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24/08/2000 - 15h27

Jornalista confessa crime, diz que ex-namorada o traía e é indiciado

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FABIANE LEITE
da Folha Online

O jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, 63, depôs nesta quinta-feira por quase quatro horas. Confessou que matou a ex-namorada, negou que o crime tenha sido premeditado e disse que matou porque Sandra Gomide, 32, o traía no campo profissional e pessoalmente. Afirmou também que atirou porque perdeu a cabeça. As informações são do promotor criminal Marcelo Milani, que acompanhou o depoimento. Os delegados que ouviram o jornalista ainda não falaram com a imprensa. Após depor, Pimenta Neves foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar).

O crime ocorreu no último domingo, em um haras na cidade de Ibiúna (70 km de São Paulo). Sandra foi morta com dois tiros, sendo um na cabeça, dados pelas costas.

O depoimento ocorreu no hospital Albert Einstein, onde Pimenta Neves está internado desde a noite de terça-feira. O jornalista disse que foi levado ao hospital após ter tentado se matar tomando 70 comprimidos de Lexotan (um sedativo) e outras 31 pílulas de outros medicamentos.

O réu confesso disse ainda que guardou as cápsulas das balas que utilizou para assassinar sua ex-namorada "como recordação". As cápsulas foram encontradas no bolso da calça com que o jornalista foi levado ao hospital.

Arma

Ainda segundo o promotor, Pimenta Neves disse ter comprado a arma do crime, um revólver calibre 38, por R$ 500. Afirmou que andava armado porque sofria ameaças. O jornalista afirmou que essas ameaças são comuns a todos os diretores de jornais, mas não as especificou. Pimenta Neves era diretor de redação do jornal "O Estado de S. Paulo".

Ele informou ainda aos policiais que pensou em se matar logo após o crime e que, depois de balear Sandra, passou horas andando de carro. Depois, foi resgatado por um amigo, cujo nome não quis revelar.

Pimenta Neves justificou o crime dizendo que Sandra o traiu profissionalmente e pessoalmente. Segundo o jornalista, no campo profissional, ela teria deixado de fazer uma reportagem sobre a companhia aérea Vasp, mesmo tendo informações para escrevê-la. As informações, segundo ele, apontavam que uma outra empresa que compraria a Vasp não estaria em boa situação financeira.

Pimenta Neves, no entanto, negou que perseguisse Sandra ou pessoas ligadas a ela.

Na área pessoal, o jornalista disse que Sandra o traia. Segundo Milani, Pimenta Neves informou ainda que se sentia usado pela ex-namorada. "Ele disse que ela era uma pessoa de pouca cultura e que com, a chegada dele, galgou posto que não tinha condições de assumir.", afirmou Milani.

O jornalista e Sandra trabalharam juntos nos jornais "Gazeta Mercantil" e "O Estado de S. Paulo". Em ambos ele ocupava cargo de direção.

O crime

O corpo da jornalista Sandra Gomide foi encontrado com dois tiros _um na cabeça e outro nas costas_ no domingo à tarde no Haras Setti, onde ela e Pimenta Neves mantinham cavalos.

Uma testemunha afirmou à polícia que viu Pimenta Neves manobrando o carro e saindo do local logo após ouvir uma discussão e disparos. "Não Pimenta, não", disse a jornalista, segunda a testemunha.

Há duas semanas, Sandra Gomide procurou a polícia para dar queixa do ex-namorado, alegando que havia sido agredida e ameaçada por ele em seu apartamento. No boletim de ocorrência, Sandra afirmou que Pimenta Neves havia invadido seu apartamento, se escondido no armário e a ameaçado com uma arma quando ela chegou em casa.

Segundo a família da jornalista, depois disso, ela resolveu trocar as fechaduras do apartamento e também passou a dormir na casa de familiares.

Ainda segundo os familiares, as ameaças e agressões começaram após o rompimento dos dois, que mantiveram um relacionamento por cerca de 3 anos.

A fuga

Segundo a polícia, após os disparos no haras, Pimenta Neves saiu do local em um Renault Clio. O carro foi encontrado abandonado pela polícia no final da noite de domingo a aproximadamente 3 km do local do homicídio.

Policiais apreenderam munição _dez balas de revólver calibre 38 e 32 para pistola calibre 380_ no sítio do jornalista em São Roque (SP). Também encontraram fitas cassetes, com supostas conversas entre ele e Sandra, que foram enviadas para perícia.

A polícia também pegou fitas da secretária eletrônica do apartamento de Sandra que teriam ameaças gravadas do jornalista. Um computador, que teria e-mails enviados por Pimenta Neves a ela, também foi apreendido

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