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13/06/2004 - 06h41

Alcoolismo ameaça 50% dos usuários

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da Folha de S.Paulo

Entre os 25% de jovens de 14 a 19 anos das classes A e B que mantêm um padrão de consumo de álcool considerado de risco pela Organização Mundial de Saúde --como aponta pesquisa do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes--, metade é forte candidata ao alcoolismo, diz o psiquiatra Dartiu Xavier, autor do estudo.

Segundo a pesquisa, 15% desses jovens bebem moderadamente para padrões adultos, o que já compromete sua saúde. Outros 10% têm um consumo de álcool considerado pesado pela OMS, o que significa que implica danos irreversíveis ao organismo.

A pesquisa mostra ainda que 70% dos jovens com vida sexual ativa pesquisados usam preservativo de forma irregular e, mesmo assim, mais de 75% deles acha que não corre risco de contrair o vírus da Aids.

"Quando o jovem consome bebidas, perde mesmo a capacidade crítica. A negociação do uso de camisinha fica difícil, quando não há esquecimento mesmo", explica Ana Glória Melcop, da Rede Brasileira de Redução de Danos.

"Esses jovens se sentem distantes e protegidos da Aids por uma questão de classe e pela sociedade medicalizada", avalia a psicóloga, consultora em educação e colunista da Folha Rosely Sayão. Para ela, "é cada vez maior a arrogância desses jovens em relação à vida" e, por isso, eles assumem comportamentos de risco.

Para o psicanalista Contardo Calligaris, colunista da Folha, "correr riscos é algo próprio da adolescência". "Mas, em vez de arrancar os cabelos por considerar essa atitude imoral ou perigosa, o melhor seria constituir políticas de saúde baseadas em comportamentos estabelecidos", diz.

Até agora, o governo fez pouco para reverter o consumo de álcool entre jovens (leia texto abaixo).

Preocupações distorcidas

Os perigos desse uso abusivo da bebida, no entanto, não param por aí. O álcool é apontado por diversas pesquisas como a principal causa de acidentes de trânsito, que, por sua vez, estão entre as três principais causas de morte de jovens brasileiros de 15 a 24 anos.

Um levantamento feito em 2003 mostrou que 100% das pessoas que davam entrada no pronto-socorro de Paulínia nos finais de semana, após se envolverem em acidentes de trânsito, quedas ou brigas, estavam alcoolizadas.

"A preocupação dos pais e das escolas com as drogas ilícitas fez com que houvesse negligência em relação ao álcool e sua ligação com comportamentos de risco, acidentes e violência. Há até um estímulo da sociedade para o consumo de bebida", diz Melcop.

Basta ligar a TV ou olhar os outdoors para perceber que o público-alvo das campanhas da indústria do álcool é o jovem. "A publicidade de bebida bate pesado justamente nessa população. E a gente sabe que o adolescente é vulnerável a essa influência", afirma Xavier. "Existe uma crença generalizada de que o álcool é uma substância inócua porque é legal", diz. Xavier afirma ser muito procurado por pais preocupados com um filho que fuma um cigarro de maconha por mês enquanto outro filho bebe todos os dias sem que isso provoque alerta.

"Parei de beber"

Lucas, 17, estava acostumado a beber três vezes por semana desde os 14. "Parei", afirma. "Em uma semana entrei em duas roubadas", fiz. "Primeiro, bebi quase uma garrafa de vodca e, quando entrei na boate, estava tão 'breaco' que derrubei várias mesas e apanhei dos seguranças", conta.

"Depois, antes de entrar em um show de rock, tomei cinco garrafas de vinho com um cara que tinha conhecido pouco tempo atrás. Quando voltei a ter consciência, estava em Taipas [zona norte] só de meia, shorts e camiseta", lamenta. "Levaram tudo. E foi tudo culpa da bebida. Parei."

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