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17/04/2004 - 02h35

Para amigos, traficante Maurinho era "bom menino" e deixa saudades

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da Folha de S.Paulo, no Rio

Morador do beco 38 da rua 3 da Rocinha, o traficante Mauro Barbosa Casemiro, 20, ficou famoso ao sair da favela em que nasceu levado em um carrinho de mão, após ser morto pela polícia, na segunda-feira, dia 12.

A história dele, como tantas outras da Rocinha, tem muitos percalços. A Folha ouviu amigos e pessoas que conviveram com Maurinho desde a infância. A família não foi localizada. Saiu da favela após a morte.

O pai, que tinha "problemas com bebida", morreu em 1994, de cirrose. O jovem estudou, segundo seus amigos, até a 5ª série do ensino fundamental.

História nebulosa

No protocolo do corpo no Instituto Médico Legal, a profissão citada é a de estudante. A informação foi dada por um tio.

O início no tráfico é nebuloso, a maioria não sabe dizer ao certo --e, quem sabe, não fala. Um vizinho, que disse ter brincado com ele quando eram crianças, pediu: "Escreve só isto: saudades de um grande amigo".

Maurinho era pai de um menino de dois anos, Davidson, que mora com a mãe, ex-namorada do morto. A Folha não conseguiu encontrá-la. Na casa de outra ex-namorada, ninguém abriu a porta. Pelo relato dos amigos, o filho se parece com ele. "Só o chamo de Maurinho Júnior", contou um deles.

Versões da morte

Como em outras situações, os moradores relatam que Mauro foi assassinado pela polícia quando dormia. No dia 12, a versão oficial era a de que PMs foram recebidos a tiros pelo traficante, escondido em uma casa na favela. Os policiais teriam revidado, e Maurinho morreu com um tiro no peito.

Para vizinhos e amigos, era uma pessoa calma. Ninguém nega sua relação com o tráfico. "Aqui ele era um bom menino, o que ele fazia aí fora não é da minha conta", diz uma vizinha.

A casa de alvenaria em que morava fica no beco do beco. A "rua 3" é uma viela íngreme, estreita e fechada, e não passam carros. A rua sai do lado do posto policial na estrada da Gávea, que corta a favela. O beco 38 fica um quilômetro rua 3 abaixo.

"Isso não se faz"

A mãe e uma irmã também moravam na casa. O traficante aparecia lá freqüentemente, mas sua estadia era incerta. A mãe, empregada doméstica, teria tido câncer há quatro anos.

A imagem do corpo de Maurinho dentro de um carrinho de mão sendo empurrado por policiais pela rua do Valão, uma das mais movimentadas da favela, ficará na memória da Rocinha. "Isso aí não se faz nem com um cachorro", falou um amigo.

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