em menos de cinco segundos. Fui à janela, vi que a casa do meu vizinho tinha sido derrubada e ouvi os gritos das pessoas pedindo socorro. Não deu tempo de socorrer", disse Grimaldo.

O último corpo, de Kevin, foi retirado dos escombros no final da tarde. A Defesa Civil do município informou que seriam feitas inspeções nas casas do morro para decidir se há necessidade de remover as famílias.

"A princípio só uma casa vai ser demolida", disse o coordenador da Defesa Civil, coronel Adilson Alves de Souza.

Morte anunciada

O presidente da Câmara de Vereadores de Niterói, José Vicente (PPS), afirmou que, em 11 de fevereiro, enviou um ofício à Secretaria Municipal de Serviços Públicos pedindo o escoramento das pedras que deslizaram.

O ofício foi encaminhado depois de receber uma carta do morador Adenir César da Conceição, 54.

"As mortes estavam anunciadas. Há 30 anos venho reclamando do perigo dessas pedras deslizarem", disse Conceição, que nasceu no morro.

Segundo o vereador, não houve respostas da Prefeitura. O secretário de Serviços Públicos, Sérgio Marcolini, afirmou que não se recordava do recebimento do ofício, mas disse que iria procurá-lo.

O coordenador da Defesa Civil afirmou que nunca lhe foram solicitadas vistorias no morro, desde que assumiu o cargo, em 1997.
 

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