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15/04/2004 - 12h57

Secretaria analisa denúncias sobre agressão de PMs na Rocinha

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo, no Rio

A Secretaria Estadual de Direitos Humanos analisa as denúncias feitas por moradores da favela da Rocinha, na zona sul do Rio, contra policiais militares que estariam praticando agressões, extorsões e invasão de casas sem autorização. A corporação nega irregularidades na conduta dos soldados.

Representantes da secretaria, da PM e da associação de moradores do local se reuniram nesta quinta-feira para conversar sobre o caso. Os moradores deverão, a partir de agora, permanecer em contato constante com representantes da secretaria e da Ouvidoria da PM.

Conforme a secretaria, foram feitas mais de cem denúncias contra os policiais que ocupam a Rocinha nos últimos três dias.

As supostas extorsões teriam sido impostas a motoqueiros que trabalham no serviço de mototáxi na favela. Segundo um deles, que não quis se identificar, os policiais cobram propinas de R$ 3 a R$ 5.

Quem não paga ficaria impedido de transportar pessoas pelo morro e ainda correria o risco de ter o pneu da moto cortado pelos policiais, de acordo com a denúncia do motoqueiro.

O motoqueiro Antônio Francisco de Lima, 22, que também presta serviços a uma cooperativa de mototáxi, afirmou ter sido levado para um beco na favela por PMs do Bope (Batalhão de Operações Especiais), onde teria sofrido agressões e ameaças de morte.

Ele disse que os policias o forçaram a dizer os locais onde poderiam estar escondidos traficantes e armas. "Eles me enforcaram e disseram que me matariam com uma faca", declarou.

O estudante Davi Souza Carvalho, 17, afirmou que estava na rua quando policiais do Bope chegaram e começaram a agredi-lo.

"Os policiais me bateram com a pistola no peito, na cabeça. Ainda me deram uma banda [rasteira]", afirmou o estudante, que tinha ferimentos pelo corpo.

Fuga

Por medo da guerra provocada pelo tráfico, a doceira Renata Queiroz Freire, 23, deixou a Rocinha e se mudou para a casa da mãe, em Irajá (zona norte).

Logo quando chegou a Irajá, ela recebeu o telefonema de vizinhos que lhe disseram que a PM tinha invadido a sua casa e levado os seus pertences.

Quando chegou ao local na tarde desta quarta-feira, encontrou o imóvel completamente revirado e sem seus aparelhos de DVD e videocassete. "Levaram tudo de dentro da minha casa. A polícia está aqui para me proteger e fica aqui me roubando", disse ela.

O motoboy Cristiano Martins, 29, afirmou que o Bope invadiu a sua casa pela manhã e quebrou a bomba de água.

Segundo o presidente da União Pró-Melhoramentos da Rocinha, William de Oliveira, pelo menos 30 famílias deixaram a favela desde sexta-feira por medo de novos tiroteios e da truculência policial.

Outro lado

O comandante do 23º Batalhão, tenente-coronel Jorge Braga, disse que a polícia só está entrando nas casas se tiver a autorização dos moradores.

Quanto às acusações de invasão e agressão, ele disse que as pessoas devem procurar a polícia para registrar queixa.

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