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11/01/2004 - 05h31

Esgoto ainda polui praias do litoral norte paulista

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da Folha de S.Paulo

Por rios e córregos, carregado pela chuva ou mesmo por vazamentos da rede pública, o esgoto ainda chega às praias do litoral norte paulista, onde 5 milhões de turistas devem circular durante a temporada em uma faixa de cerca de 200 km de costa com as piores condições sanitárias do Estado.

Praias que atraem boa parte do PIB paulista --caso de Maresias e Itamambuca-- ficam poluídas, em Juqueí e Barequeçaba o esgoto está à vista após o refluxo dos canos da Sabesp e alguns rios têm água proibida para banhos.

Cerca de 80% dos cursos d'água do litoral norte estão com concentração de coliformes fecais acima do limite de mil por 100 ml de água, segundo a Cetesb (agência ambiental paulista).

Todos eles chegam à orla. O rio São Francisco, em São Sebastião, cuja praia do mesmo nome está imprópria, chegou a 130 mil por amostra padrão.

Segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), havia no litoral norte, em 2000, três casas com fossas, valas e lançamento direto do esgoto em rios e no mar (47.325, no total) para cada casa ligada à rede (15.176 moradias). A rede coletora de efluentes chega a 14% das casas --no Estado, são 80%.

Somam-se a essa situação os depósitos de lixo: entre novembro e dezembro de 2003, as quatro prefeituras foram multadas em R$ 863 mil pela Cetesb pelos poluentes gerados pelos depósitos.

Os banhistas, porém, parecem não se preocupar. Segundo pesquisa realizada em 1999 pela Cetesb com 24 mil pessoas que estavam em pontos poluídos, 7,9% dos entrevistados entram na água mesmo com a praia imprópria.

Em 1996, o governo do Estado anunciou investimentos de R$ 276 milhões em saneamento no litoral, mas há lugares, como em Maresias, onde o projeto ainda não saiu do papel. Mesmo em locais onde a rede está pronta, como em Juqueí, o problema não terminou --segundo a associação de moradores, no dia 1º deste mês, o esgoto jorrou em direção ao mar durante oito horas.

De acordo com o subprefeito da Costa Sul de São Sebastião, Vágner Teixeira, o mesmo ocorreu em Boiçucanga no dia 27 de dezembro. Segundo ele, os moradores, ao perceberem que o esgoto transbordava e seguia em direção ao rio, fizeram uma vala de drenagem para evitar a contaminação.

A falta de energia elétrica teria provocado o transtorno, diz ele.
Em Juqueí, segundo a secretária da sociedade amigos, Regina Helena de Paiva Ramos, pelo menos três postos de visita localizados na rua onde ela mora tiveram vazamento de esgoto no último dia 31. Segundo ela, o problema, também causado pela falta de energia, se estendeu até o dia 2.

Em Maresias, que ficou imprópria no final de 2003 após cinco anos, a comunidade se mobilizou. "Instalamos uma operação caça-esgoto e encontramos em estabelecimentos e casas mais de 30 tipos de irregularidade", diz Wanderlei Nogueira, 49, presidente da Sociedade Amigos de Maresias.

Maresias enfrenta a situação mais crítica. Na luta desde 1991 pela implantação de uma rede de esgoto, só em 1998, diz Nogueira, foi feito um acordo com a Sabesp. A obra, orçada em R$ 20 milhões, pôde ser viabilizada por meio de parceria da prefeitura --que arcará com metade do valor, mas arrecadará contribuições dos moradores-- e da Sabesp.

Outro lado

A Sabesp e a Prefeitura de São Sebastião pretendem investir cerca de R$ 20 milhões em obras para melhorar a rede de esgoto na costa sul da cidade. Se isso ocorrer, o déficit no setor deve ser zerado até 2006. Após a entrega das obras, estarão atendidas as regiões de Maresias, Baleia, Barra do Saí e Paúba.

A Sabesp informou que, para o problema do vazamento de esgoto ser solucionado no bairro do Juqueí, em São Sebastião, cabe à prefeitura fazer com que as ruas do bairro estejam no mesmo nível dos postos de visita da rede. O secretário de Serviços Públicos do município, Ueneri Reich, disse que a prefeitura está aberta a parcerias com a Sabesp.
 

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