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29/07/2003 - 04h02

Pesquisa aponta que 55% dos cariocas trocariam de cidade

ANTÔNIO GOIS
SABRINA PETRY

da Folha de S.Paulo, no Rio

A violência já faz a maioria dos cariocas admitir trocar de cidade. Além do desejo de mudança, o medo tem feito com que mais da metade dos moradores do Rio deixe de sair à noite e preste mais atenção às pessoas na rua.

Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa realizada neste ano pelo Instituto DataBrasil e pelo Núcleo de Estudos sobre Segurança e Política Criminal, ambos da Universidade Candido Mendes. O levantamento permite a comparação com o de 1999.

O índice de cariocas que admitiam a idéia de sair da cidade em 1999 era de 40%. Neste ano, os insatisfeitos já são maioria: 55%.

O estudo mostra também uma mudança nos hábitos. Em 1999, 39% dos entrevistados disseram que não saíam mais à noite com medo da violência. Neste ano, a porcentagem subiu para 55%.

Para a antropóloga Ana Paula Miranda, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Justiça Criminal e Segurança Pública do ISP (Instituto de Segurança Pública) do Rio, o medo não é infundado --os principais fatores são sensação de impunidade e falta de confiança na polícia. "A pessoa vê crimes sem solução e outros em que o culpado é punido, mas de forma muito branda."

Segundo o estudo, o maior medo do carioca é o de assalto (41%), seguido de tiroteio (34%). No segundo, está implícito o temor de ser atingido por bala perdida, explica o sociólogo David Morais, coordenador do estudo. "É reflexo das notícias. (...) As pessoas têm mais medo do que é difundido, do que está presente no seu cotidiano, apesar de o fato em si não fazer parte da sua vida."

Outro dado indica que aumentou a percepção da violência, apesar de ter caído o número de cariocas que disseram terem sido vítimas dela. Para 63% dos entrevistados, a violência no Rio é muito grande --em 1999, eram 51%.

Esse dado contrasta com a proporção de pessoas que disseram terem sido vítimas de violência, que teve queda de 43% para 36%.

Segundo Ana Paula Miranda, do ISP, apesar de índices como o de homicídio estarem apresentando trajetória descendente desde 1999, o medo das pessoas não tem acompanhado o movimento.

"Para se construir uma sensação de segurança, leva-se muito mais tempo do que para fazer cair a taxa de criminalidade", disse.

Apesar da insatisfação, a pesquisa mostra que o número de cariocas que dizem achar ótimo ou bom morar na cidade ainda supera os que afirmam ser ruim ou péssimo --49% contra 23% neste ano e 55% contra 21% em 1999.

O levantamento foi feito de 8 a 13 de maio, com 1.331 pessoas com 15 anos ou mais.


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