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20/02/2004 - 04h27

São Paulo canta sua história com sotaque carioca

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SIMONE IWASSO
ALENCAR IZIDORO

da Folha de S.Paulo

O Carnaval paulistano terá a história de São Paulo como tema único dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, numa homenagem aos 450 anos da cidade, mas haverá um sotaque diferente por trás dos carros alegóricos, fantasias e alegorias que estarão a partir da noite de hoje no Sambódromo do Anhembi.

Não são paulistanos, mas cariocas, muitos dos quais continuam vivendo no Rio, os carnavalescos que prepararam a forma como a maioria das escolas de samba vai falar da culinária, da formação dos bairros, das religiões, do café, da culinária, dos migrantes, da arte, de personagens e fatos históricos da São Paulo de Piratininga aos tempos de hoje.

Agremiações que costumeiramente são elencadas como favoritas, como Gaviões da Fiel (campeã de 2003), Vai-Vai (recordista de títulos, com 12 vitórias) e Rosas de Ouro, trocaram seus profissionais responsáveis pelos desfiles, delegando a tarefa a carnavalescos que já acumulam a experiência da Marquês de Sapucaí.

Elas não são as únicas: Mocidade Alegre, Águia de Ouro, X-9 Paulistana e Barroca Zona Sul são mais alguns exemplos.

A "importação" de profissionais do Carnaval do Rio de Janeiro não é nova, mas desperta a atenção neste ano não apenas pelas recentes aquisições como por trazer um desafio extra, já que eles foram obrigados a contar uma história que não lhes é familiar.

Um exemplo é do estreante na festa paulistana, Lane Santana, 29, carnavalesco carioca da Vai-Vai. Para "saber do que estava falando", ele foi morar no Bexiga, pesquisou a história, perambulou pelas ruas, travou conversas com moradores tradicionais e freqüentou a vida noturna do bairro.

Formado em artes plásticas e ex-assistente de Joãosinho Trinta, Santana começou a carreira na São Clemente, do Rio. "Foi um desafio chegar em um lugar em que você não conhece nada e criar um enredo", comenta.

Existem várias explicações para a presença cada dia mais comum de profissionais do samba do Rio no Sambódromo de São Paulo. A primeira, e mais óbvia, é a tradição da festa carioca, onde os trabalhos carnavalescos se estendem pelo ano inteiro, em contraposição à falta de mão-de-obra especializada na capital paulista.

Os desfiles paulistanos também são vistos como uma oportunidade de volta ao topo para aqueles que perderam espaço na elite do Carnaval do Rio. "E também é melhor financeiramente", diz Nelson Ferreira, 32, carnavalesco da Mocidade Alegre e que veio a São Paulo depois de trabalhar por quatro anos como assistente de Joãosinho Trinta na Viradouro.

Para Tito Arantes, 31, São Paulo deu a oportunidade de galgar degraus na escala carnavalesca, após oito anos como assistente na Mocidade Independente de Padre Miguel. "Vim para cá há sete anos, passei por várias escolas. Foi a chance de assinar um enredo."

Pelo segundo ano à frente da Águia de Ouro, Arantes diz que não sentiu dificuldades para falar do tema. "Não sou paulistano, mas moro aqui, já conheço os jeitos e trejeitos da cidade", diz.

Com uma trajetória diferente, Fábio José Borges, 44, alugou uma casa em São Paulo para criar a apresentação da Rosas de Ouro. Goiano, mas morador do Rio de Janeiro, Borges usa a experiência de quem já assumiu os desfiles da Mangueira e do Salgueiro.

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