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03/07/2003
-
21h13
da Folha de S.Paulo, no Rio
A polícia do Rio deve indiciar amanhã o diretor-presidente e mais três funcionários do laboratório Enila, produtor do Celobar, sob a acusação de adulteração voluntária de medicamento com resultado de morte, crime hediondo com pena prevista de 20 a 30 anos de prisão. O Celobar, um contraste radiológico, causou a morte de uma pessoa no Rio e é suspeito de ter provocado pelo menos 14 mortes em outros Estados.
A informação sobre o indiciamento foi dada hoje pelo delegado Renato Nunes, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública. Nunes disse que aguarda apenas três laudos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), cujos resultados saem amanhã, para anunciar o fim das investigações.
Os laudos são relativos aos exames químico, de contabilidade e de informática do laboratório.
Segundo ele, os exames, no entanto, não irão alterar sua conclusão de que houve contaminação proposital do contraste radiológico. Além de Márcio D'Icarahy, diretor-presidente do laboratório, deverão ser indiciados o químico responsável do Enila, Antônio Carlos Fonseca, a farmacêutica Márcia Fernandes e o químico Wagner Teixeira.
De acordo com o delegado, a principal prova do inquérito é o laudo do IML (Instituto Médico Legal), que apontou uma grande quantidade de sal de bário --7,3 gramas, sendo que 5,7 gramas já são capazes de matar-- no corpo do técnico dentário do Rio Ricardo Diomedes, 57. Diomedes usou o Celobar para fazer um exame radiológico do estômago.
Para Nunes, que já vinha trabalhando com a hipótese de contaminação voluntária, o laudo descartou de vez a possibilidade de acidente, versão sustentada pelo laboratório. "Se tivesse sido um acidente, a quantidade de sal de bário seria residual, e não foi isso que verificamos."
Outro lado
Em seus depoimentos, D'Icarahy e Fonseca afirmaram que a contaminação do medicamento se deu a partir de uma experiência para tentar transformar carbonato de bário --tóxico-- em sulfato de bário, princípio ativo do contraste. O químico não teria lavado completamente o equipamento em que a experiência foi feita, usando-o em seguida para fabricar o Celobar.
O advogado Paulo Henrique Lins, que representa o Enila, disse que não iria se pronunciar sobre uma decisão que ainda não é oficial e que preferia aguardar o anúncio dos indiciamentos para falar sobre o assunto.
Com relação à decretação de falência do laboratório, decretada no dia 1º pelo Tribunal de Justiça do Rio, Lins respondeu que entrará com um recurso contra a decisão na próxima semana.
Especial
Leia mais notícias sobre riscos de medicamentos
Diretor do Enila será indiciado por mortes causadas pelo Celobar
SABRINA PETRYda Folha de S.Paulo, no Rio
A polícia do Rio deve indiciar amanhã o diretor-presidente e mais três funcionários do laboratório Enila, produtor do Celobar, sob a acusação de adulteração voluntária de medicamento com resultado de morte, crime hediondo com pena prevista de 20 a 30 anos de prisão. O Celobar, um contraste radiológico, causou a morte de uma pessoa no Rio e é suspeito de ter provocado pelo menos 14 mortes em outros Estados.
A informação sobre o indiciamento foi dada hoje pelo delegado Renato Nunes, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública. Nunes disse que aguarda apenas três laudos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), cujos resultados saem amanhã, para anunciar o fim das investigações.
Os laudos são relativos aos exames químico, de contabilidade e de informática do laboratório.
Segundo ele, os exames, no entanto, não irão alterar sua conclusão de que houve contaminação proposital do contraste radiológico. Além de Márcio D'Icarahy, diretor-presidente do laboratório, deverão ser indiciados o químico responsável do Enila, Antônio Carlos Fonseca, a farmacêutica Márcia Fernandes e o químico Wagner Teixeira.
De acordo com o delegado, a principal prova do inquérito é o laudo do IML (Instituto Médico Legal), que apontou uma grande quantidade de sal de bário --7,3 gramas, sendo que 5,7 gramas já são capazes de matar-- no corpo do técnico dentário do Rio Ricardo Diomedes, 57. Diomedes usou o Celobar para fazer um exame radiológico do estômago.
Para Nunes, que já vinha trabalhando com a hipótese de contaminação voluntária, o laudo descartou de vez a possibilidade de acidente, versão sustentada pelo laboratório. "Se tivesse sido um acidente, a quantidade de sal de bário seria residual, e não foi isso que verificamos."
Outro lado
Em seus depoimentos, D'Icarahy e Fonseca afirmaram que a contaminação do medicamento se deu a partir de uma experiência para tentar transformar carbonato de bário --tóxico-- em sulfato de bário, princípio ativo do contraste. O químico não teria lavado completamente o equipamento em que a experiência foi feita, usando-o em seguida para fabricar o Celobar.
O advogado Paulo Henrique Lins, que representa o Enila, disse que não iria se pronunciar sobre uma decisão que ainda não é oficial e que preferia aguardar o anúncio dos indiciamentos para falar sobre o assunto.
Com relação à decretação de falência do laboratório, decretada no dia 1º pelo Tribunal de Justiça do Rio, Lins respondeu que entrará com um recurso contra a decisão na próxima semana.
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