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06/09/2000 - 19h19

Anistia diz ter alertado Ministério da Justiça sobre ameaças

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RICARDO GRINBAUM
da Folha de S.Paulo, em Londres

Há quase um ano, a polícia de São Paulo sabe das ameaças contra José Eduardo Bernardes da Silva, militante da Anistia Internacional que recebeu um pacote com uma bomba na segunda-feira.

Os policiais tinham cartas manuscritas e gravação das vozes de quem fez as ameaças, mas não resolveram o problema.

Desde junho, segundo a organização, o Ministério da Justiça também foi informado das ameaças, mas o funcionário da Anistia continuou sendo intimidado.

"Estamos muito desapontados", diz o diretor da Anistia Internacional responsável pelas Américas, Javier Zuniga. "Nós cooperamos o máximo que pudemos, demos todas as informações, mas esperávamos uma resposta mais forte das autoridades."

Mais do que isso. O grupo responsável pela ameaça e pela bomba deu a entender que conseguiu informações com a polícia. "Precisam falar para a polícia ficar de boca fechada. Eles (os policiais) são melhores do que jornal", diz uma das cartas de ameaça assinadas pelo grupo que se auto-intitula Frente Anti-Caos (FAC).

Essa carta foi entregue por uma pessoa no escritório da Anistia Internacional em Porto Alegre, onde Silva estava refugiado depois de ser alvo de várias ameaças em São Paulo.

Poucas pessoas sabiam da transferência de Silva para Porto Alegre, uma tentativa de escapar da perseguição dos grupos de neo-nazistas.

O escritório paulista da Anistia Internacional, e Silva, em particular, começou a sofrer ameaças e ataques no segundo semestre do ano passado. Em 27 de setembro de 1999, uma bomba foi enviada para o escritório da Anistia.

A Secretaria da Segurança Pública foi imediatamente acionada. Ao mesmo tempo em que a secretaria começava a investigar o caso, as ameaças e agressões se multiplicavam. Em 30 de setembro, Silva estava guiando uma motocicleta quando foi atingido propositalmente por um carro, segundo a Anistia.

Em 4 de outubro, o funcionário da Anistia Internacional no Brasil recebeu uma carta com ameaças escrita a mão. Os autores da carta se diziam adeptos do nazismo e faziam ameaças pessoais a ele. Também fizeram ameaças por telefone, incluindo recados no celular do funcionário da Anistia.

Os diretores da Anistia acreditam que o grupo escolheu Silva como alvo porque ele tinha exposição pública como um dos representantes da organização no Brasil e porque era o elo de contato com algumas minorias, incluindo homossexuais.

A Anistia Internacional chegou a fechar o escritório de São Paulo e transferir Eduardo para Porto Alegre, mas nem assim o grupo de neo-nazistas deixou de perseguir o funcionário da organização.

Durante todo esse tempo, a Anistia manteve contato com o Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância), mas os autores das cartas não foram identificados e Silva não recebeu proteção.

Preocupados com a situação, os diretores da Anistia enviaram uma carta ao ministro da Justiça, em 23 de junho, denunciando as ameaças contra Silva e a organização.

Em 7 de agosto, a Anistia voltou a avisar o ministro da Justiça. A resposta do Ministério foi que o caso já estava sendo tratado pelo Gradi, de São Paulo.

"É difícil entender como não conseguiram identificar os autores das ameaças, depois de tanto tempo e tendo cartas escritas a mão e gravações na secretária eletrônica do Eduardo", diz Javier, da Anistia Internacional, em Londres.

Clique aqui para ler mais notícias sobre as ameaças nazistas em São Paulo

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