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24/03/2004 - 03h45

Estudo vê problemas em bula de remédio

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MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Um estudo feito por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da USP (Universidade de São Paulo) apontou uma série de problemas em bulas de medicamentos usados no tratamento de rinites (inflamação da mucosa nasal).

Letras pequenas e ilegíveis e o uso de termos técnicos e abreviaturas, que dificultam a compreensão do texto por parte do usuário, são alguns dos problemas relacionados pela pesquisa.

Hoje, termina o prazo dado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que os laboratórios encaminhem novos projetos de bulas com as regras estabelecidas pelo órgão na Resolução 140, de junho do ano passado. A nova legislação prevê letras maiores e o uso de linguagem mais simples no item que relaciona as informações ao paciente. As bulas passarão por uma análise.

Os pesquisadores analisaram bulas de 25 medicamentos, entre genéricos e marcas de referência (remédios convencionais). Eles só revelaram os princípios ativos dos medicamentos, não os nomes comerciais nem os fabricantes.

O estudo constatou que 18 bulas foram impressas com letras muito pequenas, inferiores ao tamanho considerado ideal (fonte Arial corpo oito) para os textos. Outras quatro bulas foram grafadas em letra azul. De acordo com uma das autoras do estudo, a otorrinolaringologista Aracy Balbani, esses fatores dificultam a leitura, principalmente para pessoas com problemas visuais e idosos.

O estudo indicou que seis das bulas analisadas usaram termos técnicos no item informação ao paciente. Em uma delas, por exemplo, foi usada a expressão "coceira no palato", que, para os pesquisadores, deveria ser substituída por "coceira no céu da boca", de uso coloquial.

Outra bula apresentava o termo "ação anti-histamínica", que, de acordo com os pesquisadores, é o mesmo que efeito antialérgico.
Para Balbani, o abuso de termos técnicos nas informações para pacientes é "grosseiro". "Em um país onde há muitas pessoas com baixa escolaridade, as bulas precisam ter linguagem coloquial e desenhos para facilitar a compreensão", afirmou.

O estudo descobriu também que 15 das 25 bulas analisadas não apresentavam informações sobre reações adversas ou possíveis alterações de exames laboratoriais que podem ser provocadas.

Em 13 bulas, foi verificada a ausência do sub-item "pacientes idosos" na informação técnica (para médicos). Os pesquisadores também constataram a utilização de abreviaturas no item informação ao paciente. Em uma bula, estava escrito SNC em vez de sistema nervoso central.

Contradições

Os pesquisadores encontraram em uma mesma bula orientações confusas para médicos e pacientes. Para o paciente, por exemplo, havia a orientação para que não utilizasse o produto por "longos períodos". Já a informação técnica dizia que o uso por mais de duas semanas era desaconselhável. Os textos podem confundir usuários, dizem pesquisadores.

Ao comparar as bulas de duas marcas de um mesmo medicamento, os autores do estudo descobriram discrepâncias em informações sobre o uso na gravidez.

Uma bula indicava que seu uso não era recomendado durante a gestação. A outra informava que poderia ser usado na gravidez, desde que o benefício para a mãe justificasse o risco para o feto.
 

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