17/08/2000 - 19h43

Polícias identificam principal suspeito do sequestro de avião no Paraná

Reprodução Principal suspeito de ter comandado sequestro do avião da Vasp

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

As polícias Civil, Militar e Federal apontam Marcelo Moacir Borelli como o principal suspeito de liderar o grupo que sequestrou e assaltou um Boeing da Vasp ontem no Paraná. Borelli é considerado um dos maiores assaltantes de carro-forte do norte do Paraná, com atuação no interior de São Paulo.

O avião _um Boeing 737-200, prefixo PP-SMG_ ia de Foz do Iguaçu para Curitiba, Rio, Brasília e São Luís com 61 passageiros e 6 tripulantes. Cerca de 10 minutos depois do início do vôo foi anunciado o sequestro do avião, que teve sua rota desviada para Porecatu. O grupo levou R$ 5 milhões.

Borelli começou a ser apontado como o principal suspeito de comandar a quadrilha de cinco assaltantes depois de ter sido reconhecido, por meio de fotografias, por uma comissária de vôo.

O delegado federal Sandro Roberto Viana dos Santos, 31, confirmou que há semelhanças em detalhes da ação com outros roubos de Borelli. Oficialmente, porém, Santos negou que a funcionária tivesse reconhecido Borelli.

Nesta quinta-feira (17), no início da tarde, após uma denúncia anônima, a polícia encontrou uma picape Ranger branca, com placas falsas de Paranavaí (PR) e que teria sido usada pelos assaltantes na fuga. A picape estava em um canavial em Centenário do Sul (norte do PR), cidade próxima a Porecatu. Borelli é de Centenário.

O IC (Instituto de Criminalística) de Londrina também informou que o disparo no interior do Boeing saiu de uma pistola 635, semi-automática.r>

Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho, chefe-adjunto do instituto, disse que o disparo atingiu o trilho da cortina que separa a sala das comissárias dos passageiros. Um cartucho foi encontrado no chão do avião, e também era da pistola semi-automática.

Na tarde de ontem a PF trabalhava com a hipótese de Uel Leite de Souza, do grupo de Borelli, ser o homem identificado como piloto pela tripulação.

A Secretaria de Segurança Pública de Roraima, no entanto, informou que Souza cumpre pena na Colônia Agrícola Monte Cristo (distante 12 km de Boa Vista) desde fevereiro de 1999, quando foi preso em Americana (SP).

O chefe da divisão da PF em Londrina, João Luís do Prado, tinha ontem em sua mesa foto de outro possível piloto que seria do grupo de Borelli.

Ele não quis dar informações sobre o caso.

Em Foz do Iguaçu, a Polícia Federal trabalha com a hipótese de um funcionário do aeroporto internacional estar envolvido com o assalto já que todos os passageiros passaram por equipamentos de raio X e detector de metais.

Este funcionário teria entregue um pacote para um dos passageiros. O perito em seguros Wilson Rocha, 32, passageiro do vôo da Vasp, disse ter visto uma sacola ser jogada ao chão do avião por um dos integrantes da quadrilha.

A sacola, com a logomarca de uma empresa de telecomunicação, foi recolhida pelo IC de Londrina. Segundo Oliveira Filho, hoje já poderia ser identificada a impressão digital na sacola. A polícia trabalha com a hipótese de que a sacola seria o pacote entregue na pista do aeroporto de Foz a um dos assaltantes e poderia conter as armas utilizadas no sequestro e assalto do Boeing da Vasp.

Hoje, a Vasp e a PF continuavam com versões conflitantes sobre o número de passageiros a bordo do Boeing sequestrado. Enquanto a Vasp sustentava que eram 61 passageiros e 6 tripulantes, a PF mantinha a versão de 64 passageiros e 6 tripulantes.

A PF não liberou ontem a lista total de passageiros que embarcaram em Foz. Segundo o delegado Santos, a divulgação de nomes, "'além de dificultar as investigações, poderia prejudicar pessoas que tiveram seus nomes usados pelos assaltantes no momento da compra das passagens''. Ele disse não ter dúvidas de que as passagens foram compradas com nomes falsos pelos assaltantes.

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