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02/06/2004 - 08h09

Atirador do shopping já tinha cogitado ataque em 93

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GILMAR PENTEADO
da Folha de S.Paulo

O ex-estudante de medicina Mateus da Costa Meira, 29, disse ter sofrido vários surtos de agressividade antes de 3 de novembro de 1999, quando usou uma submetralhadora para matar três pessoas em uma sessão de cinema no MorumbiShopping (zona sul de São Paulo). Os outros alvos teriam sido espectadores de um cinema em Salvador (BA), seu pai e ele próprio.

Em 1993, Meira teria ido a uma sala de cinema em Salvador, onde morava com a família, com um bisturi. Ele não tinha sido incluído na primeira lista de aprovados no vestibular de medicina em São Paulo --só entrou na segunda-- e, de acordo com a juíza, Maria Cecília Leone, do 1º Tribunal do Júri, teria declarado na ocasião que "teve vontade de ferir ou matar".



"Por que o cinema?", questionou a juíza, na terça, primeiro dia de julgamento de Meira. Ele não soube responder o motivo nem como terminou o episódio, já que não há registro de agressão.

"Eu me sentia perseguido, ouvia vozes e sussurros. Começou na adolescência. De certa forma, queria me livrar dessas vozes", afirmou o ex-estudante.

Pai

Meira também disse à juíza que, em outra ocasião, deu um "murro" em seu pai --que teve três costelas quebradas--, mas não soube dizer o motivo. A declaração provocou agitação entre as cerca de 150 pessoas que assistiam ao julgamento, o que fez a juíza ameaçar esvaziar o plenário.

Em outro caso, ocorrido em 1995, afirmou que usou um bisturi para cortar o próprio punho durante discussão com o pai. Ele não soube dizer a razão.

Meira também não soube informar porque, em uma visita à família em Salvador, trocou, segundo relato da juíza, as fechaduras do apartamento para impedir que parentes entrassem.


R.Cavallari/Folha Imagem
Mateus Meira
Drogas

De calça social e camisa, algemado, calmo e dando respostas curtas, Meira admitiu que passou a consumir cocaína três meses antes do crime, mas que não havia usado drogas no dia das mortes.

Laudo psiquiátrico feito por técnicos nomeados pela Justiça afirma que Meira tem tendência ao isolamento e dificuldade de adaptação, mas que tem capacidade de entendimento de delito. O documento considerou o ex-estudante imputável (sujeito às punições do Código Penal) e que, por isso, pode ir a júri.

"O réu tentou mostrar que não tinha condições de saber o que estava fazendo, o que não é verdade. O seu concatenamento de idéias hoje mostrou que ele não é nenhum doente mental", afirmou o promotor de Justiça Norton Geraldo Rodrigues da Silva.

Defesa

A defesa de Meira diz que ele não tinha condições de entender o crime, pois estava sob tratamento psiquiátrico. Meira deixou uma clínica 15 dias antes do crime. "Ele não tinha nada a esconder. Contou a verdade até sob o risco de se prejudicar, como ocorreu com o caso da agressão ao pai que narrou", disse o advogado Antonio Sérgio Reis.

Meira é acusado de três homicídios, quatro tentativas de homicídio e de colocar em risco a vida de 15 pessoas --número de balas restantes na arma. O julgamento deve durar até quinta-feira.

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