Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/07/2003 - 19h49

Sepultura do traficante Uê vira atração em cemitério no Rio

SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio

O cemitério São Francisco Xavier, no Caju (zona norte do Rio), tem uma nova atração: a sepultura do traficante Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê. Sob duas colunas romanas e um anjo barroco, a família instalou há dias no local um retrato em bronze de Uê. Na peça, o traficante tem as mãos algemadas e, com os polegares, faz o sinal de positivo.

Instalada na alameda central, a 30 m da entrada principal do cemitério, a sepultura de Uê também chama a atenção pelos arranjos florais. Parentes do traficante decoram o jazigo pelo menos uma vez por semana, com flores artificiais e naturais.

Uê foi morto no presídio Bangu 1 (zona oeste), em 11 de setembro do ano passado, por inimigos da facção criminosa CV (Comando Vermelho). Tinha 34 anos. Era o principal líder da facção ADA (Amigo dos Amigos), aliada do TC (Terceiro Comando) na "guerra do tráfico" disputada com as quadrilhas do CV.

Para instalar a sepultura na ala nobre do cemitério, a família de Uê gastou R$ 44 mil, informou a administração.

O carneiro (local onde o caixão é depositado, segundo o jargão funerário) custou R$ 35 mil. É perpétuo. Os restos de Uê não serão retirados da sepultura três anos após o enterro, como acontece com os corpos colocados em carneiros temporários. Os demais R$ 9.000 foram gastos com obras.

A sepultura de mármore também se destaca das demais pelo tom claro. Os jazigos e mausoléus vizinhos são negros e antigos. Muitos estão abandonados.

Na tampa do jazigo de Uê há vasos de mármore, com rosas, margaridas e monsenhores naturais e de plástico. As letras com os nomes do traficante e do sobrinho Eqberto, cujo corpo também está no jazigo, são douradas. Duas colunas romanas sustentam um arco, sob o qual foi colocado um anjo barroco de bronze.

Para garantir a limpeza diária da sepultura, parentes do traficante pagam R$ 150 por semana aos coveiros do cemitério, segundo a Folha apurou hoje no local.

As visitas dos parentes costumam acontecer sempre às segundas-feiras. Os funcionários disseram que costumam rezar à beira do túmulo a mulher, as irmãs de Uê e várias crianças.

O sobrinho enterrado no jazigo foi morto em uma chacina ocorrida em fevereiro deste ano. Eqberto tinha 17 anos e, segundo a polícia, integrava a quadrilha de traficantes do morro do Adeus (Ramos, zona norte), principal reduto do tio e onde a família vive até hoje.

Especial
  • Veja mais sobre o tráfico no Rio
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página