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25/01/2004
-
04h30
da Folha de S.Paulo
Apesar de ter eleito, pela segunda vez na história, uma prefeita mulher e de um partido supostamente de esquerda, o paulistano está cada vez mais conservador quando o assunto é pena de morte, aborto e maconha.
De acordo com os resultados obtidos pelo Datafolha, a conclusão é que o morador da cidade está mais conservador em relação a si próprio e em relação ao resto do país, com poucas exceções.
São a favor da adoção da pena de morte 59% dos que moram em São Paulo --eram 51% nas três pesquisas anteriores (2002, 2000 e 1997). No Brasil, a porcentagem atual diminui para 49%.
Situação similar acontece quando o assunto é prisão perpétua. Apóiam a pena 81% dos ouvidos em São Paulo (eram 76% em 2002), ante 72% dos ouvidos em outras capitais brasileiras. "Sabe o que é isso? O povo dizendo que não agüenta mais a situação atual da segurança pública e pedindo providências", diz Walter Abrahão Filho, 24, presidente do PFL Jovem do Estado de São Paulo.
Opinião diferente tem o deputado estadual Renato Simões (PT), ligado a movimentos de defesa dos direitos humanos, para quem o humor da pesquisa no que toca à segurança está contaminado pela repercussão que teve o caso do assassinato dos adolescentes Liana Friedenbach e Felipe Silva Caffé, em novembro de 2003.
"Esses indicadores mostram que a população reage de forma instintiva ao aumento da violência, evidenciado por um crime bárbaro como aquele", acredita o deputado estadual. "A tendência é, nos próximos levantamentos, esses índices diminuírem."
É curioso notar como historicamente houve uma inversão de valores provocada provavelmente pelo aumento da criminalidade. Pesquisa realizada em 1989 pelo Datafolha trazia a maioria dos paulistanos contrários à pena capital (73%), com 22% a favor.
Ligeiramente em alta é também o total de moradores de São Paulo que são contrários à descriminalização da maconha: 82% (eram 79% em 1997 e 80% em 1994). "Isso deve mudar", acredita Vandré Fernandes, 30, presidente estadual da União Juventude Socialista, para quem São Paulo já deu uma guinada à esquerda na área política, elegendo Marta e Lula. "Agora a área comportamental deve acompanhar aos poucos."
É na questão relacionada ao aborto, no entanto, que está a mudança mais significativa, com um aumento na aprovação da lei atual --intervenção só permitida em caso de estupro ou risco de morte da gestante-- de 37% (em 1994) para os atuais 63%. "É impressionante, mas esperado", disse a psicanalista Miriam Chnaiderman. "São Paulo está virando uma cidade de limites."
Mas existem graus e graus de conservadorismo, e três enquetes específicas parecem relativizar o fenômeno, colocando o paulistano em posição mais liberal do que os ouvidos em oito Estados brasileiros mais o Distrito Federal.
Com a frase "Se Deus fez raças diferentes, é para que elas não se misturem", apenas 11% dos paulistanos disseram concordar --foram 16% no resto do país. O mesmo ocorreu com "Uma boa coisa do povo paulistano é a mistura de raças". Dos que habitam a cidade, 88% concordam com a assertiva; já para os demais, só 75% a acham correta.
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Em questões morais, conservadorismo é predominante entre paulistanos
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Apesar de ter eleito, pela segunda vez na história, uma prefeita mulher e de um partido supostamente de esquerda, o paulistano está cada vez mais conservador quando o assunto é pena de morte, aborto e maconha.
De acordo com os resultados obtidos pelo Datafolha, a conclusão é que o morador da cidade está mais conservador em relação a si próprio e em relação ao resto do país, com poucas exceções.
São a favor da adoção da pena de morte 59% dos que moram em São Paulo --eram 51% nas três pesquisas anteriores (2002, 2000 e 1997). No Brasil, a porcentagem atual diminui para 49%.
Situação similar acontece quando o assunto é prisão perpétua. Apóiam a pena 81% dos ouvidos em São Paulo (eram 76% em 2002), ante 72% dos ouvidos em outras capitais brasileiras. "Sabe o que é isso? O povo dizendo que não agüenta mais a situação atual da segurança pública e pedindo providências", diz Walter Abrahão Filho, 24, presidente do PFL Jovem do Estado de São Paulo.
Opinião diferente tem o deputado estadual Renato Simões (PT), ligado a movimentos de defesa dos direitos humanos, para quem o humor da pesquisa no que toca à segurança está contaminado pela repercussão que teve o caso do assassinato dos adolescentes Liana Friedenbach e Felipe Silva Caffé, em novembro de 2003.
"Esses indicadores mostram que a população reage de forma instintiva ao aumento da violência, evidenciado por um crime bárbaro como aquele", acredita o deputado estadual. "A tendência é, nos próximos levantamentos, esses índices diminuírem."
É curioso notar como historicamente houve uma inversão de valores provocada provavelmente pelo aumento da criminalidade. Pesquisa realizada em 1989 pelo Datafolha trazia a maioria dos paulistanos contrários à pena capital (73%), com 22% a favor.
Ligeiramente em alta é também o total de moradores de São Paulo que são contrários à descriminalização da maconha: 82% (eram 79% em 1997 e 80% em 1994). "Isso deve mudar", acredita Vandré Fernandes, 30, presidente estadual da União Juventude Socialista, para quem São Paulo já deu uma guinada à esquerda na área política, elegendo Marta e Lula. "Agora a área comportamental deve acompanhar aos poucos."
É na questão relacionada ao aborto, no entanto, que está a mudança mais significativa, com um aumento na aprovação da lei atual --intervenção só permitida em caso de estupro ou risco de morte da gestante-- de 37% (em 1994) para os atuais 63%. "É impressionante, mas esperado", disse a psicanalista Miriam Chnaiderman. "São Paulo está virando uma cidade de limites."
Mas existem graus e graus de conservadorismo, e três enquetes específicas parecem relativizar o fenômeno, colocando o paulistano em posição mais liberal do que os ouvidos em oito Estados brasileiros mais o Distrito Federal.
Com a frase "Se Deus fez raças diferentes, é para que elas não se misturem", apenas 11% dos paulistanos disseram concordar --foram 16% no resto do país. O mesmo ocorreu com "Uma boa coisa do povo paulistano é a mistura de raças". Dos que habitam a cidade, 88% concordam com a assertiva; já para os demais, só 75% a acham correta.
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