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19/08/2003
-
20h13
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O lavrador Valdemar Lopes, 39, saiu de casa, no último dia 14, para um exame de ouvido (ele sentia dores) na Policlínica Carlos Espírito Santo, em Montes Claros (a 417 km de Belo Horizonte). Voltou vasectomizado.
A vasectomia é uma pequena cirurgia que impede a liberação de espermatozóides pelo homem. Funciona como método anticoncepcional definitivo, já que nem sempre a reversão é possível. É realizada sem internação e não altera a atividade sexual.
De acordo com a gerência da policlínica, a troca de procedimentos foi causada por uma confusão na hora da chamada. A atendente teria chamado o paciente Aldemar Aparecido Rodrigues, 29. Mas o lavrador se apresentou em seu lugar.
Lopes passou pela cirurgia sem questionar a equipe médica. "Pensei que era caxumba e tinha descido. Mexeu lá, pensei nisso e não perguntei mais nada", disse.
No entanto, Lopes afirma nunca ter contraído caxumba, doença que, em adultos, pode causar inflamação nos testículos. "Deixei fazer o serviço e não falei mais nada."
O lavrador vive na zona rural de Montes Claros e percorreu mais de 30 km em ônibus e bicicleta até a policlínica. É analfabeto, casado e tem dois filhos.
O pedreiro Rodrigues, por sua vez, estava na clínica durante a chamada e afirma não ter ouvido seu nome. Só percebeu a confusão após horas de espera, quando reclamou e foi informado que sua cirurgia já havia sido realizada.
Segundo a gerente da policlínica, Vanessa Godinho, a partir de agora serão exigidos documentos de todos os pacientes, para evitar novos problemas. A clínica integra a rede municipal de saúde e realiza mais de 500 consultas/dia e cerca de 80 vasectomias por mês.
Sindicância
Para o secretário da Saúde, Eduardo Avelino, o fato foi um "incidente lamentável" e "simplório". Afirmou que uma sindicância foi aberta na secretaria para apurar o caso e que a reversão da cirurgia foi oferecida ao lavrador, que a recusou.
"Agora não adianta mais", justifica Lopes. Ele diz que a cirurgia foi desnecessária, já que sua mulher teria ligado as trompas há mais de dez anos. "Ela ficou igual cascavel, brava demais", disse.
O exame de ouvido do lavrador foi remarcado para quinta-feira. "Agora tenho até medo de ir até lá", afirmou Valdemar.
Com dor de ouvido, lavrador é submetido a vasectomia em Minas
THIAGO GUIMARÃESda Agência Folha, em Belo Horizonte
O lavrador Valdemar Lopes, 39, saiu de casa, no último dia 14, para um exame de ouvido (ele sentia dores) na Policlínica Carlos Espírito Santo, em Montes Claros (a 417 km de Belo Horizonte). Voltou vasectomizado.
A vasectomia é uma pequena cirurgia que impede a liberação de espermatozóides pelo homem. Funciona como método anticoncepcional definitivo, já que nem sempre a reversão é possível. É realizada sem internação e não altera a atividade sexual.
De acordo com a gerência da policlínica, a troca de procedimentos foi causada por uma confusão na hora da chamada. A atendente teria chamado o paciente Aldemar Aparecido Rodrigues, 29. Mas o lavrador se apresentou em seu lugar.
Lopes passou pela cirurgia sem questionar a equipe médica. "Pensei que era caxumba e tinha descido. Mexeu lá, pensei nisso e não perguntei mais nada", disse.
No entanto, Lopes afirma nunca ter contraído caxumba, doença que, em adultos, pode causar inflamação nos testículos. "Deixei fazer o serviço e não falei mais nada."
O lavrador vive na zona rural de Montes Claros e percorreu mais de 30 km em ônibus e bicicleta até a policlínica. É analfabeto, casado e tem dois filhos.
O pedreiro Rodrigues, por sua vez, estava na clínica durante a chamada e afirma não ter ouvido seu nome. Só percebeu a confusão após horas de espera, quando reclamou e foi informado que sua cirurgia já havia sido realizada.
Segundo a gerente da policlínica, Vanessa Godinho, a partir de agora serão exigidos documentos de todos os pacientes, para evitar novos problemas. A clínica integra a rede municipal de saúde e realiza mais de 500 consultas/dia e cerca de 80 vasectomias por mês.
Sindicância
Para o secretário da Saúde, Eduardo Avelino, o fato foi um "incidente lamentável" e "simplório". Afirmou que uma sindicância foi aberta na secretaria para apurar o caso e que a reversão da cirurgia foi oferecida ao lavrador, que a recusou.
"Agora não adianta mais", justifica Lopes. Ele diz que a cirurgia foi desnecessária, já que sua mulher teria ligado as trompas há mais de dez anos. "Ela ficou igual cascavel, brava demais", disse.
O exame de ouvido do lavrador foi remarcado para quinta-feira. "Agora tenho até medo de ir até lá", afirmou Valdemar.
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