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16/04/2004
-
22h34
ELAINE COTTA
enviada especial a Una (BA)
O governo federal, sozinho, não tem como acabar com o tráfico de drogas, segundo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que participou nesta sexta-feira do "3º Fórum Empresarial", na ilha de Comandatuba (BA). Para ele, o problema só será solucionado se houver uma mobilização nacional para combater o consumo de drogas no país, a começar pela classe média.
FHC disse que "se há tráfico e contrabando de drogas é porque há quem consome [...] esse é um problema da classe média. Quem usa droga é o rico, não é o pobre. Esta é uma questão que não só o governo tem de enfrentar", afirmou o ex-presidente ao responder uma pergunta sobre como acabar com o clima de insegurança pelo qual passa o país, especialmente a cidade do Rio de Janeiro.
"Se não houver uma mobilização nacional, a questão não se resolve. Esperar o governo não vai solucionar e isso inclui não só o governo federal, os estaduais também", disse.
A disputa pelos pontos-de-venda de drogas na favela da Rocinha, zona sul do Rio, e os confrontos de traficantes com a polícia deixaram pelo menos 12 mortos nos últimos dias, incluindo o líder do tráfico no local, Luciano Barbosa da Silva, o Lulu.
Banalização
O ex-presidente criticou ainda a falta de um movimento de "repulsa" à violência dentro da sociedade brasileira. Ele questionou o que chamou de "banalização da morte" no Brasil e citou como exemplo os protestos populares da Argentina.
"Na Argentina, uma pessoa morre e 300 mil vão às ruas para protestar. Aqui, isso [a morte de pessoas] virou normal", afirmou. FHC disse ainda que a questão da violência é o problema mais grave do país e o mais difícil de ser enfrentado.
"É tudo muito complicado. Não há convergência entre os comandos policiais. Há sabotagem dentro da própria Polícia Federal, a Polícia Militar briga com a Civil e há ainda a corrupção. Além disso, os bandidos estão presos mas continuam comandando o tráfico", afirmou.
Fernando Henrique citou ainda as dificuldades que o Brasil tem para vistoriar as fronteiras e evitar o contrabando, principalmente o de armas.
"São 16 mil quilômetros de fronteiras só por terra. Os EUA têm uma fronteira de três quilômetros com o México e não conseguem impedir o contrabando com todas os recursos que eles têm", disse.
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enviada especial a Una (BA)
O governo federal, sozinho, não tem como acabar com o tráfico de drogas, segundo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que participou nesta sexta-feira do "3º Fórum Empresarial", na ilha de Comandatuba (BA). Para ele, o problema só será solucionado se houver uma mobilização nacional para combater o consumo de drogas no país, a começar pela classe média.
FHC disse que "se há tráfico e contrabando de drogas é porque há quem consome [...] esse é um problema da classe média. Quem usa droga é o rico, não é o pobre. Esta é uma questão que não só o governo tem de enfrentar", afirmou o ex-presidente ao responder uma pergunta sobre como acabar com o clima de insegurança pelo qual passa o país, especialmente a cidade do Rio de Janeiro.
"Se não houver uma mobilização nacional, a questão não se resolve. Esperar o governo não vai solucionar e isso inclui não só o governo federal, os estaduais também", disse.
Tuca Vieira/Folha Imagem |
Ex-presidente Fernando Henrique, durante fórum |
Banalização
O ex-presidente criticou ainda a falta de um movimento de "repulsa" à violência dentro da sociedade brasileira. Ele questionou o que chamou de "banalização da morte" no Brasil e citou como exemplo os protestos populares da Argentina.
"Na Argentina, uma pessoa morre e 300 mil vão às ruas para protestar. Aqui, isso [a morte de pessoas] virou normal", afirmou. FHC disse ainda que a questão da violência é o problema mais grave do país e o mais difícil de ser enfrentado.
"É tudo muito complicado. Não há convergência entre os comandos policiais. Há sabotagem dentro da própria Polícia Federal, a Polícia Militar briga com a Civil e há ainda a corrupção. Além disso, os bandidos estão presos mas continuam comandando o tráfico", afirmou.
Fernando Henrique citou ainda as dificuldades que o Brasil tem para vistoriar as fronteiras e evitar o contrabando, principalmente o de armas.
"São 16 mil quilômetros de fronteiras só por terra. Os EUA têm uma fronteira de três quilômetros com o México e não conseguem impedir o contrabando com todas os recursos que eles têm", disse.
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