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01/09/2003
-
22h08
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Folha de S.Paulo, no Rio
Depois de reencontrar o filho A.D., que fugiu de casa para se juntar aos guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), sua mãe, C.P., defendeu maior controle dos conteúdos da internet.
Antes de viajar, A.D., 14, fez várias consultas ao site das Farc. Ele foi localizado no sábado em Manaus (AM) pela Polícia Federal e pela Capitania dos Portos.
"Meu filho achou isso tudo num site de pesquisa escolar. A internet é um inimigo que entra na sua casa. Ao mesmo tempo, ela veio para ficar. É impossível barrar", afirmou Catarina, 43.
Segundo ela, é preciso que as autoridades façam alguma coisa para controlar tais conteúdos. Ela disse que, a partir de agora, também vai controlar os sites aos quais o filho tem acesso. Ao mesmo tempo, reconheceu que os meios de comunicação e a internet --por onde foram divulgados diariamente cerca de 800 e-mails pedindo informações-- ajudaram a localizar seu filho.
Segundo C., A.D. ouviu dos policiais um relato sobre a ação das Farc e se decepcionou. "Pensei que eles eram revolucionários e eles são de direita", afirmou ele, segundo sua mãe.
A Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil) continua investigando se A.D. concretizou algum contato com os guerrilheiros ou se agiu apenas por iniciativa própria. O computador será periciado. O garoto seria ouvido hoje pelos policiais.
Ao ser localizado, o garoto confirmou a intenção de se juntar aos guerrilheiros. Depois de economizar dinheiro por um ano, A.D. foi de ônibus do Rio até Belém (PA). Tomou um barco para Santarém (PA) e, de lá, outra embarcação para Manaus (AM). Pretendia chegar a São Gabriel da Cachoeira (AM) e entrar em território colombiano.
Segundo C., o filho não tem militância política. Certa vez, perguntou-lhe sobre as Farc. "Eu disse que em nome de grandes ideais as pessoas fazem grandes besteiras", afirmou a mãe.
A.D. fez na escola um trabalho sobre as Farc. A mãe disse acreditar que o tema foi escolhido pelo filho. Segundo ela, a direção da escola informou que, se o trabalho tivesse "algo aberrante", teria avisado a família.
C. disse que as sessões de terapia para o filho serão reforçadas. O garoto fazia terapia desde o ano passado, depois que ele e a mãe foram vítimas de um sequestro-relâmpago. Desde então, a família o achou mais arredio.
A mãe afirmou que não se sente culpada pelo que houve. Disse que o filho é um idealista e que tentará convencê-lo a canalizar sua energia e sua inteligência para outras atividades, como trabalhos voluntários de ajuda social.
Há hoje no Rio 173 crianças desaparecidas. De acordo com a Fia (Fundação da Infância e da Adolescência), o caso de A.D. foi o terceiro registrado como aliciamento pela internet.
Alerta
A psicanalista Cynthia Ladvocat, presidente da Associação e Terapia de Família do Rio de Janeiro, disse que a fuga de um adolescente sempre deve servir de alerta para as famílias, sem a preocupação de buscar culpados.
Para ela, quando um adolescente foge de casa, está buscando algo que julga ser impossível encontrar em seu mundo. "A gente tem de pensar o que está acontecendo com essa família", afirma.
De acordo com Ladvocat, não se deve pensar que o controle total --seja da internet, dos amigos ou das atitudes-- vai resolver o problema, até porque o controle total é impossível. Para ela, a família deve repensar suas atitudes e ver o impacto da fuga do jovem em seu cotidiano.
Mãe de rapaz que queria se unir às Farc pede controle na internet
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da Folha de S.Paulo, no Rio
Depois de reencontrar o filho A.D., que fugiu de casa para se juntar aos guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), sua mãe, C.P., defendeu maior controle dos conteúdos da internet.
Antes de viajar, A.D., 14, fez várias consultas ao site das Farc. Ele foi localizado no sábado em Manaus (AM) pela Polícia Federal e pela Capitania dos Portos.
"Meu filho achou isso tudo num site de pesquisa escolar. A internet é um inimigo que entra na sua casa. Ao mesmo tempo, ela veio para ficar. É impossível barrar", afirmou Catarina, 43.
Segundo ela, é preciso que as autoridades façam alguma coisa para controlar tais conteúdos. Ela disse que, a partir de agora, também vai controlar os sites aos quais o filho tem acesso. Ao mesmo tempo, reconheceu que os meios de comunicação e a internet --por onde foram divulgados diariamente cerca de 800 e-mails pedindo informações-- ajudaram a localizar seu filho.
Segundo C., A.D. ouviu dos policiais um relato sobre a ação das Farc e se decepcionou. "Pensei que eles eram revolucionários e eles são de direita", afirmou ele, segundo sua mãe.
A Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil) continua investigando se A.D. concretizou algum contato com os guerrilheiros ou se agiu apenas por iniciativa própria. O computador será periciado. O garoto seria ouvido hoje pelos policiais.
Ao ser localizado, o garoto confirmou a intenção de se juntar aos guerrilheiros. Depois de economizar dinheiro por um ano, A.D. foi de ônibus do Rio até Belém (PA). Tomou um barco para Santarém (PA) e, de lá, outra embarcação para Manaus (AM). Pretendia chegar a São Gabriel da Cachoeira (AM) e entrar em território colombiano.
Segundo C., o filho não tem militância política. Certa vez, perguntou-lhe sobre as Farc. "Eu disse que em nome de grandes ideais as pessoas fazem grandes besteiras", afirmou a mãe.
A.D. fez na escola um trabalho sobre as Farc. A mãe disse acreditar que o tema foi escolhido pelo filho. Segundo ela, a direção da escola informou que, se o trabalho tivesse "algo aberrante", teria avisado a família.
C. disse que as sessões de terapia para o filho serão reforçadas. O garoto fazia terapia desde o ano passado, depois que ele e a mãe foram vítimas de um sequestro-relâmpago. Desde então, a família o achou mais arredio.
A mãe afirmou que não se sente culpada pelo que houve. Disse que o filho é um idealista e que tentará convencê-lo a canalizar sua energia e sua inteligência para outras atividades, como trabalhos voluntários de ajuda social.
Há hoje no Rio 173 crianças desaparecidas. De acordo com a Fia (Fundação da Infância e da Adolescência), o caso de A.D. foi o terceiro registrado como aliciamento pela internet.
Alerta
A psicanalista Cynthia Ladvocat, presidente da Associação e Terapia de Família do Rio de Janeiro, disse que a fuga de um adolescente sempre deve servir de alerta para as famílias, sem a preocupação de buscar culpados.
Para ela, quando um adolescente foge de casa, está buscando algo que julga ser impossível encontrar em seu mundo. "A gente tem de pensar o que está acontecendo com essa família", afirma.
De acordo com Ladvocat, não se deve pensar que o controle total --seja da internet, dos amigos ou das atitudes-- vai resolver o problema, até porque o controle total é impossível. Para ela, a família deve repensar suas atitudes e ver o impacto da fuga do jovem em seu cotidiano.
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