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01/07/2003
-
14h22
da Agência Folha, em Campo Grande
Empresas de factoring de João Arcanjo Ribeiro receberam R$ 65,2 milhões da Assembléia Legislativa de Mato Grosso e R$ 5,4 milhões da Prefeitura de João Pessoa (PB), segundo relatório do Banco Central.
Os repasses ocorreram entre 1998 e 2002 e foram descobertos graças à quebra do sigilo bancário das empresas de Arcanjo. Os dados constam de processo que apura, entre outros crimes, lavagem de dinheiro.
Uma empresa de factoring opera "comprando" cheques pré-datados. Em troca de comissões, antecipa o dinheiro aos comerciantes e mantém os cheques em carteira até a data do desconto.
Sustentada pelo contribuinte mato-grossense, a Assembléia Legislativa só recebe cheques do governo de Mato Grosso. Os R$ 65,2 milhões entregues à firma de factoring correspondem a 22% do dinheiro repassado pelo Estado no mesmo período: cerca de R$ 300 milhões. O Ministério Público busca explicações.
Depoimentos
A Justiça convocou para depor o atual presidente da Assembléia, José Geraldo Riva, e o antecessor dele, Humberto de Melo Bosaipo. Os dois deputados estaduais estão sem partido. O primeiro foi eleito pelo PSDB. O segundo, pelo PL. O processo está em andamento.
O último depósito da Assembléia em favor da Confiança Factoring (R$ 77.500) foi feito em 3 de dezembro de 2002. Dois dias antes, a PF realizara operação de busca e apreensão de computadores e documentos nas empresas e nas casas de integrantes da quadrilha de Arcanjo, conhecido no Estado como 'comendador'.
Entre os papéis recolhidos pela PF na firma de factoring estavam 22 notas promissórias. Traziam a assinatura dos mesmos deputados Riva e Bosaipo.
Somavam R$ 15,4 milhões. A primeira promissória é de fevereiro de 1999. A última, de dezembro de 2000. Apreenderam-se também três cheques da Assembléia de Mato Grosso. Somavam R$ 1,04 milhão --R$ 348 mil cada.
Futebol
Em discurso que fez na Assembléia, em 9 de dezembro de 2002, o deputado Bosaipo afirmou: "Sou amigo pessoal do comendador e o nosso time de futebol já jogou partidas em sua chácara várias vezes. Agora que ele caiu em desgraça, não vou fugir da raia."
No mesmo dia, o deputado Riva disse que, quando assumira a mesa diretora da Assembléia, a Casa acumulava dívidas de R$ 40 milhões. "Essas notas [promissórias] foram um compromisso pessoal meu e do Bosaipo", disse.
A Confiança Factoring foi fundada em 1994. Pertence ao comendador e à mulher dele, Silvia Chirata Arcanjo Ribeiro. Em dezembro de 2000, os dois "venderam" a empresa para uma firma com sede no Uruguai, a Lyman, e para uma pessoa física chamada Edson Marques de Freitas. Ao investigar a venda, a PF descobriu que tratou-se de operação fictícia.
Relatório da Receita informa que os auditores detectaram movimentação de R$ 1 bilhão nas contas bancárias do comendador e de suas empresas entre 1997 e 2001. Chegou-se a esse valor a partir do cruzamento de dados relativos à CPMF, o imposto do cheque. Possui negócios em Mato Grosso, no Distrito Federal, no Uruguai e nos Estados Unidos.
Assembléia de MT colocou R$ 65 mi em empresa de Arcanjo
da Folha de S.Paulo, em Brasíliada Agência Folha, em Campo Grande
Empresas de factoring de João Arcanjo Ribeiro receberam R$ 65,2 milhões da Assembléia Legislativa de Mato Grosso e R$ 5,4 milhões da Prefeitura de João Pessoa (PB), segundo relatório do Banco Central.
Os repasses ocorreram entre 1998 e 2002 e foram descobertos graças à quebra do sigilo bancário das empresas de Arcanjo. Os dados constam de processo que apura, entre outros crimes, lavagem de dinheiro.
Uma empresa de factoring opera "comprando" cheques pré-datados. Em troca de comissões, antecipa o dinheiro aos comerciantes e mantém os cheques em carteira até a data do desconto.
Sustentada pelo contribuinte mato-grossense, a Assembléia Legislativa só recebe cheques do governo de Mato Grosso. Os R$ 65,2 milhões entregues à firma de factoring correspondem a 22% do dinheiro repassado pelo Estado no mesmo período: cerca de R$ 300 milhões. O Ministério Público busca explicações.
Depoimentos
A Justiça convocou para depor o atual presidente da Assembléia, José Geraldo Riva, e o antecessor dele, Humberto de Melo Bosaipo. Os dois deputados estaduais estão sem partido. O primeiro foi eleito pelo PSDB. O segundo, pelo PL. O processo está em andamento.
O último depósito da Assembléia em favor da Confiança Factoring (R$ 77.500) foi feito em 3 de dezembro de 2002. Dois dias antes, a PF realizara operação de busca e apreensão de computadores e documentos nas empresas e nas casas de integrantes da quadrilha de Arcanjo, conhecido no Estado como 'comendador'.
Entre os papéis recolhidos pela PF na firma de factoring estavam 22 notas promissórias. Traziam a assinatura dos mesmos deputados Riva e Bosaipo.
Somavam R$ 15,4 milhões. A primeira promissória é de fevereiro de 1999. A última, de dezembro de 2000. Apreenderam-se também três cheques da Assembléia de Mato Grosso. Somavam R$ 1,04 milhão --R$ 348 mil cada.
Futebol
Em discurso que fez na Assembléia, em 9 de dezembro de 2002, o deputado Bosaipo afirmou: "Sou amigo pessoal do comendador e o nosso time de futebol já jogou partidas em sua chácara várias vezes. Agora que ele caiu em desgraça, não vou fugir da raia."
No mesmo dia, o deputado Riva disse que, quando assumira a mesa diretora da Assembléia, a Casa acumulava dívidas de R$ 40 milhões. "Essas notas [promissórias] foram um compromisso pessoal meu e do Bosaipo", disse.
A Confiança Factoring foi fundada em 1994. Pertence ao comendador e à mulher dele, Silvia Chirata Arcanjo Ribeiro. Em dezembro de 2000, os dois "venderam" a empresa para uma firma com sede no Uruguai, a Lyman, e para uma pessoa física chamada Edson Marques de Freitas. Ao investigar a venda, a PF descobriu que tratou-se de operação fictícia.
Relatório da Receita informa que os auditores detectaram movimentação de R$ 1 bilhão nas contas bancárias do comendador e de suas empresas entre 1997 e 2001. Chegou-se a esse valor a partir do cruzamento de dados relativos à CPMF, o imposto do cheque. Possui negócios em Mato Grosso, no Distrito Federal, no Uruguai e nos Estados Unidos.
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