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14/08/2003
-
08h24
AMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo
A prefeita Marta Suplicy (PT) assinou ontem decreto que torna o edifício São Vito, eleito por ela como o símbolo do "pior" que existe em São Paulo, imóvel de interesse social. Ela apresentou ainda a proposta da reforma do prédio, estimada em R$ 8 milhões pela Secretaria da Habitação.
"Esse projeto vai ser um marco na cidade. Mostra como será possível recuperar um prédio e encaminhar soluções inovadoras para a população carente", discursou.
O projeto da reforma é assinado por dois arquitetos renomados: Roberto Loeb e Helena Saia. A fachada do prédio prevê uma obra do pintor Eduardo Sued, um dos mais importantes do país.
O plano inicial da prefeitura é desapropriar o prédio, num custo estimado em R$ 3,1 milhões, e revendê-lo à Caixa Econômica Federal. A Caixa financiaria a requalificação do espaço para os moradores, por meio do Par (Programa de Arrendamento Residencial), voltado para áreas de regiões centrais metropolitanas degradadas. Tanto que o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, assinou ontem um acordo com a prefeitura.
Parecia simples até os 300 moradores, reunidos no Salão Azul da prefeitura, começarem a despejar suas dúvidas:
1) E quem é dono do apartamento? Terá de pagar de novo por um imóvel que já quitou?
2) Onde serão alojados os moradores durante a reforma?
3) E quem não puder pagar o financiamento da Caixa?
O que deveria ser um ato festivo acabou em bate-boca entre o secretário de Habitação, Paulo Teixeira, e moradores receosos do que poderá acontecer com eles.
"O apartamento é tudo o que eu tenho na vida. Está tudo muito interrogativo. Ninguém entendeu nada", reclamou o cabeleireiro Joseni Santos Feitosa (leia abaixo). Foi ovacionado.
O processo legal de desapropriação não é menos complexo e também está mergulhado num poço de dúvidas. Teixeira disse que a desapropriação do prédio será encaminhada à Justiça neste mês ou no próximo, mas não sabe ainda se ela incluirá todos os apartamentos ou será restrita àqueles que são alugados.
O secretário ainda não sabe o que fazer com os que são proprietários dos apartamentos (se eles cedem o imóvel para reforma ou serão desapropriados também) nem onde ficarão os moradores durante a reforma.
Teixeira argumentou que esse tipo de dúvida é decorrente do ineditismo do processo. O país, segundo ele, não tem experiência na reforma de um prédio que tem 624 apartamentos distribuídos em 26 andares, no qual vivem 1.200 pessoas, segundo a Secretaria da Habitação (ou 3.094, na conta da síndica do prédio, Tânia Maria Torrico). "Se isso fosse fácil [o problema do São Vito], já teria sido resolvido", disse.
Uma das coisas certas, segundo ele, é que os moradores que não conseguem pagar o condomínio do São Vito serão transferidos para um prédio no Bresser, bairro vizinho ao parque Dom Pedro, com taxas menores.
O novo São Vito
O projeto de Helena Saia e Roberto Loeb para o São Vito prevê apartamentos maiores. Seriam de 35 m2 e 60 m2, em vez de 28 m2 e 30 m2. Eles não souberam explicar quantos apartamentos deixariam de existir para aumentar a área.
As construções do térreo serão destruídas para a criação de hall de acesso ao edifício. No mezanino será criada uma creche.
O primeiro pavimento abrigará uma espécie de setor de serviços, com lavanderia, barbeiro, mercado, bar, alfaiataria e sala de vídeo.
Na cobertura, deverá ser construída uma capela para São Vito, o santo padroeiro do prédio. Helena Saia, uma das mais respeitadas arquitetas do país em restauro histórico, diz que a idéia do projeto é criar um "prédio modelo". Loeb, autor dos projetos do Itaú Cultural e do Casa de Cultura de Israel, conta que seu objetivo foi mostrar que é possível produzir boa arquitetura que combata "o preconceito contra a pobreza".
Para acabar com o isolamento do prédio, uma das razões de sua deterioração, na interpretação do secretário da Habitação, será construída uma passarela ligando o São Vito ao Mercado Municipal.
Reforma do edifício São Vito é estimada em R$ 8 mi
MARIO CESAR CARVALHOAMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo
A prefeita Marta Suplicy (PT) assinou ontem decreto que torna o edifício São Vito, eleito por ela como o símbolo do "pior" que existe em São Paulo, imóvel de interesse social. Ela apresentou ainda a proposta da reforma do prédio, estimada em R$ 8 milhões pela Secretaria da Habitação.
"Esse projeto vai ser um marco na cidade. Mostra como será possível recuperar um prédio e encaminhar soluções inovadoras para a população carente", discursou.
O projeto da reforma é assinado por dois arquitetos renomados: Roberto Loeb e Helena Saia. A fachada do prédio prevê uma obra do pintor Eduardo Sued, um dos mais importantes do país.
O plano inicial da prefeitura é desapropriar o prédio, num custo estimado em R$ 3,1 milhões, e revendê-lo à Caixa Econômica Federal. A Caixa financiaria a requalificação do espaço para os moradores, por meio do Par (Programa de Arrendamento Residencial), voltado para áreas de regiões centrais metropolitanas degradadas. Tanto que o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, assinou ontem um acordo com a prefeitura.
Parecia simples até os 300 moradores, reunidos no Salão Azul da prefeitura, começarem a despejar suas dúvidas:
1) E quem é dono do apartamento? Terá de pagar de novo por um imóvel que já quitou?
2) Onde serão alojados os moradores durante a reforma?
3) E quem não puder pagar o financiamento da Caixa?
O que deveria ser um ato festivo acabou em bate-boca entre o secretário de Habitação, Paulo Teixeira, e moradores receosos do que poderá acontecer com eles.
"O apartamento é tudo o que eu tenho na vida. Está tudo muito interrogativo. Ninguém entendeu nada", reclamou o cabeleireiro Joseni Santos Feitosa (leia abaixo). Foi ovacionado.
O processo legal de desapropriação não é menos complexo e também está mergulhado num poço de dúvidas. Teixeira disse que a desapropriação do prédio será encaminhada à Justiça neste mês ou no próximo, mas não sabe ainda se ela incluirá todos os apartamentos ou será restrita àqueles que são alugados.
O secretário ainda não sabe o que fazer com os que são proprietários dos apartamentos (se eles cedem o imóvel para reforma ou serão desapropriados também) nem onde ficarão os moradores durante a reforma.
Teixeira argumentou que esse tipo de dúvida é decorrente do ineditismo do processo. O país, segundo ele, não tem experiência na reforma de um prédio que tem 624 apartamentos distribuídos em 26 andares, no qual vivem 1.200 pessoas, segundo a Secretaria da Habitação (ou 3.094, na conta da síndica do prédio, Tânia Maria Torrico). "Se isso fosse fácil [o problema do São Vito], já teria sido resolvido", disse.
Uma das coisas certas, segundo ele, é que os moradores que não conseguem pagar o condomínio do São Vito serão transferidos para um prédio no Bresser, bairro vizinho ao parque Dom Pedro, com taxas menores.
O novo São Vito
O projeto de Helena Saia e Roberto Loeb para o São Vito prevê apartamentos maiores. Seriam de 35 m2 e 60 m2, em vez de 28 m2 e 30 m2. Eles não souberam explicar quantos apartamentos deixariam de existir para aumentar a área.
As construções do térreo serão destruídas para a criação de hall de acesso ao edifício. No mezanino será criada uma creche.
O primeiro pavimento abrigará uma espécie de setor de serviços, com lavanderia, barbeiro, mercado, bar, alfaiataria e sala de vídeo.
Na cobertura, deverá ser construída uma capela para São Vito, o santo padroeiro do prédio. Helena Saia, uma das mais respeitadas arquitetas do país em restauro histórico, diz que a idéia do projeto é criar um "prédio modelo". Loeb, autor dos projetos do Itaú Cultural e do Casa de Cultura de Israel, conta que seu objetivo foi mostrar que é possível produzir boa arquitetura que combata "o preconceito contra a pobreza".
Para acabar com o isolamento do prédio, uma das razões de sua deterioração, na interpretação do secretário da Habitação, será construída uma passarela ligando o São Vito ao Mercado Municipal.
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