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25/07/2004
-
08h13
MARIANA VIVEIROS
da Folha de S.Paulo
A contínua degradação da qualidade da água retirada dos três principais sistemas de abastecimento público da Grande São Paulo --Cantareira, Guarapiranga e Alto Tietê-- chegou a mais que duplicar o custo do tratamento para deixá-la adequada e segura ao consumo doméstico (potável) nos últimos cinco anos.
Descontada a inflação do período, o aumento maior foi no Guarapiranga: 133%. Para tratar 1 milhão de litros de água, gastavam-se em 1998, em valores corrigidos, R$ 23,21; em 2003, o mesmo volume, limpo, custou R$ 54,03.
Mas os gastos também cresceram no Alto Tietê e até no sistema Cantareira. No primeiro, o aumento do custo para tratar 1 milhão de litros passou de R$ 29,24 para R$ 35,10 (20%); no segundo, o mesmo volume tratado ficou 27% mais caro (aumento de R$ 6,78 para R$ 8,59).
Juntos, os três sistemas abastecem 16 milhões de pessoas, quase 90% da população da região metropolitana.
Os números mostram o impacto da degradação ambiental no bolso. Se fica mais caro tratar a água, a água fica mais cara para o consumidor final.
Na composição da tarifa que cada um paga no fim do mês, só os custos com produtos químicos representam 2%.
Entre 1998 e 2003, o total de produtos usados para tratar 1 milhão de litros de água chegou a aumentar 51% no sistema Guarapiranga, que atende 4 milhões de moradores nas zonas sul e oeste.
No mesmo intervalo, o Alto Tietê consumiu 9% a mais de produtos para deixar a água potável para 3 milhões de pessoas.
Só no Cantareira a quantidade de produtos químicos praticamente se manteve porque o sistema ainda é o mais bem preservado em ocupação humana.
Além do aumento quantitativo nos produtos químicos, a poluição dos mananciais demanda processos de tratamento mais sofisticados tanto no Guarapiranga como no Alto Tietê, com substâncias mais caras, como o carvão ativado (para tirar gosto e cheiro) e o permanganato de potássio (para degradar matéria orgânica).
Por vez em que é usado, o carvão ativado representa um custo adicional de R$ 60 mil ao tratamento da água do Guarapiranga.
Isso ocorre quando há picos de concentração de esgoto, que serve de alimento para as algas produtoras das substâncias que dão gosto e cheiro à água. Em 2003, o sistema teve de lançar mão do produto em um a cada três dias.
Os dados oficiais da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), tabulados a pedido da Folha, explicitam a insuficiência da ação do poder público no controle de ocupações irregulares e do despejo de esgoto in natura nos mananciais.
Mostram, por exemplo, que os US$ 340 milhões (R$ 1 bilhão em valores atuais) gastos entre 1993 e 2000 no Programa Guarapiranga, o maior projeto de saneamento ambiental da Grande SP, tiveram um resultado aquém do esperado: não melhoraram a qualidade da água nem contiveram o adensamento populacional na região da represa Guarapiranga.
Segundo dados da Cetesb (agência ambiental paulista), o índice de qualidade de água da represa, de uma forma geral, caiu de ótimo em 1998 para bom em 2003. A concentração de fósforo (o principal indicador de presença de esgoto) em 2003 foi quase o dobro da média registrada entre 1993 e 2002 em um dos pontos de medição no reservatório.
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da Folha de S.Paulo
A contínua degradação da qualidade da água retirada dos três principais sistemas de abastecimento público da Grande São Paulo --Cantareira, Guarapiranga e Alto Tietê-- chegou a mais que duplicar o custo do tratamento para deixá-la adequada e segura ao consumo doméstico (potável) nos últimos cinco anos.
Descontada a inflação do período, o aumento maior foi no Guarapiranga: 133%. Para tratar 1 milhão de litros de água, gastavam-se em 1998, em valores corrigidos, R$ 23,21; em 2003, o mesmo volume, limpo, custou R$ 54,03.
Mas os gastos também cresceram no Alto Tietê e até no sistema Cantareira. No primeiro, o aumento do custo para tratar 1 milhão de litros passou de R$ 29,24 para R$ 35,10 (20%); no segundo, o mesmo volume tratado ficou 27% mais caro (aumento de R$ 6,78 para R$ 8,59).
Juntos, os três sistemas abastecem 16 milhões de pessoas, quase 90% da população da região metropolitana.
Os números mostram o impacto da degradação ambiental no bolso. Se fica mais caro tratar a água, a água fica mais cara para o consumidor final.
Na composição da tarifa que cada um paga no fim do mês, só os custos com produtos químicos representam 2%.
Entre 1998 e 2003, o total de produtos usados para tratar 1 milhão de litros de água chegou a aumentar 51% no sistema Guarapiranga, que atende 4 milhões de moradores nas zonas sul e oeste.
No mesmo intervalo, o Alto Tietê consumiu 9% a mais de produtos para deixar a água potável para 3 milhões de pessoas.
Só no Cantareira a quantidade de produtos químicos praticamente se manteve porque o sistema ainda é o mais bem preservado em ocupação humana.
Além do aumento quantitativo nos produtos químicos, a poluição dos mananciais demanda processos de tratamento mais sofisticados tanto no Guarapiranga como no Alto Tietê, com substâncias mais caras, como o carvão ativado (para tirar gosto e cheiro) e o permanganato de potássio (para degradar matéria orgânica).
Por vez em que é usado, o carvão ativado representa um custo adicional de R$ 60 mil ao tratamento da água do Guarapiranga.
Isso ocorre quando há picos de concentração de esgoto, que serve de alimento para as algas produtoras das substâncias que dão gosto e cheiro à água. Em 2003, o sistema teve de lançar mão do produto em um a cada três dias.
Os dados oficiais da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), tabulados a pedido da Folha, explicitam a insuficiência da ação do poder público no controle de ocupações irregulares e do despejo de esgoto in natura nos mananciais.
Mostram, por exemplo, que os US$ 340 milhões (R$ 1 bilhão em valores atuais) gastos entre 1993 e 2000 no Programa Guarapiranga, o maior projeto de saneamento ambiental da Grande SP, tiveram um resultado aquém do esperado: não melhoraram a qualidade da água nem contiveram o adensamento populacional na região da represa Guarapiranga.
Segundo dados da Cetesb (agência ambiental paulista), o índice de qualidade de água da represa, de uma forma geral, caiu de ótimo em 1998 para bom em 2003. A concentração de fósforo (o principal indicador de presença de esgoto) em 2003 foi quase o dobro da média registrada entre 1993 e 2002 em um dos pontos de medição no reservatório.
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