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28/12/2003
-
04h35
da Folha de S.Paulo
Carlos Reichenbach, ou Carlão, como é conhecido no meio, considera "Filme Demência" seu melhor trabalho e o mais paulistano de uma filmografia já bastante impregnada de São Paulo. "Em "Filme Demência" mostro os prédios da avenida Paulista, o edifício Itália, o Copan, como se a cidade estivesse engolindo o protagonista, Fausto. Como se o monstro engolisse o fausto."
Diretor que utiliza profissionais pouco conhecidos em televisão, entre os atores que Reichenbach mais identifica com a cidade está, em primeiro lugar, Adriano Stuart. "Não tem como pensar em São Paulo e não pensar em Adriano. Ele é a cara da cidade", diz. Ênio Gonçalves, ator de todos os seus filmes, é outro carregado de "paulistanidade".
"Como eu, Ênio é gaúcho e paulistaníssimo. É meu alter ego", diz Reichenbach. Ele aponta ainda como atores que personificam São Paulo Walmor Chagas, Gianfrancesco Guarnieri e Tarcísio Meira. Entre as atrizes, lembra logo de Bete Mendes. "Ela me vem à cabeça imediatamente como a Maria de "Eles Não Usam Black-Tie" (Leon Hirszman, 1981)."
Marisa Prado (1930-1982), estrela da extinta produtora Vera Cruz, representaria a paulista do interior, "mulher da terra, de pele morena".
Vanessa Alves, que também atuou em muitos filmes do diretor, é a versão feminina de Gonçalves, para Reichenbach: "É minha atriz-fetiche."
Ele conta que não foi fácil, em "Garotas do ABC", encontrar o rosto da mulher operária. "Tive que fazer teste atrás de teste." Embora garanta que prefere fazer filmes "sobre a classe média baixa", diz que não teria dúvidas ao escolher a atriz para uma trama sobre a elite de São Paulo. "Chamaria Ana Paula Arósio. Ela é a aristocrata paulistana perfeita."
Reichenbach ainda espera que o centro de São Paulo, "uma preciosidade", volte a efervescer como nos tempos da Boca-do-Lixo. "É necessário fazer fluir o sangue da cidade, o que só se consegue com as pessoas convivendo nas ruas", prega. "E outra coisa: imaginar São Paulo como uma pequena Nova York não é um elogio, mas um pejorativo. Ela tem personalidade própria."
São Paulo é o "monstro" que domina a tela
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Carlos Reichenbach, ou Carlão, como é conhecido no meio, considera "Filme Demência" seu melhor trabalho e o mais paulistano de uma filmografia já bastante impregnada de São Paulo. "Em "Filme Demência" mostro os prédios da avenida Paulista, o edifício Itália, o Copan, como se a cidade estivesse engolindo o protagonista, Fausto. Como se o monstro engolisse o fausto."
Diretor que utiliza profissionais pouco conhecidos em televisão, entre os atores que Reichenbach mais identifica com a cidade está, em primeiro lugar, Adriano Stuart. "Não tem como pensar em São Paulo e não pensar em Adriano. Ele é a cara da cidade", diz. Ênio Gonçalves, ator de todos os seus filmes, é outro carregado de "paulistanidade".
"Como eu, Ênio é gaúcho e paulistaníssimo. É meu alter ego", diz Reichenbach. Ele aponta ainda como atores que personificam São Paulo Walmor Chagas, Gianfrancesco Guarnieri e Tarcísio Meira. Entre as atrizes, lembra logo de Bete Mendes. "Ela me vem à cabeça imediatamente como a Maria de "Eles Não Usam Black-Tie" (Leon Hirszman, 1981)."
Marisa Prado (1930-1982), estrela da extinta produtora Vera Cruz, representaria a paulista do interior, "mulher da terra, de pele morena".
Vanessa Alves, que também atuou em muitos filmes do diretor, é a versão feminina de Gonçalves, para Reichenbach: "É minha atriz-fetiche."
Ele conta que não foi fácil, em "Garotas do ABC", encontrar o rosto da mulher operária. "Tive que fazer teste atrás de teste." Embora garanta que prefere fazer filmes "sobre a classe média baixa", diz que não teria dúvidas ao escolher a atriz para uma trama sobre a elite de São Paulo. "Chamaria Ana Paula Arósio. Ela é a aristocrata paulistana perfeita."
Reichenbach ainda espera que o centro de São Paulo, "uma preciosidade", volte a efervescer como nos tempos da Boca-do-Lixo. "É necessário fazer fluir o sangue da cidade, o que só se consegue com as pessoas convivendo nas ruas", prega. "E outra coisa: imaginar São Paulo como uma pequena Nova York não é um elogio, mas um pejorativo. Ela tem personalidade própria."
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