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23/06/2003
-
23h18
Técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde começaram hoje a investigar, no Rio de Janeiro, os casos de cegueira suspeitos de terem sido causados pelas soluções oftálmicas Methyl Lens 2% (do laboratório Lenssurgical Oftalmologia ) e Oft Visc (do laboratório Oftivision).
Inicialmente, está sendo feita a definição de casos, a partir da qual os técnicos enquadrarão todas as ocorrências de problemas de visão de alguma maneira relacionadas ao uso dos produtos. Os casos então serão classificados como suspeitos, confirmados ou descartados.
Nesse trabalho serão analisados nas unidades de saúde onde os pacientes usaram o Methyl Lens 2% e o Oft Visc documentos como prontuários médicos, notas fiscais de compra do produto, período de uso da solução oftálmica e estoque. O trabalho de campo deve ser concluído em uma semana.
Colírios
Pelo menos 12 pacientes submetidos a operações de catarata em hospitais do Rio utilizando o colírio Methyl Lens Hypac 2% e o Oft Visc perderam a visão parcial ou totalmente.
Segundo o delegado Renato Nunes, titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública, o Methyl Lens Hypac 2% possui licença irregular, já que o número de registro do colírio no Ministério da Saúde corresponde a outro medicamento e o laboratório Lenssurgical Oftalmologia não teria licença para fabricá-lo.
Nunes informou ainda que o Oft Visc teve dois de seus lotes interditados em abril, em função de uma contaminação. O laboratório Oftivision, que fabrica o colírio, nega acidentes com o produto no Rio, mas admite responsabilidade por sete casos de cegueira ocorridos em hospitais de Ribeirão Preto (SP).
Dos casos de cegueira no Rio, cinco ocorreram na Clínica de Olhos de Niterói. A clínica confirmou hoje o uso do Methyl Lens Hypac 2% nos cinco pacientes que se submeteram à operação de retirada de catarata.
Segundo a polícia, outros cinco casos aconteceram no Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde o medicamento utilizado seria o Oftvisc, e dois na Santa Casa de Misericórdia, onde os médicos também usaram o Methyl Lens Hypac 2%.
Segundo a Anvisa, o laboratório Lenssurgical Oftalmologia poderá ter sua licença de funcionamento cassada por causa das irregularidades envolvendo o comércio do Methyl Lens Hypac 2%.
De acordo com o delegado, os donos da empresa poderão ser indiciados sob as acusações de fabricar e vender medicamento sem autorização da Vigilância Sanitária e de lesão corporal grave, crimes cujas penas vão de 10 a 15 anos e de 2 a 8 anos de prisão, respectivamente.
Outro lado
O laboratório Oftivision, que fabrica o Oftvisc, negou que seu colírio tenha sido utilizado no Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde cinco casos de cegueira em pacientes são suspeitos de terem sido causados pelo medicamento.
Segundo o laboratório, não houve nenhum incidente envolvendo o Oftvisc no Rio. A empresa admite apenas sete casos de cegueira que aconteceram em hospitais de Ribeirão Preto, mas que teriam sido revertidos por meio de tratamento financiado pelo próprio laboratório.
A Folha não conseguiu localizar o laboratório Lenssurgical Oftalmologia, fabricante do Methyl Lens Hypac 2%, suspeito de ter causado cegueira parcial e total em sete pacientes de dois diferentes hospitais do Rio.
O laboratório funcionou em Campinas até o começo deste ano, época em que a Vigilância Sanitária detectou irregularidades em seu funcionamento e chegou a determinar o recolhimento de um de seus medicamentos, justamente o Methyl Lens Hypac 2%.
Com Agência Brasil
Especial
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Anvisa inicia investigação de cegueira provocada por medicamentos
da Folha OnlineTécnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde começaram hoje a investigar, no Rio de Janeiro, os casos de cegueira suspeitos de terem sido causados pelas soluções oftálmicas Methyl Lens 2% (do laboratório Lenssurgical Oftalmologia ) e Oft Visc (do laboratório Oftivision).
Inicialmente, está sendo feita a definição de casos, a partir da qual os técnicos enquadrarão todas as ocorrências de problemas de visão de alguma maneira relacionadas ao uso dos produtos. Os casos então serão classificados como suspeitos, confirmados ou descartados.
Nesse trabalho serão analisados nas unidades de saúde onde os pacientes usaram o Methyl Lens 2% e o Oft Visc documentos como prontuários médicos, notas fiscais de compra do produto, período de uso da solução oftálmica e estoque. O trabalho de campo deve ser concluído em uma semana.
Colírios
Pelo menos 12 pacientes submetidos a operações de catarata em hospitais do Rio utilizando o colírio Methyl Lens Hypac 2% e o Oft Visc perderam a visão parcial ou totalmente.
Segundo o delegado Renato Nunes, titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública, o Methyl Lens Hypac 2% possui licença irregular, já que o número de registro do colírio no Ministério da Saúde corresponde a outro medicamento e o laboratório Lenssurgical Oftalmologia não teria licença para fabricá-lo.
Nunes informou ainda que o Oft Visc teve dois de seus lotes interditados em abril, em função de uma contaminação. O laboratório Oftivision, que fabrica o colírio, nega acidentes com o produto no Rio, mas admite responsabilidade por sete casos de cegueira ocorridos em hospitais de Ribeirão Preto (SP).
Dos casos de cegueira no Rio, cinco ocorreram na Clínica de Olhos de Niterói. A clínica confirmou hoje o uso do Methyl Lens Hypac 2% nos cinco pacientes que se submeteram à operação de retirada de catarata.
Segundo a polícia, outros cinco casos aconteceram no Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde o medicamento utilizado seria o Oftvisc, e dois na Santa Casa de Misericórdia, onde os médicos também usaram o Methyl Lens Hypac 2%.
Segundo a Anvisa, o laboratório Lenssurgical Oftalmologia poderá ter sua licença de funcionamento cassada por causa das irregularidades envolvendo o comércio do Methyl Lens Hypac 2%.
De acordo com o delegado, os donos da empresa poderão ser indiciados sob as acusações de fabricar e vender medicamento sem autorização da Vigilância Sanitária e de lesão corporal grave, crimes cujas penas vão de 10 a 15 anos e de 2 a 8 anos de prisão, respectivamente.
Outro lado
O laboratório Oftivision, que fabrica o Oftvisc, negou que seu colírio tenha sido utilizado no Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde cinco casos de cegueira em pacientes são suspeitos de terem sido causados pelo medicamento.
Segundo o laboratório, não houve nenhum incidente envolvendo o Oftvisc no Rio. A empresa admite apenas sete casos de cegueira que aconteceram em hospitais de Ribeirão Preto, mas que teriam sido revertidos por meio de tratamento financiado pelo próprio laboratório.
A Folha não conseguiu localizar o laboratório Lenssurgical Oftalmologia, fabricante do Methyl Lens Hypac 2%, suspeito de ter causado cegueira parcial e total em sete pacientes de dois diferentes hospitais do Rio.
O laboratório funcionou em Campinas até o começo deste ano, época em que a Vigilância Sanitária detectou irregularidades em seu funcionamento e chegou a determinar o recolhimento de um de seus medicamentos, justamente o Methyl Lens Hypac 2%.
Com Agência Brasil
Especial
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