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13/11/2003
-
06h51
do Agora
"Senti vontade de olhar bem no fundo dos olhos deles para que eles tivessem consciência do estrago que fizeram, de graça." A enfermeira Lenice Silva Caffé, 51, fala --voz baixa e sofrida-- do que sentiu ao ver, pela TV, os acusados pelo assassinato de seu filho, o estudante Felipe Silva Caffé, 19. Leia a seguir a entrevista.
Agora - Como a sua família está?
Lenice Silva Caffé - Isso é indescritível. Eu não saio de casa. Estou desempregada e fico aqui dentro, só pensando nisso [no crime].
Agora - Como era o Felipe?
Lenice - Fanático por escola e futebol. Domingo passado, iria prestar vestibular. Mas já nem estava mais entre nós. Ele era um palhaço. Onde ele estivesse, não havia tristeza. Eu cheguei a perguntar se ele não ficava de mau humor. Ele disse: "Às vezes fico, mas isso não vale à pena".
Agora - O que a sra. sente hoje?
Lenice - Não tenho ódio, mas jamais perdoarei. Nada justifica tirar a vida. Mas ódio é faca de um gume só. Posso estar odiando, e ele não estar nem aí. Eu sofreria duas vezes: pela perda e pelo ódio.
Agora - O que a sra. achava de Liana [namorada de Felipe, que também foi morta]?
Lenice - Não a conheci.
Agora - A sra. acha que eles seriam felizes juntos?
Lenice - Acho que seria uma chuva de verão típica da idade. Eles estavam preocupados em viver bem aquele momento.
Agora - A sra. queria que o menor [R.A.A.C., 16, acusado do crime] fosse para a cadeia?
Lenice - Acredito que, se cometeu um crime, tem de ser punido, independentemente da idade. Crime é crime. Tirou a vida, tem de pagar como os outros.
Agora - O que a sra. sente em relação aos acusados?
Lenice - Não parei ainda para pensar. Mas, quando os vi pela TV, senti vontade de olhar bem no fundo dos olhos deles para que eles tivessem consciência do estrago que fizeram, de graça.
Agora - E com a família de Liana, a sra. falou?
Lenice - Falei com um amigo da família. Eles sentem a mesma dor que a gente. Aliás, não serve de alento para mim, mas eles sofreram até mais, pelas atrocidades que fizeram com essa menina.
Agora - E agora?
Lenice - A vida tem de continuar.
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"Senti vontade de olhar bem no fundo dos olhos deles para que eles tivessem consciência do estrago que fizeram, de graça." A enfermeira Lenice Silva Caffé, 51, fala --voz baixa e sofrida-- do que sentiu ao ver, pela TV, os acusados pelo assassinato de seu filho, o estudante Felipe Silva Caffé, 19. Leia a seguir a entrevista.
Agora - Como a sua família está?
Lenice Silva Caffé - Isso é indescritível. Eu não saio de casa. Estou desempregada e fico aqui dentro, só pensando nisso [no crime].
Agora - Como era o Felipe?
Lenice - Fanático por escola e futebol. Domingo passado, iria prestar vestibular. Mas já nem estava mais entre nós. Ele era um palhaço. Onde ele estivesse, não havia tristeza. Eu cheguei a perguntar se ele não ficava de mau humor. Ele disse: "Às vezes fico, mas isso não vale à pena".
Agora - O que a sra. sente hoje?
Lenice - Não tenho ódio, mas jamais perdoarei. Nada justifica tirar a vida. Mas ódio é faca de um gume só. Posso estar odiando, e ele não estar nem aí. Eu sofreria duas vezes: pela perda e pelo ódio.
Agora - O que a sra. achava de Liana [namorada de Felipe, que também foi morta]?
Lenice - Não a conheci.
Agora - A sra. acha que eles seriam felizes juntos?
Lenice - Acho que seria uma chuva de verão típica da idade. Eles estavam preocupados em viver bem aquele momento.
Agora - A sra. queria que o menor [R.A.A.C., 16, acusado do crime] fosse para a cadeia?
Lenice - Acredito que, se cometeu um crime, tem de ser punido, independentemente da idade. Crime é crime. Tirou a vida, tem de pagar como os outros.
Agora - O que a sra. sente em relação aos acusados?
Lenice - Não parei ainda para pensar. Mas, quando os vi pela TV, senti vontade de olhar bem no fundo dos olhos deles para que eles tivessem consciência do estrago que fizeram, de graça.
Agora - E com a família de Liana, a sra. falou?
Lenice - Falei com um amigo da família. Eles sentem a mesma dor que a gente. Aliás, não serve de alento para mim, mas eles sofreram até mais, pelas atrocidades que fizeram com essa menina.
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