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26/11/2003
-
03h17
CHICO DE GOIS
FERNANDO BARROS
da Folha de S.Paulo
Uma parte da história de São Paulo foi roubada na madrugada de ontem e deixou em silêncio uma igreja e um bairro. O badalo do "Sino da Independência", que em 1822 anunciou a proclamação da Independência do Brasil (daí o nome), foi retirado da torre da igreja de São Geraldo, no largo Padre Péricles, Perdizes, zona oeste de São Paulo.
O sino foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) em junho de 1972.
O conjunto, sino mais badalo, pesa 2.550 kg e tem 1,70 m de diâmetro e 1,75 m de altura. Dezoito quilos de ouro foram empregados no fundição do campanário --o que leva o padre José Augusto Schramm Brasil, 52, pároco da igreja, a desconfiar que o principal objetivo dos ladrões era o ouro, que não dá para ser retirado do sino. O badalo pesa de 50 a 60 quilos e é feito de ferro e chumbo.
Como era impossível levar o campanário inteiro, a menos que dispusessem de um guindaste, os bandidos acabaram fugindo apenas com o badalo.
Segundo o padre Brasil, os criminosos entraram na igreja de madrugada, pelos fundos. Depois de passar pelas duas primeiras portas, os ladrões desligaram o alarme e passaram por outras três, a última das quais dá acesso à torre. No chão, próximo a uma delas, havia vestígios de sangue. Depois disso, os ladrões tiveram de subir mais 35 metros. A polícia registrou o fato como furto e pediu uma perícia para o local.
Padre Brasil, que está nessa igreja há 22 anos, contou que os ladrões não levaram mais nada do local. A igreja ocupa todo o quarteirão da praça, situada no início da avenida Francisco Matarazzo e da rua Cardoso de Almeida.
Para o sacerdote, a cobiça teria sido despertada por uma reportagem, exibida em setembro passado, sobre as comemorações dos 450 anos do aniversário de São Paulo, em janeiro de 2004. A reportagem fazia referência aos 18 kg de ouro, mas não esclarecia que o metal estava dissolvido com o bronze apenas no sino.
A assessoria de imprensa do Condephaat afirmou que será aberto um processo para acompanhar a investigação --praxe do órgão quando há roubo de peças com valor histórico.
De acordo com a assessoria, por ser uma peça avulsa, e não um prédio, a entidade (no caso a igreja) que o detém é responsável por sua segurança.
O valor histórico do sino é atestado pelo Condephaat. Ele foi fundido em 1820 pelo artesão Francisco das Chagas Sampaio. Sua origem é incerta, mas acredita-se que tenha sido confeccionado na Bahia, que se distinguia na fabricação de campanários.
O "Sino da Independência" ficou durante muitos anos na catedral da Sé, ao lado de quatro outros campanários menores (sino das Almas, Meão, Colégio e Vem-vem). Em 1913, com a demolição da igreja, foi transferido para o Mosteiro da Luz e, em junho de 1942, doado à igreja de São Geraldo, que construiu uma torre especialmente para recebê-lo. Para içá-lo, foram necessários um guindaste e vários homens.
Parte de sino histórico é roubada em SP
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FERNANDO BARROS
da Folha de S.Paulo
Uma parte da história de São Paulo foi roubada na madrugada de ontem e deixou em silêncio uma igreja e um bairro. O badalo do "Sino da Independência", que em 1822 anunciou a proclamação da Independência do Brasil (daí o nome), foi retirado da torre da igreja de São Geraldo, no largo Padre Péricles, Perdizes, zona oeste de São Paulo.
O sino foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) em junho de 1972.
O conjunto, sino mais badalo, pesa 2.550 kg e tem 1,70 m de diâmetro e 1,75 m de altura. Dezoito quilos de ouro foram empregados no fundição do campanário --o que leva o padre José Augusto Schramm Brasil, 52, pároco da igreja, a desconfiar que o principal objetivo dos ladrões era o ouro, que não dá para ser retirado do sino. O badalo pesa de 50 a 60 quilos e é feito de ferro e chumbo.
Como era impossível levar o campanário inteiro, a menos que dispusessem de um guindaste, os bandidos acabaram fugindo apenas com o badalo.
Segundo o padre Brasil, os criminosos entraram na igreja de madrugada, pelos fundos. Depois de passar pelas duas primeiras portas, os ladrões desligaram o alarme e passaram por outras três, a última das quais dá acesso à torre. No chão, próximo a uma delas, havia vestígios de sangue. Depois disso, os ladrões tiveram de subir mais 35 metros. A polícia registrou o fato como furto e pediu uma perícia para o local.
Padre Brasil, que está nessa igreja há 22 anos, contou que os ladrões não levaram mais nada do local. A igreja ocupa todo o quarteirão da praça, situada no início da avenida Francisco Matarazzo e da rua Cardoso de Almeida.
Para o sacerdote, a cobiça teria sido despertada por uma reportagem, exibida em setembro passado, sobre as comemorações dos 450 anos do aniversário de São Paulo, em janeiro de 2004. A reportagem fazia referência aos 18 kg de ouro, mas não esclarecia que o metal estava dissolvido com o bronze apenas no sino.
A assessoria de imprensa do Condephaat afirmou que será aberto um processo para acompanhar a investigação --praxe do órgão quando há roubo de peças com valor histórico.
De acordo com a assessoria, por ser uma peça avulsa, e não um prédio, a entidade (no caso a igreja) que o detém é responsável por sua segurança.
O valor histórico do sino é atestado pelo Condephaat. Ele foi fundido em 1820 pelo artesão Francisco das Chagas Sampaio. Sua origem é incerta, mas acredita-se que tenha sido confeccionado na Bahia, que se distinguia na fabricação de campanários.
O "Sino da Independência" ficou durante muitos anos na catedral da Sé, ao lado de quatro outros campanários menores (sino das Almas, Meão, Colégio e Vem-vem). Em 1913, com a demolição da igreja, foi transferido para o Mosteiro da Luz e, em junho de 1942, doado à igreja de São Geraldo, que construiu uma torre especialmente para recebê-lo. Para içá-lo, foram necessários um guindaste e vários homens.
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